Arquivo para dezembro, 2012
Os filósofos, o Amor e o Advento
Os filósofos gregos conceberam três maneiras distintas de entender a existência, cada pessoa responde com uma destas três questões: sentindo, conhecendo e amando.
Sobre a existência escreveu Martin Heidegger nas suas notas de aula sobre as Confissões de Santo Agostinho: “Cum inhaesero tibi ex omni me (…) et viva erit vita mea” [quando estiver unido a ti por todo o meu ser (…) e viva será a minha vida] (Agostinho, Confissões, X, 28). “Minha vida é a vida autêntica (eigentliches Leben), eu existo (…). O existir significa viver radicalmente na possibilidade” (Heidegger, Estudos sobre a mística medieval, p. 106).
No sentimento resistirá sempre um dualismo, que poderá romper-se em dualidade, oposição fatal que criam no interior do homem “uma crise existencial”, falta de sentido da vida e outras coisas.
O dual é a oposição de sentidos, como o paladar que sente mais um doce se a língua estiver amarga, mas ela já estiver doce, não sentimos a “doçura” do alimento.
Já a possibilidade do conhecimento e podemos dizer a necessidade de informação no homem vai depender justamente do oposto ao sentimento, compreende-se algo quando se reconhece uma semelhança nas coisas que vem a nossa lembrança e o que nos aparece como algo novo não é por nós “conhecido” e isto é essencial para entendermos o Amor, por que ele tem características além do sentimento e do conhecimento, ele é exatamente um “advento”, algo existencial que vem !
Neste sentido do Amor, aqui com A maiúsculo para lembrar o Ágape, diferindo dos sentimentos de afetividade, sexualidade ou até mesmo repulsa, há quem veja nisto Amor, mas algo tão nobre que poetas, artífices dos sentimentos, e pensadores, artífices do conhecimento, não ignoram-no.
Sobre ele escreveram muitos filósofos e artistas em geral, mas destaco Agostinho, Kierkegaard, Heidegger e Hannah Arendt.
O advento é o Amor que vem como Sujeito, poristo está composto de sentimento, cognição (Sabedoria) e Amor, mas é insólito, por que é essencialmente Amor.
HEIDEGGER, M. Estudios sobre mística medieval (Phänomenologie des Religiösen Lebens). Tradução de Jacobo Muños. México: Fondo de Cultura Ecónomica, 1997.
Complexidade, os sujeitos e a tecnologia
Desde o século XVII, foi a metáfora mecanicista tem sido dominante para o entendimento da natureza, da sociedade e das organizações, incluindo as maioria das religiões.
O marco desta visão de mundo predominante, sem o saber foi o racionalismo científico, que concebeu a realidade objet iva, a natureza e até mesmo o homem, como governado por leis físicas e objetivas segundo uma lógica mecânica, na qual as vezes até o “amor” se insere.
Mas a natureza (physis) e a subjetividade humana (meta-physis) são mais complexas do que parecem, primeiro foi possível perceber isto na natureza e no cosmo (physis) agora aos poucos começa-se a entender também isto presente num valor inerente ao homem: o Amor.
Um grande escritor da complexidade esclarece: “O que é a complexidade? À primeira vista, é um fenómeno quantitativo, a extrema quantidade de interacções e interferências entre um número muito grande de unidades” (Morin, pgs. 51 e 52), e mais a frente completa: “… a complexidade num sentido tem sempre contato com o acaso” (pg. 52).
Retorna apropriadamente a questão do Sujeito/Objeto, como é impossível eliminar o Sujeito na vida real, diz Morin: “banido da ciência, o sujeito desforra-se na moral, na metafísica, na ideológica. Ideologicamente, é o suporte do humanismo, religião do homem considerado como sujeito reinante ou defendo reinar o mundo dos objetos (para possuir, manipular, transformar) (pag. 59).
Explica Morin a dicotomia sujeito/objeto: “À eliminação positivista do sujeito, responde, no outro pólo, a eliminação metafísica do objeto; o mundo objetivo dissolve-se no sujeito que o pensa” (Morin, pg. 60).
Nisto consiste a crítica à tecnologia, responder aos seus objetos metafisicamente como se fossem sujeitos, ora um celular ou um computador é só uma physis complexa, não um “ser”.
Morin, E. Introdução a complexidade, Lisboa: Instituto Piaget, 2008.
IBGE mostra microempresas na internet
Os dados são de 2010 mas publicados só agora, segundo o IBGE, 25,6% já fazem vendas através da Internet, a maioria usando e-mail (23,6%).
Os números da pesquisa “”Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Empresas 2010”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas empresas brasileiras, foram divulgadas somente nesta quinta-feira.
Outro número interessante, é que 26,3% destas microempresas, aquelas contam com até nove empregados, restrigem o acesso aos sites sem citar que tipo de sites tem o acesso restrito na empresa.
Já nas grandes empresas este número chega a 92,6%. e de acordo com as notas técnicas da pesquisa, a preocupação com a segurança aumenta de acordo com o porte da empresa, mas a limitação ao acesso diminui.
A reciprocidade, o Mana e o passo antropológico
Mauss foi criticado por que valorizou muito o seu mana, ele percebeu que a matriz do laço entre as almas, o mana, se encontrava na obrigação de retribuir, na obrigação de reciprocidade.
Mas a crítica que se pode fazer a Mauss é justamente que se limitou apenas à reciprocidade das dádivas e isto não o conduziu a uma teoria da reciprocidade que levasse a aspectos práticos.
Ora mas existe a reciprocidade entre indivíduos isolados, como mafiosos e corruptos, e também em comunidades fechadas, mas isto é troca.
O mana expressaria o sentido dado ao homem ou criado pelo homem quando entra numa relação recíproca:
“O mana é o valor da reciprocidade, um Terceiro entre os homens, que não está ainda aqui, mas para nascer, um fruto, um filho, o Verbo que circula (a Palavra), que dá a cada um seu nome de ser humano, e a sua razão ao universo” (Mauss, 2003, p. 15).
Mas estudos seguintes, de Temple e Chaba (1995), por exemplo, mostram que há algo além do Mana do Ensaio… de Mauss, estes autores mostram que há um crescimento da consciência de ser, não apenas a consciência de que terá autoridade e de fama o doador.
Dar não é mais oferecer algo de si, mas adquirir esse “si”, não se trata só ao doador de constituir seu nome, sua fama, seu “renome” (Mauss, 2003, p. 258), mas algo além, nesse sentido:
“… a materialidade e a espiritualidade não estão mais ligadas a um estatuto comum de objeto, são opostas mediante dois estatutos, conjugados por uma relação de contradição: o espiritual aparece adquirido pelo doador, enquanto o material é adquirido pelo donatário. O uso da noção de troca não é mais necessário” (Temple e Chabal, 1995, p. 26).
Podemos entender a partir de Mauss, o que significa superar a relação sujeito-objeto de modo muito direto e claro:
“Mas, por ora, é nítido que, em direito Maori, o vínculo de direito, vínculo pelas coisas, é um vínculo de almas, pois a própria coisa tem uma alma, é alma. Donde resulta que apresentar alguma coisa a alguém é apresentar algo de si” (Mauss, 2003, p. 200).
Eis o passo antropológico, sem o fetiche da “troca” a relação de coisas entre seres é também uma relação entre os seres, podemos fazer de qualquer coisa um “mana” e isto por ser apenas estar na presença o outro, “puro mana”.
Habermas: entre o iluminismo e a esfera-pública
As questões de esfera-pública de Habermas estão ligadas à ideia que é possível pensar graças a evolução tecno-social em novas estruturas.
Habermas (1995) ao estudar Kant, no seu livro “O que é o iluminismo”, destacou o que Kant entendia pelo que era então o uso público:
“por uso público da própria razão entendo aquele que qualquer um, enquanto erudito, dela faz perante o grande público do mundo letrado. Chamo uso privado àquele que alguém pode fazer da sua razão num certo cargo público ou função a ele confiado (Kant, 1784: 13).
Será o uso desta noção kantiana de uso público da razão (veja a questão do Outro no post anterior) que é feita por indivíduos privados onde Habermas viu o que era pensado como esfera pública burguesa dos séculos XVIII e XIX.
Habermas está preocupado, ainda que faça uma crítica a Hegel com as questões do estado, orienta-se não num dilema, mas num “trilema” da razão moderna que o conduz a reconstrução da filosofia do direito contemporâneo, mas rejeita tanto uma antropologia filosófica, como uma crítica da razão à la Nietszche,
Ao adotar sua teoria da ação comunicativa, substitui tanto a razão prática (kantiana) como a teleologia positivista “dos direitos individuais” por uma razão comunicativa definida assim:
A razão comunicativa, importante neste tempo de novas mídias, difere da razão prática antes de mais por já não estar ligada ao ator individual ou a um sujeito coletivo como o estado ou toda a sociedade (Habermas, 1992: 3).
Se por um lado Habermas critica as formas de organização do estado, ao criticar Luhmann, por exemplo, de incorrer numa “fraqueza metodológica de um funcionalismo sistémico absolutizado” (Habermas, 1986b: 312), busca ainda salvar um estado que ele julga “ter em conta os efeitos laterais patológicos de uma estrutura de classes que não podem ser compreendidos apenas por recurso a uma teoria da ação” (Habermas, 1986: 303).
Mas o problema é ainda como fica a pessoa comum em todas estas coisas, agora que esta pessoa tem mecanismos (mídias) para dar visibilidade ao seu pensamento, não sem referência ao Outro, mas justamente compartilhando e colaborando com ele.
Kant, I. A Paz Perpétua e Outros Opúsculos, Lisboa, Edições 70, 1784 (1992).
Habermas, J. Between Facts and Norms: Contributions to a Discourse Theory of Law and Democracy, Cambridge, Polity Press, 1992.
Habermas, J. The Theory of Communicative Action: Reason and the Rationalization of Society, (vol. 2), Cambridge: Polity Press, 1986.
Empresa inaugura uso de hologramas em shows
Imagens do falecido rapper Tupac Shakur foram vistas em um festival em abril deste ano num festival em Coachella (California, EUA), conforme o video do site The Hollywood Gossip.
Tupac é para muitos o maior rapper americano, filhos de pais ativistas dos panteras negras, e cantor de músicas de “protesto”, na noite de 7 de setembro de 1996 foi atingido por quatros tiros em um tiroteio, dentro do carro de Suge Knight (um diretor executivo da Death Row Records, que o havia retirado de uma prisão anos antes) e faleceu com apenas 25 anos de idade.
A maioria das canções de Tupac tratam sobre a vida no meio da violência e da miséria nos guetos, o racismo, os problemas da sociedade e conflitos com os outros rappers.
Segundo o Wall Street Journal, a tecnologia não é tão complicada, com imagens de um arquivo as imagens de um show em abril deste ano em Coachella (California, EUA) não eram imagens de arquivo, mas uma imagem sintética criada em computador e projetada com o auxílio da reflexão
O rosto do outro, o poder e Jesus
Esta é a preocupação e Lévinas, que aproxima-se muito de Buber, mas com conceitos e formulação próprias, uma delas é o rosto do Outro
A antropologia filosófica de Lévinas pode ter como chave de leitura uma crítica radical ao “cogito” de Descartes, contra o qual afirma a primazia do outro como uma verdade fundamental do homem e como lugar das dimensões metafísicas e religiosas, afirmando que “metafísica é ética”, e sem ela não encontraremos relações mais fraternas entre os homens.
Uma sentença de Lévinas é fundamental: encontrar-se cara a cara com seu próximo é encontrar-se perante Deus, que exige ser reconhecido na exigência de reconhecimento objetivo do outro: “A dimensão divina abre-se a partir do rosto do outro” (Lévinas).
Isto é importante também porque “religa” religião e racionalismo humano, reunifica physis (natureza) e meta-physis (além do natural, o divino), razão e fé podem neste terreno conviver sem ser escândalo uma para a outra pessoa.
Lévinas desvenda o que é o poder sobre o outro dentre do racionalismo: “A razão que reduz o outro é uma apropriação e um poder”.
Neste sentido ultrapassa Heidegger, onde o Dasein é ainda a medida que conserva uma “estrutura do Eu”, a concepção do “morrer por um outro” de Lévinas rompe com a ontologia tradicional, e abre a possibilidade da compreensão da compreensão da vida de Jesus.
Alguém capaz de “dar a vida” é a compreensão suprema do Amor, só assim de perde todo o poder e domínio sobre qualquer outro, e pode ser puro Amor.
LÉVINAS, Emmanuel. Humanismo do Outro Homem. Petrópolis: Vozes, 1993.
Megaupload tenta renascer em 2013
Justamente na data de aniversário da invasão da casa de Kim DotCom, que foi em janeiro deste ano, DotCom o proprietário da Mega informou a Reuters que vai relançar o site que ficou famoso pelas hospedagem de filmes e músicas piratas, além de outras mídias.
Para o novo serviço vão usar um domínio interessante que será no Gabão, como a sigla de domínio lá é Ga, vai ficar interessante: Me.Ga, o site diz: “Nós prometemos, Nós entregamos” (WE PROMISSE, WE DELIVER).
Segundo DotCom o novo serviço “A Mega novos não serão ameaçados por promotores norte-americanos,” disse em entrevista à Reuters, acrescentando que o mega está confiante que vai evitar violar a lei dos EUA.
Antropologia, presentes e Natal
A antropologia de Marcel Mauss, herdeiro filosófico e sobrinho da filosofia de Durkhein, estuda profundamente a teoria antropológica da “dádiva” (dom ou presente, mas fico com o original em francês ‘don’) sobre as trocas gratuitas, típicas do Natal, mas que existem em muitas outras realidades humanas.
Mauss, ao cunhar o termo não deixou desconhecido um tema que para nós é muito importante, a relação objeto e sujeito, dentro da tradição histórica, como nos nossos posts anteriores, estudando tribos de ameríndios, observou:
O prestígio nasce da dádiva e relaciona-se àquele que toma a iniciativa: ao doador, para constituir seu próprio nome, sua fama, o valor de ‘renome’ (Mauss, 2003, p. 258).
Mas isto tem sim ligação com o Natal e com espiritualidade, mas relembra o autor o problema de nosso tempo que separa sujeito e objetos, materialidade e espiritualidade:
[…] a materialidade e a espiritualidade não estão mais ligadas a um estatuto comum de objeto, são opostas mediante dois estatutos, conjugados por uma relação de contradição: o espiritual aparece adquirido pelo doador, enquanto o material é adquirido pelo donatário. (Temple e Chabal, 1995, p. 26)
Inúmeras são as pessoas que são tomadas por esta forma profundamente humana e esquecida pela sociedade atual, que lembra só a materialidade, o econômico, em uma palavra: o dinheiro.
Mas o ‘don’, o presente, o sentimento e a generosidade humana estão aí presentes, e convenhamos é bom dar e ganhar, aliás Jesus também ganhou presentes.
TEMPLE, Dominique & CHABAL, Mireille. La réciprocité et la naissance des valeurs humaines. L’Harmattan: Paris, 1995.
MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. Cosac e Naify: São Paulo,2003.
Com novo aplicativo, Google+ amplia sua rede
O Google comprou em setembro do ano passado o aplicativo Snaapseed que foi adicionado ao Google Play, mas que só estava disponível na App Store, agora já está incorporado ao Google+.
Com a chegada ao Google Play, agora ele está disponível tanto para iPad/iPhone como para Androids com a adição de filtros as aplicações parecido aos efeitos do Instagram.
Mas na verdade é bem mais flexível que os efeitos fixos do Instagram, pode-se dosar a ação dos filtros, personalizar os efeitos e fazer ajustes em áreas específicas da imagem, por exemplo, é possível clarear só essa região.
Recursos simples tais como cortar e girar imagens e funções de compartilhamento via e-mail ou nas redes: Facebook, Twitter e no Google+.
A tentativa é de criar comunidades parecidas ao Facebook, que os analistas entretando acham mais parecidas ao Orkut.