Arquivo para janeiro, 2016
Artista chinês protesta por refugiados
A polêmica restrição de direitos aos refugiados aprovada pelo Parlamento da Dinamarca provoca protestos.
Ainda é pouco conhecido do grande público Ai Weiwei, um artista da China moderna, mas que é também seu crítico, cujas obras já estiveram no Brasil, agora ele protesta contra as medidas sobre refugiados aprovada pelo Parlamento da Dinamarca, que impede seus direitos civis e “privados” de terem bens, capitalismo de araque.
Seu protesto foi encerrar sua exposição Rupturas, na Faurschou Foundation de Copenhague, conforme está em seu perfil do Instagram, e também no museu de Aros no oeste do pequeno país, de onde já retirou sua mostra desta instituição.
Disse o artista no Instagram: “como resultado dessa lamentável decisão, terei que deixar a exposição para expressar meu protesto contra a decisão do Governo dinamarquês”, cuja obra à mostra é uma crítica ao seu país Uma Nova Dinastia, Made in China.
O artista contou que sua decisão foi apoiada pelo diretor da Faurshou Foudation, Jens Faurschou, disse na mídia de Rede Social que “lamenta a decisão do Parlamento dinamarquês de situar-se na vanguarda da política desumana na maior crise humanitária da Europa e do Oriente Médio”.
O artista que expõe atualmente na Espanha, conforme a sua obra “Forever” na figura, teve uma polêmica recente com a fábrica Lego que se recusou a enviar peças ao artista, e ele solicitou dos fãs que lhe enviassem legos, a resposta foi avassaladora.
Talvez a arte não salve o mundo, mas pode salvar o direito a vida dos refugiados.
Conquistadores portugueses: será verdade ?
Um pequeno país pobre, encravado na costa da península ibérica era um império improvável, e num período extremamente curto vai fazer um caminho perigoso e improvável a 12000 milhas de Liboa, contornando a África, o que era desconhecido, e chegar as índias para conquista, mas como se deu isto? Segundo o livro “Conquerors: How Portugal seized the Indian” de Roger Crowley, publicado no ano passado (2015), foram sangrentas e sustentadas por firmes convicções religiosas e políticas.
Em 1488, Bartolomeu Dias tornou com sucesso em torno de África e no Oceano Índico;até então, o embrionário império Português estava agarrado ao litoral Africano, atolada em crises e pistas falsas.
A grande inovação pouca intuitiva de Dias era de lançar-se para oeste, para as profundezas do Atlântico, onde ao acaso ventos bruscos o levaram a ultrapassar o Cabo da Boa Esperança, indo para o Índico.
Cerca de nove anos depois, Vasco Da Gama retoma a rota de Dias e faz todo o caminho até a costa de Malabar da Índia, foi assim foi o projeto imperial Português foi lançado.
Crowley desenha com cores fortes e dramáticas a conquista do Oceano Índico e tornou-se o primeiro império Global, redesenhando a história que conhecemos de nossos livros, mostrando que não era apenas o comércio o único objetivo, mas havia também um choque entre o mundo otomano e cristão.
Portugal foi o primeiro país europeu a se libertar do império otomano, mas eles procuraram o domínio em Jerusalém símbolo religioso de quatro religiões (cristãos ortodoxos e católicos, judeus e islâmicos), em um período em que as cruzadas já haviam terminado (a nona cruzada terminou em 1272), mas a glória religiosa ainda estava em jogo.
Se 1,492 viagem de Cristóvão Colombo, que o levou cerca de 4.000 milhas para as Bahamas, domina livros de história, a frota marítima portuguesa navegou três vezes mais distante, cerca de 12.000 milhas de Lisboa para a Índia e ali travaram-se batalhas pretendendo chegar até ao Japão.
O livro é recheado de documentos e poderá ser preciso rever a história contada em nossos livros.
Campus Party: sinta o futuro
Com a palestra Feel the future (sinta o futuro) o fundador do evento, o espanhol Paco Ragageles inciou o evento Campus Party Brasileiro “tentando falar em português”.
Ragageles terminou o evento falando de sua emprega que tem o nome do evento, é claro está se promovendo, falando que espera com “mil cérebros” associados a ela tentar desvendar os impactos da tecnologia no futuro.
O governador de Brasilia (DF), Rodrigo Rollemberg (PSB), anunciou a realização da 1ª edição do evento em Brasília, em 2017, também haviam representantes da prefeitura e governo de SP.
O evento não conta como se fosse um programa “cultural”, não conta com apoio da lei Rouanet, fato que foi comentado no evento tendo até uma carta aberta ao ministro Juca Ferreira, excluir a cultura digital é excluir uma parte da cultura, embora deva haver prioridade é claro, mas não é o caso para financiamentos milionários para outros eventos.
Entre os principais participantes estão Grant Imahara (hoje as 20 hs), engenheiro que participou do programa “MythBusters”, Daniel Matros, produtor da desenvolvedora de games Dice e a astrofísica brasileira Thaisa Bergmann, ganhadora de prêmio da Unesco.
O tradicional acampamento de barracas dos “campuseiros”, pessoas que dormem nos eventos está lá, e espera-se contar com 120 mil participantes, com 8 mil acampados.
Lixo eletrônico em Gana e Paquistão
Nos portos de Karashi, no Paquistão e também no subúrbio de Agbogbloshie, da capital do Acra de Gana, chegam toneladas de lixo eletrônico, sendo o de Gana já considerado o maior aterro eletrônico do mundo.
A chave do problema é o custo da reciclagem, enquanto enviar um monitor para Gana custa € 1,50 o mesmo monitor sem sair da Alemanha para ser reciclado lá custaria € 3,50.
O relatório ambiental da ONU de 2010, calculava naquele ano que 50 milhões de toneladas de lixo industrial são produzidas por ano, é claro que a curva deve ser ascendente ano a ano.
O relatório ambiental da ONU de 2010, calculava naquele ano que 50 milhões de toneladas de lixo industrial são produzidas por ano, é claro que a curva deve ser ascendente ano a ano.
O lixo eletrônico de Karashi vem de Dubai, recolhido vem dos Estados Unidos, Japão, Austrália, Inglaterra, Kuwait, Arábia Saudita, Singapura e Emirados Árabes.
Os containers dali vão dar emprego a mais de 20.000 pessoas que num bairro de Sher Shah, a cidade que recebe o lixão, mas sem nenhum cuidado com o meio ambiente e a saúde.
O lixo digital é uma indústria global em Gana, empregam cerca de 30.000 trabalhadores, gerando entre U$ 105 a U$ 268 milhões, mas o problema é que o rejeito sem uso é de 75%, e o emprego de mão de obra infantil pode chegar perto dos 40%, além dos efeitos para saúde.
Lá o lixo vem de Reino Unido, Holanda, Bélgica, Dinamarca e Holanda em um volume de 600 contêineres que chegam no porto de Tema, o maior de Gana.
De lá vão para o subúrbio de Acre, e em áreas de Agbogbloshie, a concentração de chumbo no solo chega a ser mil vezes a tolerada e substâncias como cádmio e mercúrio são encontradas também em alta concentração.
Sher Shah tem um alto índice de casos de câncer de pulmão e também tem os maiores índices de problemas respiratórios do país, devido a inalação de gases tóxicos, emitidos durante o processo de separação das peças que em geral é feito pela queima do lixo tecnológico.
Há uma Convenção da Basiléia de 1989, que trata sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigos e seu Depósito, mas nestes casos há um flagrante desrespeito às leis, à saúde humana e ao equilíbrio sustentável do planeta.
São Paulo pode parar ?
Lema de muitos prefeitos e de paulistanos durante centenas de anos ouviu-se: São Paulo não pode parar, também o poeta Mario de Andrade chamou-a de Paulicéia Desvairada.
São Paulo completa hoje 462 anos de existência, fundada em 1554 pelos jesuítas vindos de Portugal, a cidade se tornou o maior centro financeiro da América Latina, mas isto poderá parar ou mudar, tornando-a mais possível de ser humanizada e vivida ?
Seus números são exagerados, cerca de 12 milhões de habitantes sem contar as cidades vizinhas, mostram a sua dimensão: São Paulo é a cidade que produz o maior PIB do Brasil, tem uma malha metroviária pífia (se comparada a cidades do mesmo porte), um dos maiores engarrafamentos do mundo e taxas de homicídos que, apesar de estar em seu menor nível, ainda podem ser comparada a números de uma guerra civil.
As eternas inundações, problemas básicos de infraestrutura permanecem: água, saneamento, luz e mobilidade; e a apesar disto tudo o paulistano ama sua cidade e quer ocupa-la.
Resgato Mário de Andrade porque foi um intelectual avante do seu tempo ao discutir os efeitos da modernidade Brasileira, conforme afirma Alain Touraine: “a afirmação de que o progresso é o caminho para a abundância, a liberdade e a felicidade e que estes três objetivos estão fortemente ligados entre si, nada mais é que uma ideologia constantemente desmentida pela história (Touraine, 1999, p. 10).
Podemos, guiados pelo conceito de metáfora de Paul Ricoeur, olhar com uma visão mais estética e menos desenvolvimentista de São Paulo.
Paul Ricoeur partiu da noção de Aristóteles de metáfora e afirma que esta se refere a “um estado de alma” e que, portanto, seria centrípeta, assim parte de um real para um imaginário, que por sua vez recriaria poeticamente este real, este é o OCUPAR.
A função desta metáfora é redescrever a realidade, relacionando-a com uma função cultural e poética capaz de mudar o referencial ou duplicar a referencialidade (Ricoeur, 2000).
No sentido literal é recriar a realidade, inserindo nela o homem expulso, isto reconstrói o sentido e a re-humanizá-la, trazendo de volta uma referencia perdida: suas ruas, paisagens e histórias, fazendo o homem reviver e ocupar o espaço em que vive.
ANDRADE, Mário. Paulicéia Desvairada. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 1987.
RICOEUR, Paul. A metáfora Viva, trad. Dion Davi Macedo. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1999.
Ser herói por um dia ou lutar sempre
Não sei se foi David Bowie quem disse pela primeira vez na música Heroes a frase: “We can be Heroes, We can be Heroes, Just for one day”, não podemos ser heróis, somente por um dia, nós podemos ser heróis, mas é o que me vem a mente quando penso nisto.
Vem-me a mente também a frase de Bertold Brecht: “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis” também é uma perspectiva, mas pensando em micropolítica ou microfísica do poder, isto é aquilo que Foucault definia em Microfísica do Poder como: “vigias de rua deviam fazer todos os dias um relatório preciso ao prefeito da cidade para informar tudo que tinham observado”.
Mas há algo parecido com tudo o que fazer câmeras e serviços policiais hoje e também o que fazem nas mídias sociais os políticos e propagandistas sem escrúpulos.
Há ainda o que é amplamente discutido como esfera pública e privada, desde filósofos (como Jürgen Habermas, Norberto Bobbio e John Dewey) a analistas midiáticos (Gueorgi Kossinets e Duncan J. Watts e muitos outros), mas muito pouco se analisa é a vida comunitária, ou por sua ausência da compreensão do que seja ou por considerá-la idealista demais para os tempos atuais, mas as redes existem e estão aí.
A esfera privada era considerada na origem grega de nosso “estado moderno”, como o “oikos” a esfera da casa, da família e daquilo que é próprio (idion) ao homem.
Mas o que está em jogo na democracia moderna é a distância entre o poder econômico e a pessoa comum, mais do que isto a pessoa sem direitos, como diria Giorgio Agamben: o “Homo Sacer”.
Fico com o pensamento de Antonio Gramsci, famoso entre esquerdistas de plantão, mas um grande pensador: “Há dois tipos de políticos: os que lutam pela consolidação da distância entre governantes e governados e os que lutam pela superação desta distância”, eis o problema de dimensionamento entre a vida social e a política, porque hoje tudo está visível.
Davos e o futuro
Economia e problemas imigratórios a parte, realmente o problema da mudança nas bases de comunicação e produção podem agravar problemas sociais e acelerar o desemprego.
O fundador do encontro de Davos, Klaus Schwab do encontro mundial de economia (que é mais político que social), alerta: “Sem uma atuação urgente e focada a partir de agora para gerir esta transição a médio prazo e criar uma mão de obra com competências para o futuro, os governos vão enfrentar desemprego crescente constante e desigualdades”.
Um texto bastante citado de uma organização que participa de Davos diz que 5 milhões de empregos nos próximos cinco anos em todo o mundo, a quarta revolução industrial provocará “grandes perturbações não só no modelo dos negócios, mas também no mercado de trabalho nos próximos cinco anos”, indica o referido texto.
Depois da primeira revolução (com o aparecimento da máquina a vapor, veio a segunda (eletricidade, cadeia de montagem) e da terceira (eletrônica, robótica), surge a quarta revolução industrial que combinará numerosos fatores como a internet das coisas e o “big data” capaz de transformar a economia, mas também de manipular mercados, mão de obra e o ambiente.
Especula-se que poderá haver reunião para debater frear crises como as atuais, entre a Turquia e a Rússia ou a do Irã com a maioria dos países do golfo Pérsico, depois da execução na Arábia Saudita de um líder religioso xiita, sendo que a abertura de diálogo com o Irã é bem vinda, mas acabamos de assistir um ataque radical contra uma universidade no Paquistão.
Davos não pode ser e não é a última palavra, é hora de ouvir as multidões e corrigir equívocos.
Começa em Davos o Fórum Mundial
O Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum, WEF) em Davos evoluiu a partir de discussões um pequeno número de economistas e políticos na década de 1970, por iniciativa acadêmico Klaus Schwab, e que hoje já hospeda mais de 2.500 participantes, tendo mais de 40 líderes mundiais entre eles gente do governo brasileiro, milhares de gerentes ou presidentes de empresas, além de um certo número de Prêmios Nobel, a grande maioria da Economia.
Como já dissemos no blog o tema é a preconizada Quarta Revolução Industrial, da entrada de robôs e estruturas ciberizadas na produção, na vida cotidiana e familiar, alguns falam na perda de 5 milhões de empregos, mas ao mesmo tempo geraria cerca de 3 milhões o que ainda dá um déficit de 2 milhões, numa economia em marcha lenta, a estimativa é um crescimento mundial de 2,6 % este ano, que ainda é pouco.
Davos é uma cidade pequena e bastante alta da Suíça, com boa infraestrutura de turismo porque é uma tradicional está de esqui, e muito fria nesta época do ano.
Além da quarta revolução industrial, o tema da imigração crescente na europa, os problemas de segurança mundial, ecologia com o recente acordo da COP21, das guerras além da própria economia devem estar presentes nesta reunião, o clima geral não é de muito otimismo.
A delegação brasileira vai para lá chefiada pelo ministro da Fazenda Nelson Barbosa, com a missão de recuperar a confiabilidade de investidores no Brasil, entre os chefes de estado estão confirmados o primeiro-ministro da França Manuel Valls, o presidente da Alemanha Joachim Gauch, o primeiro-ministro da Suécia Stefan Lófven e o chefe de governo da Grécia Alexis Tsipras.
Os EUA, envoltos com as eleições primárias, escolhas de quais candidatos disputam por partidos, manda o vice-presidente Joe Biden, o secretário de Estado John Kerry e o de Defesa Ashton Cartes, Israel terá o primeiro ministro Benjamin Netanyahu.
Fizemos nossas análises nas postagens anteriores, agora é tentar entender o que dirão.
Davos e o Welfare State
O estado do bem estar social, era a ideia que a economia gerida pelo estado é a fonte da felicidade e do bem estar entre os povos, este conceito perdura em todas sociedades desde esquerdistas mais marxistas que o próprio Marx, até direitistas como Donald Trumph.
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Quando li o comentário do livro de John Micklethwait, e seu editor de gestão, Adrian Wooldridge, no New York Times, além de ser uma boa visão do que conservadores mais criativos estão pensando, vi também uma possibilidade de releitura da crise sócio-política-economia mundial, e a brasileira em particular, por sua excentricidade.
A nossa excentricidade é ver a política reformista liberal praticada por coronéis e esquerdistas, já que estas ideias foram elaboradas por laborados por conservadores e liberais econômicos no final do século XIX como alternativa a mudanças sociais reais que alterem não só a estrutura da revolução social, mas sua base social também.
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Os autores americanos sugerem uma leitura de Hobbes, do tipo: “A história completa de como o Ocidente estabeleceu sua liderança na tomada de estado seria uma tarefa monumental”, conforme o NYT, mas desconhecem o debate com Robert Boyle sobre a existência do vácuo, e também é ignorado o que a grande indústria e maquinaria fizeram com os camponeses migrando para as cidades descritos nos livros de Emile Zolá (o Germinal) ou de Victor Hugo (Os miseráveis) ou ainda a obra de “Os comedores de batatas” de Van Gogh.
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Não está errado analisar os critérios objetivos das revoluções técnicas, Marx também fez isto na Maquinaria e Grande Indústria, capítulo XIII, caracterizando que este modo de produção: “é a nivelação geral das operações, de modo que o deslocamento dos trabalhos de uma máquina a outra pode verificar-se em tempo muito breve e sem um adestramento especial”, ele já descreveria alguma coisa sobre a quarta revolução industrial e a esquerda talvez o chamasse de tecnicista ou reacionário, mas os pressupostos de Marx não eram uma crença.
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O que está em pauta é um mundo, após uma grande indústria “cultural” já ter acontecido, entre as chamadas 2ª. e 3ª. revolução industrial, onde a indústria “cultural” e a “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, de Walter Benjamin, e não há mais arte e humanismo possíveis, senão superarmos a ideia de revolução industrial.
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O rosto dos “comedores de batatas”, agora são dos migrantes sem pátria que vagam pelo mundo a procura de uma casa e uma identidade, do reencontro da técnica com a produção artística, e a reumanização da multidão sem rosto é a revolução necessária.
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Discutir econômica, mais que Welfare State, é discutir ainda questões básicas de direito a saúde, educação e moradia de imensas populações sem rosto, em pleno século XXI, são milhões de seres humanos que estão aí sem direitos.
Davos: do Leviathan à Cibercultura
O debate sobre a possibilidade do vácuo foi feito no século XVII entre o meu contratualista Thomas Hobbes (1588-1679) e o experimentalista Robert Boyle (1627-1691), o primeiro livro Leviatã além de discutir a estrutura da sociedade, onde o homem só poderia ser “controlado” por um estado forte e discute também a estrutura da matéria, mas os experimentos de Boyle na década de 1660 mostraram que o vácuo era possível, e este debate está no livro de Shapin e Sheaffer: Leviathan, or The Matter, Forme and Power of a Common Wealth Ecclesiasticall and Civil (publicado 1985), que foi premiado com o prêmio Erasmus em 2005.
O problema teórico ali é a produção por métodos aceitáveis de produção de conhecimento e mostra como os fatores sociais estão relacionados a formas diferentes de produzi-los, não trata disto, mas na verdade, o experimento de Boyle foi importante para a revolução industrial pois tratava-se isto influenciou o surgimento das caldeiras movidas ao vapor de água, mais tarde os motores de propulsão, enquanto Hobbes mais tarde modificado reformula a ideia do “contrato social” que deu origem a república moderna, e depois reformulado por John Locke (1632-1704) sofrendo influencias de Boyle, e, finalmente Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
A reunião de Davos este ano fala de 4ª. revolução industrial, um livro americano publicado em 2014 de John Micklethwait e Adrian Wooldridge fala da quarta revolução e o estado: The fourth Revolution – The Global Race to Reinvent the State (Penguin Press, 2014), não é o que Davoz discutirá, mas é uma pauta subentendida: a democracia republicana vive uma crise, retornam a Hobbes, mas desconhecem o problema debatido com Boyle.
O que está na pauta é a crise econômica, embora ajam sinais de recuperação, o que deve ser debatido é como as revoluções industriais: a primeira de 1784 (produção de equipamentos mecânicos movidos a aço, água e propulsão), a segunda de 1870: divisão do trabalho, eletricidade e produção em massa que mais tarde daria origem ao fordismo, a terceira de 1969 com a produção da eletrônica, equipamento de TI (Tecnologia da Informação) e automação, agora haveria uma quarta com a produção de equipamentos ciber-físicos, mas qual é esta ?
No texto base da conferencia World Economic Forum, são apontados três fatores que levam a pensar numa quarta revolução e não um prolongamento da terceira: a velocidade, o alcance e os impactos sistêmicos.
A velocidade que os avanços acontecem não teriam precedentes históricos, será ? a explosão de informação é analisada desde a década de 40, mas agora o ritmo é exponencial é verdade.
O alcance também é verdadeiro, pois está interrompendo quase todos os setores em todos os países, até a China vive uma pequena retração, mas será que devemos crescer assim ?
E por último a amplitude e profundidade dessas mudanças anunciam as transformações dos sistemas inteiros de produção, gestão e governança, e aqui nos interessam os textos de Micklethwait e Wooldridge, assim como o debate do prêmio de Economia de 2015 Angus Deamon, em sua análise de “consumo, pobreza e bem-estar”, como criar regras tributárias para isto, mas numa análise de microeconomia e não de macros como é usual para isto.