Arquivo para março, 2016
Revoltas e hospícios na República
Em 1987 Euclides da Cunha, celebre por seu romance “Sertões”, foi enviado ao “arraial maldito” no povoado baiano de Canudos, pelo jornal então republicano O Estado de São Paulo.
Lá o que viu na revolta liderada pelo anacoreta Antonio Conselheiro, não foi o contraste “do progresso técnico contra o primitivismo religioso” (Cunha, 2015, p. 81), mas que “em momentos cruciais em que somos obrigados a aceitar ou não se aprende a lidar coma indiferença.” (idem).
Cunha cita de acordo com a análise de Rodrigo Gurgel em “Esquecidos e Subestimados”, que o soldado que aparece morto no romance de Euclides da Cunha pode ter sido fictício, colocado apena para dizer que haviam outros fatores na Campanha de Canudos.
Cunha analisa também que outro autor está interessado na natureza do real, Lima Barreto, que na abertura do quinto capítulo de Triste fim de Policarpo Quaresma (1916), Cunha faz uma longa descrita, mas aqui citamos apenas o final: “cada louco traz em si o seu mundo e para ele não há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser a ser após” (apud Cunha, 2015, p. 85)
O número de loucos crescia no Rio de Janeiro do início de século, e afirma Cunha: “o Rio era um ´inferno social´ e este clima de terror era transmitido aos literato, que não conseguiam acompanhar a fúria do progresso que parecia arrastar a todos sem pedir permissão” (Cunha, 2015, p. 87).
Não e tão importante saber que Lima Barreto foi um de suas vítimas, e ainda que é possível um paralelo com Euclides da Cunha, mas sim que entre os esquecidos de Canudos, dos hospícios e ‘O cemitério dos vivos’ (vida de Barreto no hospício) estão índios, negros, mulatos, e muitos outros que trataremos a seguir.
Ressentimento e ambiguidades do brasileiro
Retratado por diversos autores, como “patriarca da literatura nacional” José de Alencar, em vários romances, mas em Senhora de modo especial retrata de modo “mimoso” termo usado pelo escritor e ironizado por Martim Vasques da Cunha, retrata a “mercantilização do amor” e não apenas, mas a ambiguidade “aqui não é resultado de uma técnica apurada, mas de uma confusão mental” (Cunha, 2015, p. 57).
Retornamos um pouco atrás, Senhora é de 1875 porque algumas análises nos interessam, por exemplo, Antonio Candido em a Formação da literatura Brasileira esclarece que “a percepção complexa do mal, do anormal ou do recalque, como obstáculos à perfeição e como elemento permanente na conduta humana” (apud. Cunha, 2015, p. 57), onde esta complexidade é porque “não sabemos fazer mais nada senão de comprarmos uns dos outros” (Cunha, 2015, p. 58).
Esclarece Martim Vasques da Cunha, que este “amor” nada mais é do que o romantismo transposto da Europa para a base de nossas próprias intenções, isto já manifesto nos pretendentes do dinheiro em Eugenie Grandet de Balzac (1833) ou Madame Bovary mais fiel ao estilo romântico publicado em 1857.
Corretamente analisado por Vasques da Cunha, Memórias de um sargento de milícias (1854) é um retrato mais realista do romantismo brasileiro da época, onde “a exuberância da linguagem somado ao estilo claro e direto vai contra qualquer intenção de adocicar os personagens que transitam na sociedade imperial por meio de uma retórica empolada” (Cunha, 2015, p. 60).
A diferença entre Alencar e Manuel Antônio de Almeida é que “este evita de fazer qualquer espécie de juízo moral em seu relato” (Cunha, 2015, p. 61).
A contradição do personagem Leonardo, filho de Leonardo Pataca, em que pese a crítica sutil a sociedade da corte, parece em certas análises, como a de Antonio Candido fazer um elogio a “dialética da malandragem”, mas que não passa de sinais ainda forte do romantismo no estilo, conforme dita Cunha (pg. 62) que “tudo vai bem quando acaba bem”.
Conforme diz Wilson Martins em História da inteligência brasileira: “as Memórias são exatamente o contrário de um romance, se for exato como se diz, que a glória suprema do ficcionista consiste em criar tipos característicos: o grande romancista transforma personagens inventados em individualidades psicológicas que se projetam na vida real com valor exemplar” (apud Cunha, 2015, p. 62)
CUNHA, Martim Vasques da. A poeira da Glória: uma (inesperada) história da literatura brasileira, Rio de Janeiro: Record, 2015.
Machado de Assis e a Proclamação da República
Na tentativa de desvendar a alma brasileira Darcy Ribeiro escreveu “O povo brasileiro”, e também podemos citar (voltaremos a ele) Sérgio Buarque de Holanda com seu Raízes do Brasil, poderiam ainda enumerar outros como o recente Martim Vasques da Cunha A poeira da glória: uma (inesperada) história da Literatura brasileira.
É sempre mais profundo entender a “alma” de um povo perscrutando sua literatura, não por acaso Marx gostava de ler Honoré de Balzac, e Lenin Leon Tolstoi, entre outros é claro, e para não ficar só na esquerda, Roosevelt (que diziam que lia tudo) gostava de ler Walter Scott além de antologias históricas e clássicos gregos.
Machado de Assis (1839-1908) viveu no período do final da monarquia, Darcy Ribeiro se fundamentou nas raízes étnicas do período colonial (1530 – 1815), mas o testemunho histórico que diz o filósofo Paul Ricoeur, o “eu estive lá” é mais fundamental que a historiografia.
Já apontamos os elementos monarquistas e republicanos de Esaú e Jacó e o quietismo político na obra Memorial Aires.
Agora queremos desvendar o que é chamado de duplicidades aparentes em Quincas Borba, pseudo filósofo, a loucura da “ontologia do abandono” definida por Marta de Senna em O Olhar oblíquo do bruxo, obra também analisada por Martim Vasques da Cunha.
Mas será no período da Proclamação (que é um edito e não uma vontade popular) da República que está retratada em Memórias Póstumas de Brás Cubas, que rompe com o romantismo mesmo de autores fortes na época como Flaubert e Zola, para retratar um Rio de Janeiro com indiferença, pessimismo e ironia, rompendo com a linearidade da literatura tanto romântica como precedeu ao “modernismo” para adotando um tom realista.
Não por acaso, a obra começou a ser escrita de março a dezembro de 1880 na Revista Brasileira, e depois foi publicado como livro em 1881.
A obra retrata a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar, inclusive, uma nova filosofia, depois desenvolvida em Quincas Borba (1891) já depois da “proclamação” da República (1889), Quincas Borba veio depois em 1891 com uma certa “filosofia” e depois ainda Dom Casmurro (1899).
Machado de Assis, simbolismo e política
Emprestado por um amigo comecei a ler A poeira da glória: uma (inesperada) história da literatura brasileira, de Martim Vasques da Cunha (Rio de Janeiro: Record, 2015), que é uma tentativa de rediscutir mais que a literatura nacional, perscrutar a alma brasileira.
Claro não poderia deixar de estar presente Machado de Assis, destaco aqui segundo o autor a obra de sua maturidade Esaú e Jacó (1904) que ter-se-ia chamado o último, apesar do autor “parecer acreditar que é a falta de sentido o que comanda as coisas deste mundo” (Cunha, 2015, p. 32), típico do niilismo do início do século XX, e da crise já naquele tempo.
Toma o conflito (ou os conflitos) presentes na alma brasileira presente na “pobre” Flora: “alma dilacerada entre dois gêmeos rivais – o monarquista Pedro e o republicano Paulo, simétricos em relação aos dois apóstolos e aos dois patriarcas hebreus. Não sabendo quem e o que deve ser escolhido, ela perde suas forças vitais e morreu no auge da juventude … “ (idem).
É curiosa a análise de Vasques da Cunha, como a releitura de Esaú e Jacó, diz cunha que é uma espécie de “ontologia do abandono”, com um “perigoso ceticismo em relação aos mecanismos da política” (idem) e neste contexto sua uma figura que é uma espécie de alter ego do Machado de Assis, o Conselheiro Aires, que ficará mais claro no Memorial de Aires, este sim o “último” romance de Machado de Assis.
Relata assim Cunha “Aires quer ser a tolerância encarnada, mas tudo o que faz é relativizar as coisas, seja o que é o bom seja o que é o ruim, justamente para não agredir a sensibilidade dos outros. ” (Cunha, 2015, p. 33), o que parece ser o discurso da tolerância atual, ora bolas, a democracia se faz se manifestando isto é o normal, o justo e correto politicamente, claro dentro de uma racionalidade e normalidade democrática que permita isto a todos.
O autor crítico de Machado de Assis esclarece, no Memorial de Aires, que ao mudar o nome de “Confeitaria do Império” para “Confeitaria da República”, substituindo o nome daquela que estava “podre por dentro”, em um romance que dá um peso enorme aos nomes, típico do simbolismo, Aires hesita e não sabe o que dizer, então diz que talvez seja melhor escrever “Confeitaria do Osório”, uma espécie de “guardião do povo brasileiro. ”.
Wilson Martins se confunde com a opinião de Machado de Assis, que parecia criicar, ao dizer “a proclamação da República, longe de ser a profunda transformação social e política afirmada pelos propagandistas e revolucionários … era apenas uma mudança de tabuleta – a confeitaria continua a mesma. ”. (Cunha, 2015, p. 33)
A cruz, a morte e a filosofia
Enganam-se os que imaginam que a sexta-feira santa, onde há o beijo na cruz, seja algo exclusivo de religiosos ou que a morte e a cruz jamais foram assuntos filosóficos.
Sócrates tem no pensamento sobre a morte algo essencial, porque permite a alma que se distancie da matéria orgânica e penetre numa esfera essencial onde estaria o verdadeiro conhecimento, e, portanto só então atingiria o saber de forma pura: a sabedoria, por isto estava pronto a morrer e não por acaso, morreu tomando cicuta, sua própria cruz.
Na visão dele o homem é guiado por um gênio ou “daimon” que lhe orientara durante o estágio material na direção de Hades, o reino dos mortos, onde é submetido a um necessário julgamento (sic) e após estagiar aí renasceria num corpo físico, aqui se distancia de Cristo.
Há em Sócrates algo quase despercebido, mas essencial, para ele a verdade não está com os homens, mas “entre” os homens, poderíamos dizer uma categoria alter-ontológica, e filosofia continua a explorar o tema de Platão (428-347 a.C.) a Heidegger (1889-1976) o tema.
Schopenhauer (1788-1860) que é uma das rupturas com o pensamento tradicional moderno, afirmou que: “A morte é a musa da filosofia, e por isso Sócrates a definiu como preparação para a morte?. Sem a morte, seria mesmo difícil que se tivesse filosofado.”
Se a existência é uma verdade, a morte também, por isso Ser é mais que existir, ainda que a filosofia confunda as duas coisas, e Ser talvez seja algo que ultrapasse a morte, então existiria algo do outro lado, mas a passagem é a cruz, a dor diz a mensagem cristã, em seu mestre máximo pregado a uma cruz, talvez a resposta esteja ali no paradoxo: vida além da morte na dor, mas uma dor que tem significado do amor mais profundo: dar a vida pelos semelhantes.
O quadro de Sócrates (A Morte de Sócrates – Jacques-Louis David, 1787) parece dizer sua frase “A ignorância é o único mal”, e o quadro de Jesus crucificado (“Cristo crucificado entre dois ladrões”, pintura de Peter Paul Rubens) parece dizer “Amando, amou a todos”.
Humildade e lava-pés
O conceito parece claro, mas não é, a maioria das pessoas guardam ressentimento quandoestão a frente de alguém que tem uma qualidade a mais, seja ela humana, material, espiritual, intelectual ou mesmo em determinada habilidade, um atleta por exemplo, portanto não deve ser confundida com auto piedade ou desmerecimento, um padeiro é bom para fazer um pão.
O filósofo Friedrich Nietzsche esbravejou contra isto, dizendo que a humildade é uma falsa virtude que dissimula as desilusões que certas pessoas escondem dentro de si, em parte é verdade, mas há humildades que reconhecendo o próprio mérito não usam para colocar os outros numa condição de indignidade, como alguém que é sábio mas usa a luz somente para iluminar e nunca para provocar um sentimento de inferioridade nos outros.
O ponto de vista de Immanuel Kant é mais complexo, para ele era a virtude central da vida, em um interessante paradoxo isto pode ser uma vaidade, a de ser humildade, não por acaso formulou um princípio moral baseado nela que diz que devemos ser referencia para outros.
A humildade de Jesus ao lavar os pés dos discípulos tem este papel de luz, de sabedoria, pois isto era feito somente por escravos na época, e um dos discípulos diz que Jesus não deve fazer isto, ao que o mestre refuta dizendo que se não fizer não terá parte com ele, então o discípulo não entendendo de novo diz que então pode lavar todo o corpo, ao que o mestre explica não é preciso banhar-se quem está limpo.
Tirar o que há de impuro, incorreto ou imoral no outro é sim uma atitude de humildade, pois humildade não é omissão nem opressão, é luz e sabedoria, mas colocando-se “ao lado” do Outro.
Baudelaire e o modernismo
Em 1857, no dia 25 de Junho eram publicadas As Flores do Mal de Charles Baudelaire, poeta francês de vida desregrada, que fez o pai o mandar para as Índias, e após receber a herança paterna, a própria mãe o processou.
Considerado um marco da poesia moderna e simbolista, Baudelaire é um retrato de uma sociedade em decadência já no século XIX e serve para entendermos um pouco da sociedade contemporânea, ainda que a matriz brasileira seja ibérica, com ouros nuances.
O simbolisa alemão Carlos Schwabe (pseudônimo de Emile Martin Charles Schwabe) ilustrou com a obra ao lado o livro As flores do mal.
Lançado o livro foi logo violentamente atacado pelo Le Figaro e recolhido por insulto aos “bons costumes”, mas o próprio Baudelaire disse sobre seu livro: «Neste livro atroz, pus todo o meu pensamento, todo o meu coração, toda a minha religião (travestida), todo o meu ódio.»
Por causa do livro recebeu uma multa de 300 francos (reduzida depois para 50) e o editor a uma multa de 100 francos e teve ainda que suprimir seis poemas para lançar o livro.
O livro pode ser dividido assim: a queda; a expulsão do paraíso; o amor; o erotismo; a decadência; a morte; o tempo; o exílio e o tédio, mas em francês recebeu os nomes: Spleen et Idéal (Tédio e Ideal), Tableux parisien (Quadros Parisienses), Le Vin (O Vinho), Les Fleurs du Mal (As Flores do Mal), Révolte (Revolta) e La Mort (A Morte).
Em breve faremos uma revisitada a semana de arte moderna e a cultura brasileira.
Obama vai a Cuba
Em visita história após quase um século que um presidente americano não pisa em Cuba, nesse domingo Obama, a mulher Michele, a sogra e as duas filhas Sasha e Malia, pisaram solo cubano exatamente as 16h19 (horário cubano) com líderes da minoria democrata e um republicado, uma delegação de líderes políticos e empresarias viajou a parte.
Obama foi recebido com aplausos e além o chanceler cubano Bruno Rodrigues presenteou a primeira dama, as filhas e a sogra com buquês de rosas.
O último presidente cubano a visitar a ilha foi Calvin Coolidge em 1928 em um navio de guerra e levou três dias para fazer a viagem, Obama como alguém preparado para o diálogo postou em seu Twitter que foi para “encontrar e ouvir diretamente o povo cubano”.
O último presidente americano a visitar a ilha foi Calvin Coolidge, que chegou à ilha caribenha em 1928 em um navio de guerra e levou três dias para fazer a viagem. Ao aterrissar, Obama usou sua conta pessoal no Twitter e disse que chegou ao local para “encontrar e ouvir diretamente o povo cubano”.
Especificamente em sua conta de twitter Obama postou exatamente o seguinte: “¿Que bolá Cuba? Just touched down here, looking forward to meeting and hearing directly from the Cuban people.”
Páscoa é passagem, mudança de mentalidade ou conversão, talvez esta seja a grande esperança para todo mundo e também para o Brasil ainda em conflitos aberto tanto de ideais como de ideologias.
O ano novo curdo
Os curdos celebram seu ano novo, um povo que acredita-se ser a verdadeira civilização originária da região entre o Iraque, Turquia e Síria e com uma religião e calendário próprios recebem o seu Ano Novo comemorado por cerca de 200 mil pessoas.
O Noruz é celebrado há pelo menos 3000 anos e está profundamente enraizado nos rituais e nas tradições do Zoroastrismo, sendo celebrado em muitos países que fazem parte do Curdistão (onde é chamada Newroz), chegam até Afeganistão e outros países.
O primeiro dia do calendário iraniano cai no equinócio de março, que corresponde ao primeiro dia da primavera no Hemisfério Norte,que é quando durante o equinócio, o sol incide diretamente sobre o equador e este ano caiu neste final de semana.
Falando sobre o ano novo curdo, o secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon disse: “Esta tradição antiga de ano novo coincide com a chegada da primavera, dando origem a uma rica variedade de costumes, rituais e festividades, das comunidades no oeste, centro e sul da Ásia, ao Cáucaso, Balcãs e outras regiões.” (International Business Times)
Isto lhes confere certa universalidade, ainda que não tenham seu direito a um território próprio reconhecido.
Ensaio sobre a in-tolerância
Aqueles que acreditam que apenas o fanatismo é típico do religioso, embora em parte haja certa verdade nisto, é porque viveram períodos de relativo pacifismo, aliás o que é a paz ?
John Locke (1632-1704). (Coleção “Os Pensadores” – Abril Cultural – pág. 03-39), escreveu justamente sobre isto, o ódio religioso, a Reforma Protestante desencadeada em 1517, fez a Cristandade se dividir em dois campos de ódio, atingido o político e influenciando guerras.
Um pacto de durou pouco garantiu certa “tolerância” foi a Édito de Tolerância de Catarina de Médici , ao qual Voltaire ironizou se estariam seguros os fanáticos, ao dizer “alcançar a glória divina quando vos corta o pescoço?” (in Dicionário Filosófico, fanatismo). Porém o próprio Voltaire era um fanático antirreligioso contra os quais escreveu: “Candido, ou o otimismo”.
Sua visão restrita ao religioso não ajudou em nada o discurso sobre a tolerância, a prova disto é que se consultar dicionário do Século XVII, veremos que a palavra tem significado pejorativo, quem era tolerância poderia ser acusado de indiferença religiosa, ou mesmo de mentalidade irreligiosa (BOBBIO, 2000, pag. 150) ou ainda subversivo (ASHCRAFT, 1955, pag. 532), a ainda intolerância significava virtude, um tipo de integridade moral ou firmeza confundindo-a com valores e princípios.
A analogia válida ao político-ideológico é que quando se ir da intolerância ao fanatismo, sobre o qual escreveu Gilberto Santayana: “O fanatismo consiste em intensificar os nossos esforços depois de termos esquecido o nosso alvo.” Qual é o alvo atual: melhorar o país ? ou apenas o interesse egoísta e mesquinho de manter o poder pelo poder ?
Escreveu o consultor brasileiro Luiz Roberto Bodsteim: “Fanatismo de qualquer natureza – seja religioso, ideológico ou até pelo time que se torça – é um câncer cuja metástase é a ideia incutida em seus membros de que existem pessoas que nasceram para ser melhores do que outras.”
Ashcraft, R. La politique revolutionnaire et les Deux traités de governement de Locke. Paris: Presses Universitaires de France, 1995.
Bobbio, N. Elogio da Serenidade. São Paulo, Ed. Unesp, 2000.