Arquivo para agosto 18th, 2017
A questão da mulher e um enigma
A questão feminina, sobre violência e o papel da mulher na sociedade é tão antiga quanto a história da humanidade, a tragédia grega Édipo Rei é icônica a ponto de influenciar os estudos da psicanálise moderna.
Mas há um enigma escondido nos escritos cristão, quando se lê na passagem bíblica de Lucas, sobre a visita de Maria a Isabel, que esta lhe pergunta: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lucas 1, 43), hora a prima Isabel ainda não sabia que Maria estava grávida, e ao fazer a pergunta refere-se a ela como “Mãe do meu Senhor”.
Qual o enigma ? é muito simples, se Deus é criador, como pode a criatura criar o Criador, poderia numa interpretação simplista dizer, oras é mãe de Jesus e Jesus foi só homem, mas sendo ele Deus, se o admitimos, então temos um enigma, e outro ainda maior que a Trindade é uma, e ainda a leitura diz que Isabel ao dizê-lo estava “cheia do Espírito Santo”.
Mãe de Deus, em grego Theo-tokus, em português Teotoco, foram estudada por Orígenes (254), Atanásio (33) e João Crisóstomo (440), em 431 o Concílio de Trento decretou esta doutrina, e, portanto está na origem de “todo cristianismo” e não só em parte dele.
Bom e quanto aos não cristãos, retornemos a tragédia de Édipo Rei, não dissemos, mas fica nas entrelinhas a questão do poder masculino e o feminino, a questão do machismo ela está lá afinal Jocasta é a vilã, e tanto o Marido quanto o filho-marido Edipo de certa forma a culpam. Jocasta como responsável pela tragédia, ainda que ela tentasse dissuadir o marido de matar o filho, e o filho de se matar.
Até mesmo a Esfinge, que é uma misto de mulher alada e leoa, aterrorizava Tebas, vai indagar Édipo “qual é o ser que dípous, tripous e tetrapous ? , e que no fundo indaga sobre a vida humana, engatinha quando criança, caminha sobre dois pé na juventude e precisa de bengala na velhice.
Aceitar a figura de Maria Teotocos, é também aceita igualdade de gênero, o fim de uma estrutura de poder que atingiu a família durante milênios, o fim do machismo, é um passo cultural, espiritual e de certa forma místico para um novo tempo.