RSS
 

Arquivo para julho, 2016

A bolha brasileira e otimismo

29 jul

É saudável e até desejável o otimismo, mas sem uma dose de realismo ele podeCPFs ser pura fantasia, a ideia que uma parte da inflação e da crise é psicológica não é nova, no final do regime militar e do “milagre brasileiro” demoramos, naquele tempo,  para cair na real e no real (R$).

 

A crise das casas Bahia, com perdas no seu site tendo quadruplicado, lembrando que lojas de departamentos já vem a muito tempo aumentando juros (Ponto Frio e Magazine Luiza, por exemplo), devido o aumento da inadimplência, anunciam o que considera a nossa “bolha”.

 

O número de inadimplentes é recorde, e a prova que nossa bolha, que chamo de bolha das casas “Bahia” onde setores de baixa renda mais compram, é que dos 58 milhões que não pagam as contas (recorde segundo o SERASA), entre estes está o Nordeste que aparece com um número absoluto maior relativo à população, pois são 15,7 milhões de devedores.

 

Os números de São Paulo foram prejudicados, pois segundo o economista Flávio Borges do SPC Brasil não podem ter números reais de São Paulo, pois a lei estadual No. 16.569/2015, o nome da pessoa só pode ser feito após o envio de uma carta registrada ao devedor e a devolução deste com o ciente do débito.

 

Os números de desemprego acabam de bater novo recorde de quase 12 milhões de desempregados, e as lojas de departamentos (casas Bahia, Ponto Frio, Magazine Luiza, etc.) representam um bom número de empregos no Brasil.

 

Há alguns sinais positivos da economia, uma melhoria na visão do Brasil de investidores, expectativas melhores, como para a queda do PIB, mas ainda acima dos 3% e alguma esperança para o próximo ano, mas temos que ser realistas.

 

A Teoria de Tudo e Galileu

28 jul

HawkingTinha assistido ao filme que ganhou um Oscar e comprei o livro num sebo, o Big Bang e A Teoria de tudo, a ideia que podemos criar uma física englobando todos as partículas atômicas, fótons, neutros, magnéticas, todas as subpartículas e ter a ideia da criação do mundo e quem sabe até de seu criador encontrando suas pegadas, fascinou Stephen Hawking e sua ex-esposa Jane Hawking, que escreveu o livro, e depois foi transformado em filme.

 

Faltava algo para mim pouco claro no filme, mas muito claro e sensível no livro, o conflito de Galileu com a igreja católica, que de certa forma impulsionou a ciência moderna, mas deixou de lado a questões do mistério da origem da vida, a subjetividade humana e a metafísicas quase sepultadas, que nestes momentos parecem dar ares de reflorescimento e reposicionamento.

 

No livro na página 169, Jane começa a traçar este conflito de maneira clara e precisa: Galileu ao recuperar a teoria de Copérnico e renunciar o sistema Ptolomaico, coloca a terra em movimento e mostra que o sistema que via a terra como fixa e o Sol móvel estava errado.

 

Conta o livro que, em 1623, Maffeo Barberini é eleito ao papado como Urbano VIII, homem culto apesar de um pouco excêntrico, retira Galileu da prisão domiciliar e encomenda a ele o Dialogo sopra i due Massimi Sistemi del mondo ptolemaico e copernicano, mostrando os argumentos para os dois sistemas, mas o livro de 1632 reafirmava o modelo de Copérnico.

 

O livro conta que mesmo condenado a prisão domiciliar e praticamente cego, continuou a escrever e seu livro Sobre as duas ciências, foi contrabandeado para a Holanda, e são praticamente a base teórica e experimental para a física moderna.

 

“Embora Galileu fosse católico devoto, foi seu conflito com o Vaticano, infelizmente mal administrado em ambos os lados, que criou as bases da batalha corrente entre ciência e religião” (Hawking, 2014, pg. 169).

 

O que poucos sabem é que Galileu sustentou a vocação religiosa de uma filha (o livro A Filha de Galileu, de Maria Celeste, nome de freira de Virginia Galilei), e sua cabeça mística nunca deixou de funcionar, do mesmo modo que seu lado científico.

 

Verizon compra Yahoo

27 jul

Anunciada nesta segunda-feira (25/07) a operadora de telecomunicaçõesYahooVerizon americana (com pouca presença no Brasil), anunciou a compra do site Yahoo pelo valor de R$ 4,83 bilhões, mas a operação final deve ser autorizada pelo governo americano até o final do ano.

 

Tendo se iniciado com site de busca, a competição deste além da AOL com a Google acabou sucumbindo as Buscas ao Google, e a interação em mídia de redes sociais ao Facebook.

 

Tornando-se a terceira maior em publicidade, unidas a Verizon, uma das duas grandes americanas em telecomunicações (a outra é a TIM-móvel), a expectativa é que possa fazer frente ao site de buscas e lançar novas ferramentas de mídias de redes sociais alternativas ao Facebook, o futuro digital pode reservar ainda mais novidades.

 

Maria Mayer que foi contratada a quatro anos para dar uma virada na Yahoo foi ao que parece mal sucedida no negócio de fazer a marca entrar numa nova fase para uma empresa com mais de 20 anos de existência, e com o fato pertencer agora a uma operadora de telefonia móvel poderá auxiliar este avanço esperado.

 

No momento o que aparece ao público serão sites, aplicativos e diversos tipos de operações de vídeo, imagens e chats, mas o negócio já tem em vista participação na gigante de negócios Alibabá, onde a Yahoo Japan Corp. tem 35,5% de participação, então devem vir novidades.

 

 

 

 

Duas sínteses, e um novo caminho

26 jul

Questões antigas como “Como podemos entender o mundo que estamos?”Kristeva que a ciência julgou poder dar uma resposta definitiva se esquivando da pergunta: “O universo teve um criador” parecia desmontar aspectos metafísicos e hermenêuticos que colocariam todas as crenças da possibilidade de um Criador como mera superstição.

 

O questionamento da ciência reaparece no início do século XX, fazendo emergir questões novas sobre a lógica e a linguagem, e porisso o campo da filosofia da ciência cresceu desde Edmund Husserl com a fenomenologia, R.V.Quine que questionou o positivismo lógico, e Thomas S. Kuhn que identificou o meio pelos quais paradigmas da ciência crescem e morrem.

 

Mas duas guerras mundiais, sistemas totalitários e o desiquilíbrio da riqueza mundial nas mãos de poucos colocam todo o esforço filosófico e suas práticas e ações decorrentes em chefe, faz a filosofia retomar questões novas, pode-se enumerar vários autores, mas destaco duas mulheres filósofas ainda vivas: Julia Kristeva (1941- ) e Martha Nussman (1947- ).

 

Julia Kristeva tenta realizar uma síntese estruturalista e pós-estruturalista, avançando nos estudos de semiótica onde criou o conceito de pré-simbólico no sentido de anterior da gramática, colorindo uma das reviravoltas contemporâneos que é a linguística.

 

Retoma o conceito de intertextualidade, como elemento fundamental de toda teoria pós-estruturalista, de modo que o significado de um texto é informado por outros textos e pela nossa própria leitura acumulada de textos, e um conceito totalmente novo que liga sujeito ao objeto, chamado abjeção, que aponta como pessoas marginalizadas (negros, mulheres, doentes mentais, etc.), descritos no livro Poderes do Horror: um ensaio sobre abjeção (1980).

 

O Caminho de Martha Nussbaum (1947- ) é um retorno a filosofia clássica, e também um passo ao futuro por aquilo que ela chamou de “reflorescimento”, mas ao contrário de enfatizar o mal e a questão do mal (que também reaparece atualmente com Paul Ricoeur, O Mal um desafio à filosofia e a teologia), ela retoma a partir dos gregos com a fragilidade do bem ou da “bondade” (como foi traduzido), The Fragility of Goodness: Luck and Ethics in Greek Tragedy and Philosophy (1986).

 

A retomada ontológica parece um caminho comum a ambas, é possível observar toda influencia da fenomenologia de Husserl em Kristeva, e o caminho de Martha Nussbaum há diversos pontos de contato com toda filosofia contemporânea neste caminho

 

Gadamer e a hermenêutica filosófica

25 jul

O filósofo Hans-Georg Gadamer (1900-2002) aparece logo na introdução4filmes de sua principal obra “Verdade e Método“, ele declara qual é o propósito desta obra e de certa forma de seu pensamento filosófico: «A hermenêutica aqui desenvolvida não é, por conseguinte, uma metodologia das ciências humanas, mas uma tentativa de compreender o que as ciências humanas são na verdade, para além da sua autoconsciência metodológica, e o que as liga à totalidade da nossa experiência do mundo», o que revela uma tentativa de compor o conhecimento fragmentado a partir da filosofia.

 

Assim o objetivo de Gadamer não é, como pode há algumas interpretações, apenas a necessidade de uma obra metodológica no seio das ciências humanas, ou mesmo retomar uma disputa já um pouco desgastada o método entre as ciências naturais e as ciências humanas, porém permitir no âmbito do caminho inter e transdisciplinar que desponta, é o de dar discernimento e que tipo de verdade se podem “desvelar” nas ciências humanas.

 

Um aspecto essencial e pouco claro por causa de um discurso relativamente complexo, é que sua obra vê nas diversas filosofias um diálogo entre o passado e o presente, e sua própria obra é a continuidade de um diálogo convergente do pensamento atual existencial-ontológica.

 

Para Gadamer a experiência hermenêutica não é monológica, como a ciência, mas em que pese toda uma cultura centrada no Eu é possível uma leitura dialógica ou dialética num sentido diferente daquele da história universal de Hegel: «Tal como uma pessoa procura chegar a acordo com o seu parceiro (de diálogo) em relação a um objeto, também o intérprete compreende o objeto a que o texto se refere (…), ficando ambos em produtiva conversa, sob influência da verdade do objeto e ligados assim um ao outro numa nova comunidade», na qual «deixamos de ser aquilo que éramos», ou seja, há um diálogo ou uma resposta a autores diferentes no sentido que cada um responde a discursos anteriores.

 

Assim é possível numa análise textual, que o leitor leia escutando uma voz não familiar, permitindo que ele questione as suas preocupações atuais a luz de diversos pensamentos.

 

Mas devemos entender que o que nos “diz” um texto depende, por outro lado, qual é o tipo de perguntas que pode ser feitas claramente a determinado pensamento, bem como do nosso ponto de vista na história e da nossa capacidade de reconstituir aquela “pergunta” para a qual o texto é uma “resposta”, uma vez que o texto também é um diálogo com a sua própria história através do pensamento, então estamos diante da superação de cada dicotomia.

A história vista como “diálogo interminável” constitui uma visão de abertura total ao passado, ao presente e ao futuro.

 

Popper: um crítico específico de Hegel

22 jul

Embora a grande contribuição de Karl Popper lembrada no mundo acadêmico CiênciaNormalseja em relação a sua visão de ciência, a questão da ciência “normal” que surge das contribuições e acréscimos em paradigmas científicos, há uma contribuição mais profunda na crítica a Hegel.

Publicou em 1934 A lógica da pesquisa Científica, enquanto ainda era professor escolar, nela criticou o neopositivo lógico do Circulo de Viena, criando uma teoria que a falseabilidade potencial é o critério a ser usado para distinguir ciência de não ciência.

Depois emigrou para Nova Zelândia onde foi lecionar na universidade de filosofia na Universidade de Canterbury, em Christchurch.

Dizia corretamente que era herdeiro de David Hume e Immanuel Kant, mas sua abordagem empírica tem elementos novos, influenciado por W.V. Quine diz que a observação empírica não é “simples”, porque é sempre seletiva, no sentido de que ocorre a partir de uma perspectiva, e esta perspectiva é sempre favorável a corrente filosófica que conduz à pesquisa, mas ele vê a ciência como um esforço de resolução de problemas, e mesmo sendo humana é possível diferenciar se ela é ou não ciência “pela solução”.

A crítica a Marx, que coloca entre todos os sistemas “totalitários”, feita no seu trabalho a Sociedade Aberta e seus inimigos, parte da ideia que todos historicistas (inclui Hegel) usam de modo inapropriado a ciência, porque a história humana não pode ser “prevista”, mas além de filosofia da ciência fez também trabalhos de história da ciência, a partir dos anos 1960.
Os trabalhos de Michael Polanyi (1871-1976) e Thomas S. Khun (1911-1996), deste em especial a Estrutura das Revoluções Científicas, que mostra que Popper trata apenas da ciência normal e não dos períodos paradigmas, cita como exemplo a superação de Newton por Einstein, vão fazer que Popper refaça suas teorias influenciando a questão científica, mas não a filosófica.

Entre os livros mais conhecidos desta época: Conjectures and Refutations: The Growth of Scientific Knowledge, (1963), Objective Knowledge: An Evolutionary Approach, 1972, The Self and Its Brain: An Argument for Interactionism (1977, In Search of a Better World (1984), Knowledge and the Mind-Body Problem: In Defence of Interaction (1994).

Os trabalhos de Michael Polanyi (1871-1976) e Thomas S. Khun (1911-1996), deste em especial a Estrutura das Revoluções Científicas, que mostra que Popper trata apenas da ciência normal e não dos períodos paradigmas, cita como exemplo a superação de Newton por Einstein, vão fazer que Popper refaça suas teorias influenciando a questão científica, mas não a filosófica.

Entre os livros mais conhecidos desta época: Conjectures and Refutations: The Growth of Scientific Knowledge, (1963), Objective Knowledge: An Evolutionary Approach (1972), The Self and Its Brain: An Argument for Interactionism (1977), In Search of a Better World (1984), Knowledge and the Mind-Body Problem: In Defence of Interaction (1994).

 

Os críticos de Hegel

21 jul

Considero a mais importante aquela surgida a partir de Husserl, que tem Fenomenoraízes em Franz Brentano, porque daí surgiu grande parte do existencialismo, e três dos mais importantes pensadores contemporâneos: Heidegger, Paul Ricouer e Emmanuel Lévinas, há ainda Karl Popper, uma crítica a parte, que ficará para o próximo post.

 

Os primeiros críticos ferozes de Hegel são Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzche, ambos tiveram uma importante influência do transcendentalismo americano de Ralph Waldo Emerson  (1803-1882), e embora ambos tivessem também a influência de leituras orientais, é através desta influencia que pode-se explicar o subjetivismo transcendentalista de ambos, ou dito de outra forma, não tem rompido totalmente com o centro egóico da cultura ocidental onde o eu é de onde parte a filosofia, ambos farão discursos sobre a questão da “vontade”.

 

Karl Marx não é exatamente um opositor, parte do sistema Hegeliano de crença no Estado, e neste de certa forma em um tipo de “deus”, por exemplo, com a filosofia da história, ele faz o que ele próprio definia como um Hegel de cabeça para baixo, não um sistema do céu para a terra, mas da terra para o céu, mas qual foi paraíso celeste de Marx? Uma sociedade sem classes, o socialismo real revelou que acabamos construímos novas “castas” no poder.

 

Retornemos a Edmund Husserl (1859-1938), em trabalho da maturidade A crise das ciências europeias (1936), ele escreveu: “nossas reflexões críticas sobre Kant já nos tornou claro o perigo de conclusões impressionantes, mas ainda obscuras ou, se se quiser, a iluminação de conclusões puras na forma de vagas antecipações … e isso também tornou compreensível o modo como ele foi forçado em direção a uma construção conceitual mítica e uma metafísica perigosamente hostil a toda a ciência autêntica.”

 

Ele defendeu uma essencialismo, é famosa sua frase “voltar as coisas por elas mesmas”, mas é sua crença no modelo fenomenológico que cria bases para uma ciência autêntica, religada ao ser (o existencialismo viria com Heidegger, seu aluno que o sucedeu na academia) num novo transcendentalismo, assim explicado: “Nós mesmos seremos dirigidos a uma transformação interna pela qual ficaremos frente a frente – em experiência direta com – a dimensão há muito sentida mas constantemente ocultada do ´transcendental´. A base da experiência, revelada em sua infinidade, tornar-se-á então o solo fértil de uma filosofia de trabalho metódico, com a auto-evidência, além disso, de que todos os concebíveis problemas filosóficos e científicos do passado estão destinados a serem apresentados e resolvidos a partir desta base”, em sua obra magna “A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental” (1936).

 

Hegel: o ápice do idealismo

20 jul

Georg Wilhelm Friedrich Hegel(1770-1831) pode ser considerado o ápice doSistemaHegel idealismo mesmo para leitura divergentes, e para outros o máximo desenvolvimento da modernidade em seus três grandes projetos: o idealismo “puro”, o cientificismo e o estado democrático de direito.

 

Suas três grandes obras, os escritos de juventude e a formação cristão luterana também são importantes, Fenomenologia do espírito (ou da mente, já explico) de 1807), Ciência da lógica (1812-17) e Enciclopédia das ciências filosóficas (1817) (consideradas aqui como contíguas) e Princípios da filosofia do direito (1820), e é claro há vários outras obras.

 

Esclarecemos três equívocos o primeiro é sua filosofia do espírito, mas que pode ser considerada também da mente, a segunda é seu método que seria análise-síntese-antítese, o que foi escrito por um de seus comentaristas Heinrich Moritz Chalybäus (1762-1862), e no terceira é que sua historicidade é aquela da história numa dimensão temporal da existência humana, a da teoria da história que inclui fatos culturais e sócio-políticos.

 

Na filosofia do espírito a palavra em alemão Geistes (espírito) tem a raiz geist que indica mente, em inglês existem as duas versões, e alguns historiadores da filosofia (como Stephen Trombley) consideram que isto foi proposital de Hegel), pode-se explicar isto pelo fato que ao falar de espírito, dirá em Fenomenologia do Espírito: “A razão é o espírito quando a certeza de ser a realidade se eleva à verdade, e [quando] é consciente de si mesma como de seu mundo e do mundo como de si mesma”.

 

O tema da consciência é importante e será ele que guiará Hegel em suas obras sobre a lógica e as ciências filosóficas, não por acaso escreveu em Fenomenologia do Espírito sobre Ciência da experiência da consciência, assim como sua obra mais importante a filosofia do direito.

 

Nesta obra Hegel definirá eticidade como: “…a ideia da liberdade enquanto vivente bem, que na consciência de si tem o seu saber e o seu querer e que, pela ação desta consciência, tem a sua realidade”, vinculando a vontade subjetiva individual e a realidade.

 

São categorias essenciais para entender Hegel em-si, de-si e para-si se pode compreender melhor o que é de fato o conceito da moral hegeliana e sua relação com a pessoa, aqui não apenas por acaso chamado de indivíduo e sujeito, conceitos caros a todo o construto idealista.

 

Idealismo na idade da razão

19 jul

 

O empirismo não foi criado por David Hume, mas por John Locke, EmpirismoIdealismoentretanto será Immanuel Kant que inspirado em Hume, que dirá “ousar saber”, buscando uma sabedoria, numa visão dos iluministas longe das crenças e superstições, dirá Kant:

 

Esclarecimento [Aufklärung] é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude!” (Kant, 1783)

 

 

O período compreendido entre fins do século XVII e fins do século XVIII, conhecido como século das luzes, caracterizou-se pela crítica a toda e qualquer crença, pela crítica aos próprios instrumentos utilizados para a obtenção de conhecimento, e por considerar o conhecimento como algo que tem a finalidade de tornar a vida dos seres humanos melhor, tanto no campo individual, como na vida em sociedade.

 

Kant tentou reduzir a moral ao campo pessoal, que embora critique na Crítica da Razão Prática os perigos de uma sociedade exacerbadamente egóica de seu tempo, por ele como uma “mania do eu”, uma “patologia social”, que transforma a noção de respeito em um equívoco fundado no sentimento interno de cada indivíduo, estabelecerá para conciliar racionalismo com empirismo, que “Age como se a máxima da tua ação fosse para ser transformada, através da tua vontade, em uma lei universal da natureza.”, na sua Fundamentação da metafísica dos costumes.

 

Deste modo, sua razão é uma tentativa de superação da razão “pura” de Descartes, mas ainda permanecerá preso a ela, a razão kantiana não é o jeito de pensar de cada um, é algo necessário e universal, ou seja, todos serem são regidos por ela.

 

Pode-se dizer grosso modo que na filosofia idealista o princípio básico é que Eu sou Eu, num sentido mais próprio do idealismo,  o Eu é objeto para mim (Eu), para que sua dicotomia básica que é a oposição entre sujeito e objeto permaneça como incidente no interior do próprio eu, uma vez que o próprio Eu é o objeto para o sujeito (Eu).

 

O idealismo em sua complexidade é possível fazer uma divisão grosseira em três partes: (1749) ‘sistema filosófico que aproxima do pensamento toda existência’, (1828) ‘concepção estética na qual se deve buscar a expressão do ideal acima do real’, (1863) ‘atitude que consiste em subordinar o pensamento e a conduta a um ideal’, que encontrará seu ápice em Hegel.

 

 

KANT, Immanuel. (1783) Textos seletos. Petrópolis: Vozes, 2005

KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa, Ed. 70, 1995

 

Empirismo é racionalismo ?

18 jul

Seguindo nosso autor-guia Peter Kreeft, em seu imaginário diálogo de SócratesRacionalXEmpirico com Hume, agora Sócrates perguntará sobre o método e o que é verdade para Hume, tentando mostra-lo como racionalista, ao Hume afirma que não o é, Sócrates responde:
“SÓCRATES: Em sua teoria epistemológica, sim, mas não em seu método. O teu método, assim como o deles, consiste em reduzir ou dados à explicação, o complexo ao simples, a rica variedade da experiência às simples fórmulas universais.

HUME: Mas esse é simplesmente um dos elementos do método científico.

SÓCRATES: E isto significa que deva ser um dos elementos do método filosófico ?

HUME: Não há nada de absolutamente verdadeiro, ou falso, com relação a um método … um método é apenas uma ferramenta, um meio prático no fim de se encontrar a verdade. O que deveríamos debater é a verdade.

SÓCRATES: Concordo. Mas não pode ser a verdade que o método científico não é mais adequado para o filósofo que um método não científico para um cientista?

HUME: E que método usarias para comparar o método científico a qualquer outro método?

SÓCRATES: Eu usaria o método universal da lógica.

HUME: É justo.

SÓCRATES: E digo que o reducionismo viola as leis da lógica.” (Kreeft, 2014, p. 34)

 

O reducionismo é a base do racionalismo e também do empirismo, isto é a simplificação da realidade em fórmulas e processos aparentemente explicados, mas que são complexos.

 

O tema é anterior a modernidade, no final da idade média, o nominalista inglês William Ockham criou o método: “entre duas explicações escolha a mais simples”, e por causa dele isto ficou conhecido como Navalha de Ockham.