Arquivo para novembro, 2015
Passarinhos na rede eBird
O site eBird já existe a algum tempo, e no Brasil foi lançado em setembro deste ano sendo administrado por diversos colaboradores que incluem a SAVE Brasil, o Observatório de Aves do Instituto Butantan e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
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O eBird Brasil é o portal regional do eBird para “birders” de todo o Brasil, você pode se cadastrar no site e fazer parte desta iniciativa ou participar das iniciativas mais próximos de onde mora, por exemplo, em São Paulo o Instituto Butantan da USP realiza o passarinhando.
Um dos objetivos além de admirar as aves e ajudar a preservar os meios ecológicos em que elas vivem e traçar rotas e localizações das aves, no site ebird existe um help para isto.
A ferramenta de mapeamento é ótima para isto traça locais específicos e pode-se usar os dados já existente, olhando o mapa encontra vários marcados, onde os vermelhos são chamados de “Hotspots”.
O termo “hotspot” pode parecer que ele amplia o conceito de local para passarinhar, mas na verdade isso é um equívoco, são apenas lugares de marcação onde encontram-se passarinhos, enquanto os locais em azul são os seus locais, quando desejar repetir ou explorar novos.
Assim os Hotspots eBird são locais públicos compartilhados por toda a comunidade de observadores de aves, para a entrada e saída de dados. O termo “hotspot” pode implicar que ele tem que ser um ótimo local para passarinhar, assim por crowdsourcing os pessoas vão marcando locais “mais frequentados” pelos passarinhos.
Não use os conceitos de cidades, estradas e ruas, felizmente os passarinhos não respeitam isto, por isto um “sub-local” sempre é possível de ser colocado como um hopspot.
Como viver em tempo de crise
Não se trata da crise econômica, ela é só a parte mais sensível de toda uma crise sistêmica que envolve a cultura, os processos civilizatórios, a compreensão correta do uso da tecnologia, e sobretudo e principalmente que é o Ser que somos.
O livro escrito por Edgar Morin e Patrick Viveret, filósofo e que foi conselheiro do Tribunal de Contas do governo Jospin numa missão importante que era a de redefinir o que são de fato os indicadores de riqueza.
Viveret é autoridade nisto porque escreveu Réconsidérer la Richesse (Éditions de l’Aube) e de Pourquoi ça ne vas pas plus mal? (Fayard), mas a parceria com Morin torna este discurso de fato apreciável para o momento que vivemos no planeta.
Justamente no momento que tudo parece concorrer a catástrofe, talvez esta seja apenas uma visão superficial de um mundo em mudança e com muitas oportunidades interessantes.
Devemos estar prontos para acolher o improvável, e isto só pode acontecer com aqueles que estão atentos à utilização positiva desta crise, como uma nova oportunidade para uma nova relação com o poder democrático, com a riqueza monetária, mas principalmente com o que pode dar sentido à tudo o que estamos vivendo e presenciando.
Uma Europa também árabe e negra, uma América que acolha e modifique a vida dos pobres, sem corrupção, ditaduras e polarizações ideológicas, tudo isto parece improvável, mas …
O que Morin e Viveret negam são os modelos convencionais, as polarizações já vencidas e os raciocínios simplistas … o improvável poderá acontecer: um novo tempo.
Ciência Aberta e Redes Sociais
Open science (OpenCon Event) refers to a new trend in scientific practice, which from the development and support of digital culture, provides information and data in open access in the opposite way the closed research groups and laboratories.
In this context, peer review, as the Peerage of Science, the arXiv and the PLoS confirm this trend that emerges now also on social networks.
An example of the use of social networks was the study of antimalarial American researcher Jean-Claude Bradley and his students.
They share information about everything that produce the research at Drexel University in Philadelphia, whose goal is to develop useful organic compounds for the prevention or cure of the disease that kills more than 1 million people a year worldwide.
Bradley used the model of “wikis” to develop data sharing in social networks, and was in the wake of this research was born CreativeCommons – founded in 2001 in the United States, aimed at increasing the sharing and use of knowledge through licenses that release copyright (all rights reserved) in exclusive areas to discuss science.
The USP performs these days the meeting of Open Science, with several workshops, lectures and a round table to enlarge this horizon in the country move to incorporate the international initiative called OpenCon.
Registration is free, with workshops at ECA, CCSL in mathematics from USP and GaroaHacker Club.
Nature e a cura do câncer
A polêmica social após uma ordem judicial que obriga a USP a fornecer um remédio milagroso para a cura do câncer, a fosfoetanolamina, que a USP contestou e ganhou na justiça, agora chega a prestigiosa revista científica Nature, que defende a posição da USP.
A última edição da revista traz além de um artigo, a reconstituição do caminho da substância, desde sua elaboração e uma alegada eficácia, os testes ainda inconclusos, até sua distribuição não oficial e porque a justiça brasileira resolveu intervir para limitar sua circulação, devido aos testes clínicos que são necessários para sua distribuição.
O composto, demonstrado que mataria células tumorais apenas em testes de laboratório e em ratinhos (Ferreira et ai AK Anticancer Res 32, 95-104;.. 2012).
Drogas que parecem promissores em estudos de laboratório e em animais têm um notoriamente elevada taxa de insucesso em testes em humanos.
Apesar disso, alguns químicos no campus da Universidade de São Paulo em São Carlos ter fabricado composto por anos e distribuiu às pessoas com câncer.
Alguns desses pacientes têm reclamado recuperações notáveis, perpetuando a reputação do composto como uma cura milagrosa, mas científicamente isto não é comprovoado.
A revista Nature em editorial, defendeu a posição da USP.
Hiper-realismo e fundamentalismo
Em tempos de discussão sobre o fundamentalismo religioso e as questões da ética que podem atingir a bioética é fundamental uma exposição que se realiza em São Paulo, a exposição de Patrícia Piccinini que desde o dia 12 de novembro se realiza no Centro Cultural Banco do Brasil.
Me choquei ao ver uma leitura fundamentalistas da obra, que afirmava seria uma crítica a genética ou as novas tecnologias, mas isto é apenas uma má leitura sobre a Obra e a vida da autora australiana.
As figuras feitas em tons realísticos (tem pelos e pele), como a de um babuína com uma criança, vem da história da relação de um bebê raptado por macaca que sofrendo com a perda de sua cria resolve substituí-la pela criança.
Primeiro há um lado além do antropológico, segundo Patrícia, é uma forma de enfatizar o lado animal (não o animalesco, entendam) dos humanos e debater as consequências da modificação da natureza e da interação que dela resulta.
Mas isto não quer dizer apenas uma crítica a mutação, a artista hoje com 50 anos, cresceu vendo o câncer da mãe ir evoluindo até a morte dela em 1992, conta que sonhava que a ciência pudesse ajuda-la com a cura, dizer com todas as letras: “Não me importo se a medicina é natural ou se usa órgãos de porcos, por exemplo. Só quero que funcione”, afirmou.
O verdadeiro sentido do hiper-realismo de Patrícia Piccinini além da obra de arte que já é em si um sentido, possui contornos pós antropológicos e ultracientíficos.
Participação popular afetada na COP21
Coincidência ou não, a participação popular na COP21 já está afetada pelos atentados da última sexta-feira 13/11 na França.
Paris mais a participação da sociedade civil que seria histórica conferência internacional sobre as mudanças climáticas, que começa no final deste mês, na capital francesa.
Com as medidas de segurança que a França vem tomando, a Marcha Mundial e outras atividades programadas dos movimentos sociais que foram previstas para a ocasião, talvez sejam limitadas, imobilizadas ou até mesmo proibidas.
A 21ª Conferência do Clima (COP21), que acontecerá entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro, previa a adoção de um tratado vinculante histórico sobre as emissões de gases, e contará com a presença de quase uma centena de chefes de governo e de Estado.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, destacou a importância que a COP21 terá para frear o impacto das mudanças climáticas em todo o mundo, e em particular no hemisfério sul: “Esperamos que exista a maior cobertura e a maior participação possível da sociedade civil na COP21”, declarou o porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq.
Sem a participação popular e apresentação de uma agenda realmente avançada será que podemos esperar posições mais avançadas ?
A ética e a estética
Nesta quinta feira (19) o Conselho de Ética da Câmara que poderia decidir o impeachment de Cunha, não deve chegar a lugar nenhum, porque três deputados do PT não aparecerão, e apesar de Fausto Pinato (PRB-SP) encaminhar o processo, um “acordo” protelará o processo.
A mentira pública, de que os corruptos serão punidos, aliás há mais de 100 além de Cunha, não se cumprirá, talvez em alguns casos “selecionados” politicamente, mas tudo vai cair num grande imbróglio, e isto não é apenas um problema ético, é estético: é muito feio.
Feio porque o “vazamento seletivo” e isto é uma pequena parte da verdade, porque outros foram escondidos, dos dados escandaliza a opinião pública e ofende a estética do cidadão.
A defesa do peemedebista está protocolada, os advogados de Cunha chamam de “factoide político” e para surpresa geral da nação, este será o início da farta pizzada nacional.
Os outrora defensores da ética pública cometem os maiores descalabros políticos, tudo em nome da governabilidade, mas o essencial que é resolver o problema econômico, metem mais e mais a mão no bolso do contribuinte acelerando o processo de inflação.
É tudo feio, bizarro, confunde o senso comum que fica com a impressão de uma grande obra de péssimo gosto sendo elaborada, se Victor Hugo disse que o belo salvaria o mundo, podemos dizer que o feio destrói parte da alma política brasileira, mas não a do bom cidadão.
A bolha brasileira das “casas Bahia”
As casas Bahia são conhecidas por ser a loja de eletrodomésticos mais procurada pelas classes C e D, e junto com o Ponto Frio representam grande boa destas vendas no Brasil, hoje além da redução das vendas também contabiliza um grande número de inadimplentes, e estas empresas anunciaram a redução de seu número de lojas.
O governo e setores de apoio pedem otimismo, mas os números contestam isto, há uma clara recessão que ameaça ser mais profunda ainda se o governo se mantiver imobilizado.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), foi um índice criado poelo governo e calculado pelo Banco Central para tentar fazer uma “prévia” do PIB, e o calculo para o terceiro trimestre do ano é de queda 1,41% o, em comparação com os três meses anteriores.
O cálculo é inferior a queda de mais de 2,0 no trimestre anterior, mas é preciso que saiba que o calculo é feito após ajuste sazonal (desconto das variações típicas de cada época do ano), e o terceiro semestre é sempre mais aquecido pelas vendas de natal, parece que este ano não.
A bolha americana foi a dos imóveis, um grande número de pessoas saiu comprando casas médias e de luxo num sistema de hipotecas, mas o calote grande criou uma bolha que botou a economia americana numa forte crise.
No Brasil esta bolha parece estar se deslocando para as compras de eletrodomésticos e carros, pessoas estão endividadas e não conseguem saldar seus compromissos, estimuladas que foram por crédito fácil, quem não se lembra do “gastem, gastem mesmo” de certo governo.
Os números do serviço de proteção ao crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional dos Lojistas dão contam que já são 55,3 milhões de pessoas inadimplentes, é quase metade dos consumidores, o que é evidentemente uma “bolha” que vai ter efeito na economia.
Ser otimista numa realidade destas é uma inconsequência ainda maior, é hora de economizar.
Um mar de lama atravessa Minas
O governo rebate as críticas de negligência, mas a barragem da Samarco que derramou no centro do país um “mar de lama” pode acontecer na própria região novamente ou em 138 outras barragens do país, que ainda usa métodos primitivos de barragens.
Segundo relatório da ANA (Agência Nacional de Águas), datado de 30 de setembro de 2014, só a Bahia tem 33 barragens em categoria de risco alto.
Ao passar de helicóptero pela região atingida pelo “mar de lama”, feito uma semana após o rompimento das barragens, a presidente disse ter enviado o ministro da Integração Nacional e o Secretário Nacional de Defesa Civil à região no primeiro dia, mas nada foi feito.
O mar de lama já chegou às regiões populosas de Governador Valadares e Colatina (ES), e o abastecimento de água está comprometido, a região é muito grande para ser abastecida apenas por caminhões pipas.
Em reportagem de um programa televisivo no domingo (15/10) foram mostradas fissuras na outra barragem da empresa mineradora Samarco, e também foi mostrado como são precariamente monitoradas outras 700 barragens que existem no país.
No estado de São Paulo, há um risco parecido ao de Mariana no município de Aluminio, próximo a Sorocaba, o município de Alumínio, tem uma barragem localizada atrás de um gigantesco paredão de rochas, nas proximidades da Vila Fepasa, a barragem de rejeito de mineração da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), pertencente ao Grupo Votorantim.
A barragem de Palmital, que a Votorantim Metais armazena a lama vermelha resíduo gerado da conversão da bauxita em óxido de alumínio (alumina), pode romper devido ao uso intensivo de soda caustica na separação de componentes.
Questão geopolítica e religiosa
O ocidente pouco ou quase nada entende do que acontece no mundo árabe e muçulmano, por isto somado ao preconceito e a intolerância, o radicalismo tende a crescer.
Os muçulmanos, da mesma forma que os cristãos, budistas e as centenas de religiões indianas, e muitas outras, não são uma uniformidade, e também a visão política e geopolítica se diferenciam, um exemplo disto é a indiferença ocidental em relação aos curdos, que lutam ao norte da Turquia e do próprio estado islâmico por sua sobrevivência.
O estado Islâmico cresceu durante a Guerra Civil da Síria, através das denúncias contra o ditador Bashar al Assad que é “tolerado” pelo ocidente e “aliado” da Rússia, agora com os ataques em Paris, isto pode mudar, porque pode todo ocidente se alinhar ao ditador Sírio.
No auge da Guerra do Iraque, os antecessores do Estado islâmico que também lutavam contra Saddam Hussein que pertencia aos sunitas, estavam nas províncias iraquianas de Al Anbar, Ninawa, Kirkuk e a maior parte de Salah-ad-Din e regiões de Babil, Divala e a própria Bagdá, e já tinham declarado Baguba como sua capital, durante a guerra da Síria expandiram para Ar-Raggah, Idlib e Alleppo.
São os próprios islâmicos os que mais sofrem com o Estado Islâmico, estupros e açoites são práticas comuns para dominar as denominações islâmicas mais tolerantes e abertas, e isto cresce na medida que o território e as forças bélicas do estado Islâmico avançam.
A intolerância política e religiosa que impomos ao mundo muçulmano é o fermento que faz o radicalismo avançar, o recrutamento de jovens e a crueldade dos soldados aumentarem.
Os curdos, descendentes dos antigos Medos e, portanto, são o povo “originário” aquela área durante milênios, com uma população de quase 40 milhões, é ignorada pelo ocidente, rechaçado pela Turquia e Síria, e os únicos que fazem ataques por terra ao Estado Islâmico, uma vez que o Iraque possui um exército desarticulado e a Síria tem seu território dividido.
Uma posição clara pelo direito de sobrevivência e de território de todos os povos, incluindo aqueles que hoje estão obrigados a serem nômades seria um bom começo de “diálogo”.