Arquivo para janeiro 13th, 2014
A mundialização da cultura
O desenvolvimento de uma cultura mundial e também a sua contracorrente é observado pelos autores Edgar Morin e Anne B. Kern para apontarem que ao mesmo tempo em que o mundo caminha para uma maior unidade, também a diversidade reage e procura dar subsistência às culturas.
Embora o “consumo, a alimentação (fast-food), a viagem, o turismo” e também: as “comunicações multiplicam-se entre adolescentes, portadores das mesmas aspirações, da mesma cultura cosmopolita, dos mesmos códigos” em contrapartida, engenheiros, cientistas e homens de negócios circulam por redes internacionais de relações, colóquios congressos e seminários, mas deve dizer-se também que as contracorrentes que sacralizam a nação e a etnia restabelecem os tabiques e as rejeições. Também neste caso, o processo comporta uma profunda ambivalência” (pag. 35 do livro Terra-Pátria destes autores).
E esta ambivalência é apontada pelos autores como tendo dois aspectos antagônicos: “1) homogeneização, degradação, perda das diversidades; 2) encontros, novas sínteses e novas diversidades” (pag. 36), mas havendo a compreensão neste multiculturalismo a longo prazo significa que será possível harmonizarem-se numa “unidade na diversidade”.
É assim que segue o texto: “quando se trata de arte, música, literatura, pensamento, a mundialização cultural não é homogeneizante … assim foi a Europa com o Classicismo, as Luzes, o Romantismo, o realismo e o Surrealismo” (pág. 36), agora o século XX assiste à mundialização deste processo cultural. As traduções multiplicam-se. Os romances japoneses, latino-americanos e africanos são publicados nas grandes línguas europeias e os romances europeus são publicados na Ásia e nas Américas”. (pag. 36)
“Paralelamente, as culturas orientais suscitam no Ocidente diversas curiosidades e interrogações … já traduzira Avesta e Upanishads: no século XVIII, Confúcio e Lao Tse objetos de estudos eruditos” (pag. 36) … “Surge então uma procura para a qual ocorrem as formas vulgarizadas e comercializadas do ioga e do zen, que prometem harmonia do corpo e da alma” (pag. 37), enquanto isso se formava um “folclore planetário” como chamam os autores.
Ao mesmo tempo em que o cinema americano propagava pelo folclore mundial os filmes de western, a comédia musical, o desenho animado de Walt Disney, cresceram co-produções de diferentes nacionalidades como Leopardo de Visconti ou Ran de Kurosawa, citados no livro.
Finalizam esse tópico observando que a mundialização cultural é inseparável do desenvolvimento mundial das redes midiáticas e da difusão mundial dos meios de reprodução (vídeos, discos compactos) são citados já que o livro é do ano 2000, mas agora podemos acrescentar Blu-rays, pendrives, smartphones e o compartilhamento em nuvens.