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Arquivo para novembro, 2016

O futuro e o acasalamento das baleias

30 nov

O capítulo 1 é finalizado com reflexões que fazem as interações passado-presente casalbaleiase presente-futuro dignas de amplo questionamento, só pelo fato de “vivermos no presente não significa que nós o conhecemos” e “nós perdemos a evolução linear, o vir a se programado, o futuro robotizado…”(MORIN, 2010, p. 34), ressalta o pensador francês.

É preciso retornar nosso olhar para o passado antes de desejarmos vislumbrar o futuro. Tomando as conceituações de Morin no livro em pauta, podemos considerar que enquanto crermos conhecer o passado educacional como algo já desvendado, ainda estaremos “[…] na noite e na neblina […]” (p. 52), tanto perdidos no presente como incapazes de ver o amanhã.

Osegundo e último capítulo, intitulado “o acasalamento das baleias”, ele se pergunta sobre  a a possibilidades de a sociedade global fazer nascer uma noção de “nova” humanidade. Nova por nossa conta, no período do livro, ainda havia a guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética, mas agora estamos ai com a morte de Fidel em Cuba, Donald Trump, a direita francesa quase no poder e Putin na Rússia, é uma volta ao passado?

Porque o acasalamento das baleias, porque elas são o símbolo da luta pelo planeta.

Morin aponta para a consciência sobre o potencial aniquilamento do planeta como os recursos de água, o reflorescimento e um dar-se conta da gravidade que evite a morte de todos.

Enfim,  Morin reflete em torno das possibilidades de resistência da sociedade global e em torno de um futuro catastrófico, a possibilidade de uma “megamorte” (MORIN, 2010, p. 56), que se tornaria um vetor para a construção de uma humanidade planetária, que evitasse a ruína do homem.

Além deste, outro ponto que o autor destaca é uma grande positividade em meio ao enganoso desenvolvimento econômico do neoliberalismo nascente: a percepção de que “o futuro não é mais a fulgurante marcha para a frente, ou, antes, é a fulgurante marcha para a frente das ameaças de aniquilamento que devemos resistir […]” (p. 62).

MORIN,E. Para onde vai o mundo? Tradução de Francisco Morás. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2010.

 

Para onde vai o futuro II?

29 nov

Comentamos apenas o prefácio do livro de Edgar Morin, para agora introduzir suas  futuroport ideias principais, o educador começa por descantar a ideia de uma previsão linear, a “ideia de que “o futuro se forjaria no e pelo desenvolvimento das tendências dominantes da economia, da técnica e da ciência”  (Morin, 2012, p. 11), isto já foi dominante mas verificou-se ineficiente.

Cita o perito dos peritos franceses, o presidente das Sociedades Estatísticas da França, Robert Gibrat que afirmou: “Nestes últimos vinte anos, os peritos regularmente se equivocaram”.

Descarta assim categoricamente, a concepção do vir a ser histórico como uma concepção simplista, é preciso conceber o futuro por uma concepção complexa, analisa por exemplo, a revolução Francesa, que preciso não apenas ser reescrita no século XIX, com idas e vindas como a Restauração por exemplo, mas por meio de experiências novas como a do socialismo no século XX, do bolchevismo, do stalinismo, do libertarismo, da destalinização, que correspondiam ao que chama de “brecha no presente”, onde: o conhecimento do presente requer o conhecimento do passado que, por sua vez, requer o conhecimento do presente.” (Morin, 2012, pag. 13)

Pois com certeza, o “o estado domundo presente carrega consigo, potencialmente, as situações do mundo futuro” e assim trata-se dentro da complexidade identificar estas potencialidades, que não são somente consequências das “criações/invenções atuais que podem ser eventualmente imaginadas” (idem).

Parte do futuro deve ser desvelada, ainda não tomou “forma no húmus do presente”, isto é, desvelar o que está morrendo, numa análise bem mais complexa e mais esclarecedora que o líquido simplista de Zygmunt Bauman.

Para Morin, “os princípios que permitem imaginar a evolução da história” (pag. 15), ao contrário de partir da “inépcia de toda predição fundada numa concepção evolutiva tão simplista … é multidimensional; ela comporta fatores geográficos, econômicos, técnicos, políticos, ideológicos … antes de tudo jogo de inter-retro-ações, isto é, elo em perpétuo movimento.” (idem)

Afirma que tudo que é evolutivo “obedece a um princípio multicausal. A causalidade é uma multicausalidade na qual não somente as inter-retro-açóes se combinam e se combatem entre si, mas também na qual todo processo autônomo produz sua causalidade própria, sempre sofrendo as determinações exteriores, isto é, comporta uma auto-exo-causalidade complexa.” (ibidem)

A análise de Morin que me parece apropriada para o momento, que é derivada de seu Método I – A natureza da natureza, é das “ações que desviam de seu curso, derivam, invertem seu sentido, provocam reações e contra-açoes que as submergem. Daí os efeitos bumerangue, onde o golpe não golpeia o inimigo, mas o autor, e os efeitos ´perversos, cujos burburinhos já estamos percebendo” (Morin, 2012, pag. 16).

Morin parece descrever os fluxos invertidos deste ano, ao dizer: “A história inova, deriva, desorganiza-se. Ela muda de trilho, descarrilha-se: a contracorrente suscitada por uma corrente se mescla com a corrente, e o descarrilador torna-se a corrente.” (pags. 16 e 17)

MORIN, Edgar. Para onde vai o futuro? Petrópolis: Vozes, 2012.

 

Diálogo e a geração Z

28 nov

Como a conversa com a geração Z é difícil, porque eles tem milhões de possibilidades, geracaozfacilidades de acesso a informação e rejeitam todo tipo de intolerância, desigualdade e fechamento, diz-se de modo muito equivocado, que eles não dialogam, seria verdade?

Antes de mais nada já falamos aqui destes estigmas de geração perdida, geração baby boom, etc. é muito equivocado, mas uso isto para dizer a geração que agora está na adolescência, ou seja nasceram pós geração millenium, a que nasceu até o ano 2000.

Ela tem uma multiplicidade de informações, quando veem TV transitam por diversos canais, mas é como se procurasse algo que a interessa e não encontrassem, navega na Web, vive conectada, e através disto participa das mídias redes sociais, baixa conteúdos no computador ou no celular, pratica jogos eletrônicos como se fossem esportes reais a até namora com a ajuda de teclado e mouse.

O enorme poder de escolha que tem contrasta com adultos fechamos de um universo mono ou bi-escolhas, eles é que são binários, e não a geração da Web, e para isso precisa não apenas de cabos e ícones, porém o que é mais importante de tudo precisam de pensamento, adultos não querem pensar, pois é mais fácil impor.

Para os que gostam de análises sociológicas, não é o forte desta geração pois sabem o suficiente, ou seja, estamos em crise, podemos entretanto delinear olhando alguns especialistas, sugerem que por estarem por estarem passando por uma Grande Recessão, a nossa primeira grande crise depois d crise econômica da Grande Depressão – porém não maior, a geração Z passa a ser dominadas por um sentimento de insatisfação e insegurança quanto a realidade e o futuro da economia e da política, estão, geração é confrontada com uma diferença de renda cada vez maior em todo o mundo e um forte stress no âmbito familiar pelas cobranças.

Ciberpolítica atrai uma parcela minoritária, são os adultos é que endurecem nas redes sociais,  pois na verdade esta é uma “geração bloqueada” como a chama o sociólogo português João Teixeira Lopes, segundo vários sociólogos.

Quando mais falamos, mais os bloqueamos, sentem acuados, quem não dialoga somos nós os adultos tão cheios de convicções e ideais já vencidas, isto tem levado mesmo com a maior das boas intenções aos jovens adotarem atitudes extremistas, difiro-as das radicais, porque estas sim são críticas e sem preconceitos.

Uma receita simples: ouçam de verdade, dialoguem de verdade, percam suas “certezas” e descobriram jovens maravilhosos e cheios de criatividade, por mais que eu ouça estas palavras nas bocas dos adultos, elas me soam na maioria das vezes, algo “da boca para fora”.

 

Para onde vai o mundo?

25 nov

Isto me acontece com frequência, entro numa livraria para ver um livro e outrparaondevaiomundopto pula direto para a minha mente, o fenômeno é menos comum na internet, e dizem que ela dispersa.

Para onde vai o mundo, de Edgar Morin parecia querer me confidenciar algo, sobre Trump improvável, sobre a ecologia talvez, o livro é de 1981, embora a edição brasileira de 2012.

As vezes pulo o prefácio, mas este de François L`Yvonnet é muito bom, começa falando da construção de uma obra solitária, embora Morin tantas vezes falou da mulher.

O prefácio de L`Yvonnet fala de sua “obra original, uma das mais consistentes de nossa época, que faz da complexidade um problema fundamental e um novo paradigma.” (Prefácio, pag. 7)

Fala do esvaziamento do homem, ajudaram a “despedaça-lo, a fragmentá-lo, privando-o de sua riqueza multidimensional (sua identidade é ao mesmo tempo biológica, psicológica e social)” (idem, pag. 8) .

Para L´Yvonnet o ser humano deve ser enriquecido de todas as suas contradições. O pensamento deve ser ´dialógico’, capaz de deixar fluir os contrários, que se complementam e se combatem.” (idem, pag. 8).

Repete Heráclito, “viver de morto e morrer de vida”, relembra as pseudo-sínteses antropológicas do homem “o homem não é apenas homo ´sapiens´(enquanto sabe e sabe que sabe), ´faber´(fabricador) ou ´oeconomicus´(calculador e movido exclusivamente pelo interesse pessoal), concepções estas que não deixam de ser redutivas (e narcisicamente valorativas), que colocam o ser humano de escanteio, isto é, isolam-no de tudo.” (idem).

O homem é “igualmente e indissolutamente ´demens´(enquanto inventa, imagina ou mata) e ´ludens´(enquanto se diverte, se exalta, se desgasta).” (idem).

O novo humanismo e o exame do futuro de Morin “resiste a qualquer reconciliação ou otimismo beato.” (idem), mas propõe um “humanismo planetário, que comporta uma conscientização da ´Terra-Pátria´como comunidade de destino de origem de perdição” (idem).

Isto é só uma degustação, para podermos falar para “Onde vai o mundo?”.

MORIN, E. Para onde vai o mundo? Petrópolis(RJ): Vozes, 2012 (3a. edição).

 

 

Filosofia, Inteligência Artificial e Deus

24 nov

Continuamos a leitura de Peter Kreeft, agora o interlocutor de Sócrates,dedodedeusia Peter Pragma está com urgência de resolver seu problema de profissão e procura Sócrates.

Peter começou as aulas de filosofia e o professor colocou a questão: qual a diferença entre a inteligência humana e a inteligência dos computadores, isto o remeteu a ideia de entrar na computação, estamos na página 55, ao que Sócrates indagou:

SÓCRATES: Você quer se transformar num programa de computador, você quer dizer? Pois a única coisa que entra nos computadores. É a única linguagem que os computadores entendem.

O professor lançara esta pergunta que Sócrates considera-a fácil de responder, mas Peter não quer nenhuma evasiva, e Sócrates vai direto ao ponto:

SÓCRATES: A inteligência artificial não pode fazer aquilo que a sua inteligência natural acaba de fazer.

PETER: O quê ?

SÓCRATES: Ela continua fazendo.

PETER: Oh … oh. Fazendo perguntas, é isso.

SÓCRATES: Parabéns. Você encontrou o tesouro.

Peter e Sócrates vão dialogando e percebem que a origem mesmo de sofisticados programas, como de inteligência artificial, devemos falar em “pessoas” e não apenas em máquinas.

Mas qual o princípio disto tudo? Precisamos primeiro de um programador não programado, ou de um programador que possa questionar sua programação, há uma peça inicial do dominó.

PETER: isso soa como um novo argumento para a existência de Deus.

SÓCRATES: O mesmo princípio funciona tanto num caso como no outro. É o princípio da causalidade, que diz que você não pode dar aquilo que não tem, que efeitos não podem existir sem as causas adequadas, que não pode haver menos na causa total do que no efeito. …

PETER: Eu não sei quanto a Deus. Vamos falar de algo que nós conhecemos: nós mesmos.

SÓCRATES: Algo que você conhece, talvez. Quanto a mim, eu acho o eu um mistério, do mesmo modo como acho Deus um mistério.

Peter relembrará a frase de Sócrates: “conhece-te a ti mesmo”, e dirá:

PETER: Porque é tão difícil conhecer-se a si mesmo, Sócrates?

SÓCRATES: Porque o eu é o próprio cognoscente. Como pode o sujeito tornar-se seu próprio objeto? Como pode o eu tornar-se isto ? É por isso também que eu acho Deus um mistério. O eu humano é uma imagem do Eu divino.

e continua …

 

A tecnologia e as larvas

23 nov

Estamos lendo o tópico 3 do capítulo I: Da tecnologia e das larvas, do livrolarvas de Peter Kreeft: As melhores coisas da vida, e .o questionamento é o que de fato é o produto das tecnologias.

Sócrates vai questionar o que é “ciência séria” que foi como a biotecnóloga Marigold se refere ao seu trabalho valorizado, Sócrates diz que Ciência vem de scio que significa “eu sei”, enquanto tecnologia de techn “saber fazer”, e diz que é uma espécie de magia, e que foi na idade médica que magia e a ciência nasceram, estamos na página 48.

Ao retornarem a questão da idade penetram no âmago do livro, qual seria a melhor resposta para uma pergunta ainda mais importante, a questão do summum bonum, o bem supremo..

Lembremos que o diálogo anterior tinha finalizado com a ideia se um bom vinicultor poderia oferecer vinho a um alcoólatra, Peter Pragma retorna a conversa porque agora quer saber o queria saber o que é vida boa, e agora começa a entender que deve saber o que é o bom.

MARIGOLD: … O que é mais importante que a conquista da natureza? E, além disso, não havia milhares de respostas diferentes, diferentes religiões e filosofias, mitos, credos, códigos e cultos?

SÓCRATES: Sim, mas todos eles tinham um motivo em comum, que era oposto dessa sua tecnologia.

MARIGOLD: Um único motivo? E porque não é algo óbvio, então? Não entendo.

SÓCRATES: Talvez porque seja óbvio demais para poder ser percebido por olhos repletos de larvas.

MARIGOLD: Chega! O que é?

SÓCRATES: Todos eles estavam de acordo quanto a coisa mais importante na vida era conformar, de algum modo, a alma humana à realidade objetiva. A sua filosofia de “conquista da natureza” crê que a coisa mais importante é conformar a realidade objetiva aos desejos da alma humana.

Marigold dirá que isto é o progresso, depois saem pela discussão da existem deuses, Sócrates argumentará se existe um princípio comum nas crenças, daí vão para a discussão sobre o que é a profissão superior, qual delas buscaria o sobre-humano e voltam a ideia se é possível dominar a natureza ou conformá-la ao homem.

Finalmente voltam a questão da prática, Marigold dirá que a filosofia não mata a fome, ao que Sócrates argumenta que ainda assim ela não é um bem supremo, e qual seria o bem superior.

PETER: Essa é a primeira questão, não é, Sócrates ? Se não existem deuses, então a tecnologia é superior, pois não há nada com que se conformar, e nós devemos fazer com que a natureza se conforme a nós. O que mais deveria ser feito?

Marigold não quer falar sobre este tema, se despede da conversa, e Peter e Sócrates irão para a questão sobre a inteligência dos computadores.

 

Sócrates, a boa vida e a tecnologia

22 nov

Antes de finalizar o capítulo da educação liberal, Sócrates lembra sua celebrebiotecnologia frase: “conhecer-se a si mesmo” e retoma a ideia que “uma vida não examinada não vale a pena ser vivida”, assim que sai o seu interlocutor Peter Pragma para pegar um café e espairecer as ideias.

No tópico 3 do capítulo I: Da tecnologia e das larvas, o amigo que havia saído para tomar um café se deparou com a máquina quebrada e disse que se tornaria um técnico.

Sócrates lembra o caráter imediatista e simplista de escolher uma profissão, e Peter afirma que já não pode aguentar mais interrogatórios, então Sócrates pensa em um modo de mudar a própria metodologia que é a pergunta, “talvez haja um modo” e Peter se anima.

Mas seria ilógico Sócrates abandonar seu método, o que ele faz é chamar uma moça próxima chamada Marigold Measurer (algo como medindo as Margaridas, explica a nota de rodapé da página 42), a moça concorda mas fica intrigada com Sócrates, acha que é um psicólogo.

Mas Sócrates diz, bem a gosto de uma filosofia mais contemporânea, que é uma “espécie de conscienciólogo … sou um filósofo”, Marigold pergunta se é o departamento dele, o que refuta prontamente, seria contraditório ter um departamento de filosofia, já que filosofia não é um departamento.

A conversa de desenrola com Marigold mantendo certo segredo de seu trabalho, mas reafirmando que os trabalhos hoje tem certa “hierarquia” e questiona o lugar da filosofia, e finalmente Marigold diz que trabalha com engenharia genética.

Sócrates então questiona o papel da tecnologia de subordinar a natureza e sugere que sejamos apenas “amigos” dela, pergunta “porque gostaria de conquistar sua mãe? Só conquistamos nossos inimigos”, está na página 45.

Questionada se não teria medo de “perder o controle” do seu trabalho, Marigold afirma que seu trabalho é sério, ao que Sócrates pergunta se um produtor de vinhos seja sóbrio, “seria correto que ele fornecesse seu produto a um alcoólatra ?” finaliza na página 46.

O diálogo sobre a tecnologia ainda continua, mas podemos ficar com a pergunta de Sócrates.

KREEFT, P. As melhores coisas da vida. Campinas: Ecclesiae, 2016.

 

Melhores coisas da vida e a prática

21 nov

Continuamos a leitura de Peter Kreeft, no suposto diálogo de Sócrates comevolucao Peter Pragma, agora estão conversando sobre profissões, e Peter diz:

“PETER: Bem, é isso que eu escolheria: ciências práticas, não teóricas. Tecnologia

SÓCRATES: Certo. Até agora mencionamos três áreas de estudo para você: negócios, ciências práticas, ou tecnologia, e artes liberais. Você vê o que cada uma delas pode lhe dar?

PETER: Claro. Negócios: trará dinheiro, tecnologia poder, e artes liberais dor.

Continuam o diálogo e mais adiante diz Sócrates:

SÓCRATES: E quais são os fins para os quais o poder e a tecnologia são meios?

PETER: Fazer do mundo um lugar melhor para se viver. Carros, foguetes, pontes, órgãos artificiais e Pac-Man.

SÓCRATES: Então, a tecnologia melhora as coisas materiais do mundo.

PETER: Sim, inclusive nossos próprios corpos. Isso é bastante importante, você não acha?

SÓCRATES: Oh sim. Mas eu me pergunto se não deve haver algo ainda mais importante para nós. Se nós pudéssemos melhorar nossas próprias vidas, nossas próprias ações, nosso próprio comportamento … “ (Kreeft, 2016, p. 34)

Não é conclusivo, mas o raciocínio se completa de certa forma na página 35, onde Sócrates diz sobre o bom e o bem:

SÓCRATES: Bem, não necessariamente “melhor” num sentido absoluto e ilimitado, sobretudo se usamos “bom” e “bem sem defini-los. … “ e continua, mas Peter refuta:

PETER: Política e ética? Impossível. Eu quero algo prático.

Voltaremos então a questão da tecnologia no próximo tópico.

KREEFT, P. As melhores coisas da vida. Campinas: Ecclesiae, 2016.

 

Hermenêutica do “bom” ladrão

18 nov

Uma das passagens mais enigmáticas, mas também mais esclarecedora do ponto de vistabomladrao de busca da verdade, é aquela em que um dos crucificados ao lado de Jesus, o ladrão Dimas que mesmo sendo ladrão (o bom é por conta da cultura popular) entende que há entre eles alguém que não é ladrão e mesmo assim está injustamente pagando por algo que não fez.

É importante, porque se fala hoje em dia em acordos de leniência, aquele em que tendo cometido um crime alguém resolve repará-lo colocando as claras os fatos, mas também deve haver um compromisso de não participar mais de processos ilícitos, mas há garantias desta “mudança” de atitude?

O que está confuso nos processos legais de hoje é muito simples, as pessoas mudaram de comportamento e de mentalidade, e reconhecem o imenso erro de roubar o dinheiro público?

Na passagem descrita no evangelho de Lucas (23,35-43), há este diálogo , primeiro entre os dois ladrões: 41Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”.

E depois, Dimas se volta para Jesus e diz:

42E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. 43Jesus lhe respondeu: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.

Esta passagem é verdadeiramente extraordinária, porque se resolvemos mudar de mentalidade, isto é, uma verdadeira “metanóia” que sempre é possível, embora rara, podemos entrar num processo de felicidade novo, mas sem resmungar, reconhecendo o erro.

Há pessoas que nunca se arrependeram, nunca mudaram, nunca cresceram.

 

As melhores coisas da vida

17 nov

Não é não um manual nem uma mensagem de autoajuda, há milhares hoje em dia, peterkreefto livro de Peter Kreeft mergulha seu olhar nos dogmas da vida moderna: o poder, o prazer, a verdade e a boa vida.

Creio que há muita gente lendo-o sem citá-lo, não porque seja brilhante, mas sim inspirado, veja esta frase no final do seu prefácio, supondo que Sócrates, o filósofo, aparece miraculosamente em uma universidade questionando convicto de que: “uma vida não examinada não vale a pena ser vivida”, parece que já li algo parecido.

No preâmbulo, feito por um suposto Ânito de Atenas, ao que eu saiba não há tal figura, lembra que o oráculo da antiguidade clássica nos ensinou a questionar “nossos antigos deuses, a fundação de nosso Estado … mas destrona dois deuses de nossa sociedade: o Poder e o Prazer, colocando no lugar deles uma divindade vaga e invisível, que Sócrates sequer nomeia …. “ (Kreeft, 2016, p. 11).

Lembra que “nós nomeávamos diversos deuses, mas Sócrates não.”, e lembra que o altar construído por Sócrates, ao deus desconhecido portanto não há estátua alguma, é o Deus do apóstolo Paulo, em Atos 17, também “destruidor de utopias seculares – tanto as suas como as nossas.” (Kreeft, 2016, pág. 12).

No capítulo I tópico 2, “Da educação liberal e das carreiras” (páginas 25 a 40), ele aponta como há milhares de coisas para nos distrair, o autor se põe na figura imaginária de Peter Pragma (da pragmática?), o que é o bom em si mesmo ? e recebe a resposta do resposta:

SÓCRATES: Que tal a felicidade? Escolhe-se a felicidade como meio para algo diferente – riqueza, ou prazer, ou reputação? Não se escolhe, ao contrário, todas essas coisas como meios para a felicidade? (Kreeft, 2016, p. 27) e vai questionando tudo como tais ]”meios” até chegar ao dinheiro, então recebe do Sócrates revivido:

SÓCRATES: Então você está interessado nesses cursos, ciências e negócios, como meios paa obter um bom emprego, e o emprego como meio de ganhar dinheiro, e o dinheiro como meio de comprar “uma fatia de bolo”, certo ?  PETER: Na mosca. (Kreeft, 2016, p. 29).

SÓCRATES: Agora você também acertou na mosca. Sim, Essas coias que você esperar comprr com seu dinheiro seria algumas delas teria um fim em si mesma? Um carro, por exemplo? Ou uma casa? (idem, pag. 30).

Tudo vai sendo questionado por Sócrates, seguindo a lógica “uma ida não examinada não vale a pena ser vivida” (pag. 39), mas o próximo passo é o que é ser questionado numa “lógica”.

 

KREEFT, Peter. AS melhores coisas da vida. Campinas: Ecclesiae, 2016.