Arquivo para abril 20th, 2017
Para retomar o conhecimento
Já citamos aqui o livro “Cabeça bem-feita” de Edgar Morin e agora detalhamos alguns aspectos que ajudarão a construir a educação para o futuro:
“O pensamento que une substituirá a causalidade linear e unidirecional por uma causalidade em círculo e multirreferencial; corrigirá a rigidez da lógica clássica pelo diálogo capaz de conceber noções ao mesmo tempo complementares e antagonistas, e completará o conhecimento da integração das partes em um todo, pelo reconhecimento da integração do todo no interior das partes.” (Morin, p.92-93)
Para uma educação que consiga focar em integrar pedaços de conhecimento em um conjunto de conhecimentos significativos para uma cabeça bem-feita deve ligar: “a explicação à compreensão, em todos os fenômenos humanos. Vamos repetir aqui a diferença entre explicação e compreensão.” (pag. 93)
Mas o que é explicar: “ é considerar o objeto de conhecimento apenas como um objeto e aplicar-lhe todos os meios objetivos de elucidação. De modo que lhe há um conhecimento explicativo que é objetivo, isto é, que considera os objetos dos quais é preciso determinar as formas, as qualidades, as quantidades,
e cujo comportamento conhecemos pela causalidade mecânica e determinista.” (idem)
Não significa abandonar a explicação objetiva, geralmente ligada a fenômenos da natureza: “A explicação, claro, é necessária à compreensão intelectual ou objetiva. Mas é insuficiente para a compreensão humana” (idem)
O conhecimento humano exige a troca de sentido entre sujeitos, rejeita a ideia de um único sentido: “de sentidos entre os sujeitos. “A partir daí, compreender comporta um processo de identificação e de projeção de sujeito a sujeito” (p. 93), a chamada intersubjetividade.
Mas isto requer dois esforços em direções opostas, primeiro é preciso para “a compreensão [ser] sempre intersubjetiva, necessita de abertura e generosidade” (pag. 93), enquanto por outro lado combater a superficialidade e ignorância, ou seja, “precisamos, pois, estar intelectualmente rearmados, começar a pensar a complexidade, enfrentar os desafios da agonia/ nascimento de nosso entre-milênios e tentar pensar os problemas da humanidade na era planetária“(p. 104), aqueles que pensam ter soluções prontas ou já saber de tudo estarão fora deste tempo e deste novo pensamento.
Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução de Eloá Jacobina. 9. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004