Arquivo para agosto 7th, 2017
Pós-modernidade e confiança
O livro de Anthony Giddens que se refere Às consequências Modernidade analise que o “estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influencia” (Giddens, 1991, p. 17-20) aprofunda o tema sobre a (in)existência de uma “pós-modernidade” que não tem a menor importância, pois é apenas uma questão terminológica, já que sabemos que a modernidade passou, e que hoje não basta inventar novos termos para a compreensão dos fenômenos sociais, mas dizer o que de fato é a própria natureza da Modernidade.
Entre os diversos tópicos abordados ali um é assunto recorrente em minhas leituras, que é o o ritmo da mudança da era da Modernidade e o escopo da mudança, pois já algumas das transformações sociais penetram virtualmente no mundo todo e com isto a natureza intrínseca das grandes instituições modernas, sem nenhuma correspondência em períodos históricos anteriores, já acontecem como por exemplo “o sistema político do Estado-nação, a dependência por atacado da produção de fontes de energia inanimadas, ou a completa transformação em mercadoria de produtos e trabalho assalariado”, uma vez que idealistas como Hegel pretenderam que estas instituições fossem “eternas”.
Um segundo relevante é a relação com o conhecimento, para ele “o conhecimento sociológico espirala dentro e fora do universo da vida social, reconstituindo tanto este universo, como a si mesmo como uma parte integral deste processo” (Giddens, 1991, p. 24) como quer o cientificismo moderno, mas parece também estar em cheque.
O terceiro tema particularmente importante, é o tema da confiança, já tratado em autores como Nicklas Luhmann e Talcot Parsons , afirma Giddens citando a definição de confiança feita pelo Oxford English Dictionary, que esta seria compreendida como “crença ou crédito em alguma qualidade ou atributo de uma pessoa ou coisa, ou a verdade de uma afirmação” (GIDDENS, 1991, p. 38).
Giddens adverte a mudança deste tema para o de sistemas, como no caso de Luhmann, onde:
“Um dos significados disto, numa situação em que muitos aspectos da Modernidade tornaram-se globalizados, é que ninguém pode optar por sair completamente dos sistemas abstratos envolvidos nas instituições modernas. Este é mais obviamente o caso de fenômenos tais como o risco de guerra nuclear ou de catástrofe ecológica.” (GIDDENS, 1991, P. 88).
Tanto a ideia crença como a de crédito , para o autor, estão vinculadas de algum modo à ideia de fé.
O próprio Giddens esclarece que Luhmann distingue fé e confiança, ressaltando que esta deve ser compreendida especialmente em relação ao risco, um termo originado a partir da época moderna.
Sem concluir o que entende-se por confiança ainda, pós-modernidade refere-se, na visão de Giddens ao processo em que: “todos os fundamentos preexistentes da epistemologia se revelam sem credibilidade; que a história é destituída de teleologia e consequentemente nenhuma versão de progresso pode ser plausivelmente defendida; e que uma nova agenda social e política surgiu … “ (GIDDENS, 1991, P. 36)
GIDDENS, Anthony. As conseqüências da Modernidade. Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Unesp, 1991.