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Arquivo para outubro, 2017

Consciência e Informação

31 out

O evento EBICC recebe hoje (31 de outubro) a palestra de Gregory Chaitin, Chaitinmatemática e cientista de informática que apresentou o Theorema da Incompletude de Gödel e ele é considerado um dos fundadores da atual complexidade de Kolmogorov (ou Kolmogorov-Chaitin) juntamente com Andrei Kolmogorov e Ray Solomonoff.

Hoje, a teoria da informação algorítmica é um assunto comum em qualquer currículo de ciência da computação.

Resumo:

Ele faz uma revisão das aplicações do conceito de complexidade ou informação algorítmica em física, matemática, biologia e até mesmo do cérebro humano, e propõe a construção do universo de informações e de computação, em vez de matéria e energia, o que seria uma visão de mundo muito mais amigável para discussões sobre a mente e a consciência do que o permitido pelo materialismo tradicional.

Os fundamentos de seu pensamento pode ser encontrado no livro: Meta Mat – Em Busca do Omega. SP: Editora Perspectiva, 2009.

 

Duas palestras abrem o EBICC

30 out

A base da auto/não distinção na vida e na mente”                        EBICC

Esta será a palestra de Terrence Deacon na abertura do evento Encontro Brasileiro Internacional de Ciências Cognitivas, Deacon é professor da BerKeley US e um antropólogo e biosemiótico sobre o qual já escrevemos alguns posts.

Resumo:

Deacon irá descrever uma organização dinâmica comum que subjazia a sensibilidade vegetativa auto conservadora característica de todos os organismos vivos e mostra como isso é relevante para a neurologia da sensibilidade subjetiva; isto é, a consciência. A dinâmica básica envolve processos auto organizados que se restringem reciprocamente e se preservam mutuamente e, assim, criam uma descontinuidade autossustentável.

Seu argumento que a diferença entre a sensibilidade vegetativa e subjetiva é devido ao modo como a sensibilidade subjetiva é constituída por uma relação entre a sensação vegetativa neurológica de ordem superior e a sensação vegetativa somática da ordem inferior. Uma vez que cada um depende do outro, mas de maneiras hierarquicamente assimétricas, isso cria o que Hoffstadter descreve como um “loop estranho” emaranhando esses dois níveis de sensibilidade. Ele fornecer exemplos dessa organização dinâmica em contextos orgânicos e neurológicos.

“Conhecimento e incerteza na física – Fundamentos e aplicações”
A segunda palestra na abertura do EBICC será proferida por Constantino Tsallis, físico de renome internacional que generalizou os resultados da constante de Boltzmann, importante para os fundamentos da entropia.
Resumo da palestra
Os pilares da física contemporânea são considerados a mecânica estatística newtoniana, relativista e quântica, o electromagnetismo de Maxwell e a mecânica estatística Boltzmann-Gibbs (BG).
É dentro desse domínio que surgem as quatro constantes físicas universais, a saber, a constante gravitacional de Newton G, a velocidade da luz c, a constante de Planck h e a constante de Boltzmann k. A teoria das probabilidades e a noção de incerteza entram em todas essas teorias de uma maneira ou de outra. No entanto, nas estatísticas BG e, consequentemente, na termodinâmica, eles desempenham um papel absolutamente crucial através do conceito de entropia. Entropy foi introduzida por Clausius por volta de 1865 e sua conexão com o mundo microscópico (átomos e outros) foi introduzida pela primeira vez por Boltzmann, e mais tarde por Gibbs, na década de 1870. Desde então, tornou-se habitual em física e em outros lugares considerar que a expressão BG é a única entropia fisicamente admissível. No entanto, foi avançado em 1988 (C. Tsallis, Journal of Statistical Physics 52, 479) que não é assim. As motivações históricas, os fundamentos epistemológicos e as aplicações ilustrativas em sistemas complexos naturais, artificiais e sociais, desta teoria serão brevemente apresentados e discutidos

 

O OUTRO e o Amor cristão

27 out

Este é o post de número 2000, em comemoração queria dizer o que é maisOZoto profundo em meu sentimento religioso.
O conceito do Outro conforme descreve o filósofo Emmanuel Lévinas pode ser definido assim: “A qualidade das relações que o homem trava com o outro depende não apenas da simpatia de que é investida, mas também, do conhecimento recíproco dos protagonistas.”
Usando este conceito todo o fundamento e prática religiosa poderia ser reduzido a duas coisas muito simples: “ama teu próximo” e ama a Deus, é o que conta um texto do novo testamento, onde os fariseus sabendo que Jesus já calara os Saduceus, em Mateus 22, 36-40, eles fazem uma nova armadilha para Jesus:
“Mestre, qual é o maior mandamento da lei?
Respondeu Jesus: “‘Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito’.
Este é o maior e o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’.
Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas”.
E pergunto quanta coisa feita em nome do Amor e que fere os outros, que insuflam preconceitos e desconsidera pessoas, muitos ainda que proclamem estes valores não conseguem vivê-los como prática de vida.

Post2000

 

O Outro, a complexidade e a consciência

26 out

A preocupação com a identidade gestou a modernidade e com a questão daOoutro liberdade individual ela se expande, já postamos na semana passada sobre a diferença entre ética e eticidade, o que traz consigo a questão da individualidade como subjetividade, sujeitos e objetos estão separados desde a origem do pensamento liberal, agora entrando em ocaso.
O problema moderno é tornar o convívio humano “humanizado”, fundado na justiça, na solidariedade e em valores que incluam o respeito ao outro tem-se tornado um dos maiores desafios da convivência humana na atualidade.
Muitos parecem não acreditar mais que estes valores devem ser observados na vida social e pessoal, na política e nas relações econômicas, e o que é mais triste, mesmo no pensamento religioso onde o amor, a caridade ou a compaixão deva ser observada ao Outro.
Há um desejo de transgredir qualquer limite imposto, questionam valores mais elementares e confundem a liberdade com a autodeterminação, as vezes pessoal, as vezes em grupos.
Educar eticamente pressupõe esse processo de orientação rumo à liberdade consciente, por isso o diálogo sobre o que é consciência não é secundário, e consciência só faz sentido se é consciência de algo, assim pensar sobre o que é sociedade, política e religião é essencial.
Assim como não faz sentido “obrigar” alguém a respeitar o outro, mas é possível proporcionar oportunidades para tornar as relações entre as pessoas mais justas e solidárias, ao mesmo tempo em que se tenta combater os pré-conceitos injustos, no círculo hermenêutico o filósofo Hans Georg Gadamer explica que todos temos pré-conceitos, que são em ultimas instancia os valores que pautamos nossas vidas, questioná-los e colocá-los em discussão é essencial.
Por meio de uma pedagogia ética se criam as condições para o bem comum e o respeito mútuo, enfim, para a realização dos indivíduos como sujeitos éticos, na sociedade o bem-comum fundamental para todos, na justiça aceitarem normas legais para todos e para cada um e na religião seria fundamental lembrar o “mandamento novo”: ama teu próximo.

 

A constante de Tsallis, um greco-brasileiro

25 out

A expansão do universo, especulação a partir da ideia da expansão dos gasesaoTsallis, que deu origem a Teoria do Big Bang é hoje uma das teorias mais aceitas sobre a criação do universo.
Há uma consequência que foi feita a partir da chamada Mecânica estatística extensiva, que foi publicada em um trabalho recente de Constantino Tsallis em 2009, pela Springer: Introduction to nonextensive statistical mechanics : approaching a complex world , que generaliza a teoria de Boltzmann-Higgs ainda mais fundamental que a entropia pois inclui resultados atuais.
A generalização da Entropia que foi reformulada em 1998 por Tsallis é um resultado de relevância para a física e já foi muitas vezes debatida pela teoria física mundial, ele descreve de modo mais preciso os comportamentos em lei de potência de uma larga gama de fenômeno, tais como, a turbulência de fluidos até fragmentos em colisões de particulas em altas energias.
As aplicações também são inúmeras desde mecânica dos fluidos até a detecção e câncer de mama e a criação de novos materiais.
Quem se interessa por detalhes pode ler o artigo pode acessá-lo pelo link Statistical Mechanics for Non-extensive Systems and Long-Range Interactions, Constantino Tsallis estará no EBICC que se inicia na próxima semana na USP – SP – Brasil.

Constantino Tsallis é nascido na Grécia, cresceu na Argentina e tem também a nacionalidade brasileira, porém para nós brasileiros será um grande orgulho se reconhecerem a importância do seu trabalho para a física.

 

A Biosemiótica e Terence Deacon

24 out

Natureza Incompleta: Como a Mente emerge da Matéria é um livro de aDeaconTerrence Deacon, antropólogo e biosemiótico, que aborda as origens da vida e o filosofia da mente, com novas tentativas de resposta de como a natureza emergiu.
O livro procura explicar conceitos como intencionalidade e normatividade em um propósito diferente ao da fenomenologia, mas considerando-os com um propósito mais funcionalista, chama entenacionais (no sentido ontológico de entes), mas agrupados e por isso “nacionais”.
O livro explora as propriedades da vida, o surgimento da consciência e a relação entre processos evolutivos e semióticos.

O livro especula sobre como propriedades como informação, valor, propósito, significado e comportamento direcionado final surgiram da física e da química.
Os críticos do livro argumentam que Deacon atraiu fortemente as obras de Alicia Juarrero e Evan Thompson sem fornecer citações completas ou referências ao autor, mas uma investigação da UC Berkeley inocentou Deacon que é professor lá.
Em contraste com os argumentos apresentados por Juarrero em Dynamics of Action (1999, MIT Press) e por Thompson in Mind in Life (2007, Belknap Press e Harvard University Press), Deacon rejeita explicitamente as afirmações de que fenômenos vivos ou mentais podem ser explicados por dinâmicas abordagens de sistemas.
Em vez disso, Deacon argumenta que as propriedades da vida ou da mente só emergem de uma relação recíproca de ordem superior entre processos auto-organizados.
Terence Deacon estará em São Paulo, no evento de Ciências Cognitivas EBICC.

 

E a Computação Quântica

23 out

Enquanto a computação digital trabalha com 0 e 1, a computaçãoaCompQubit quântica poderá usar um conceito de 0 e 1 simultâneos, efeito conhecido pelos físicos como “entrelaçamento” e quando foi enunciado foi chamado por “efeito fantasmagórico” por Einstein, Podoslki e Rosen, sendo assim conhecido pela sigla EPR.
Este fenômeno permite o processamento de várias operações simultâneas, os qubits (bits quânticos) poderão usam os seguintes princípios do processamento de fótons:
– partículas de luz, a luz tem propriedades de partículas,
– íons presos ou armadilha de íons, área conhecida com spintrônica,
– qubits supercondutores, processamento a velocidade da luz praticamente, e,
– centro de vacância de nitrogênio, fenômeno já observado em diamantes imperfeitos.
Computadores quânticos criarão novas aplicações, tais como, modelar variações de reações químicas para descobrir novos medicamentos, desenvolver novas tecnologias de imagem (hologramas aplicados a comunicação, e desenvolvimentos baterias e novos materiais e eletrônica flexível).
Mas a aplicação mais revolucionária será a internet quântica, totalmente usando as partículas de luz (fótons), havendo também uma proposta que usa a luz interagindo com a matéria, o futuro nos espera.
Os projetos ainda estão em desenvolvimento, mas já com muitos resultados.

 

Estado Moderno, eticidade e valores

20 out

O conceito de eticidade e de estado dos posts anteriores foram para alertarACivilRightsPt que a quebra de valores, ao contrário do quem dizem muitos autores, não se trata de uma desconexão com a realidade ou mesmo uma falta de presença do estado na sociedade moderna, mas uma compreensão inexata da complexidade do mundo moderno e seus valores.

A Eticidade hegeliana, definida como “… a ideia de liberdade enquanto vivente bem, que na consciência de Si tem o seu querer e o seu saber” (Hegel, 1997)

Paul Ricoeur (2008) apresentou a justiça tanto como regra moral como sendo uma instituição, como é no estado moderno, mas estabeleceu uma distinção clara entre as duas: chama a segunda a dialógica do Si (uma vez que é mediada por uma Instituição, no caso, o Estado), e cita um adágio em latim: “suum cuique tribure – a cada um o que é seu”, mas vê também uma lógica hierárquica onde há predicados qualificadores da moralidade humana.

A armadilha feita pelos fariseus montada para que Jesus falasse contra a “lei” romana, ao perguntarem se era justo pagar imposto caiu por terra, pois Jesus tinha claro estas duas distinções de Justiça e disse “dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21).

Em tempos de Estados corruptos sistemicamente é preciso diferenciar a lei moral horizontal e o respeito ao Outro em planos distintos, e devemos guardar mais forte este plano do respeito ao Outro, onde há claramente uma lei Moral maior: não faça ao outro o que não gostaria que fosse feito para você, regra de ouro, em muitas religiões e culturas.

Conservar valores básicos é fundamental, senão ficamos no plano da “eticidade”.

HEGEL, G.W.F. Enciclopédia em Ciências filosóficas em epítome. Trad. A. Mourão, Lisboa: Edições 70. 1997.

RICOEUR, P. O Justo 1: A justiça como regra moral e como instituição. Trad. Ivone C. Benedetti. São Paulo: WMF Martins, 2008.

 

Estado, cultura e complexidade de valores

19 out

Não havia a complexidade do mundo contemporâneo antes dos meios deaCulture comunicação em massa e das modernas mídias digitais, porque além da lentidão que o processo se difundia, também era possível maior controle da “cultura” e dos “valores”, assim aquilo que se definiu até hoje como estes conceitos é preciso um novo olhar, ao menos de maior diversidade.
Como em outros tópicos definimos que a complexidade é uma herança da biologia, se pensamos cultura nestes termos ela é um tecido vivo onde há o cultivo de células contendo os nutrientes adequados e as condições propícias de sobrevivência da vida daquele organismo.
Podemos articular a complexidade com o conceito antropológico de Edward B. Tylor (citado por Roque B. Laraia) como  “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
O que se define como multicultural, inculturação ou massificação, tem na sua base quase sempre alguma dose de preconceito das culturas originárias e de seus reais valores, diria que de certo modo há algum desrespeito a cultura de povos “não civilizados” ou não “evoluídos”.
Se é um fato que promoveu-se através dos meios de telecomunicação de massa, é também um fato que a visão mundial de diversas culturas nos possibilita um maior respeito e compreensão a diversidade, e que não façamos uma mixagem ou não compreensão da cultura originária.
Cultura originária é de modo bastante amplo aquela que dá identidade a um povo, e qualquer processo educativo que a desconsidere é de certa forma uma massificação, e uma desconstrução de seus valores, mas ela não se reduz ao espaço territorial e este muitas vezes é questionável, por exemplo, os pampas gaúchos nos limites do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina tem em geral, uma cultura muito próxima.
São culturas originárias a cultura árabe, a anglo-saxônica, a latina, mas também aquelas que ultrapassam limites continentais como a islâmica, a judaico-cristã, o hinduísmo, o budismo, e isto se traduzem numa complexidade que deve ser levada em conta quanto aos valores sociais.
A crise de valores é, de certo modo, porque os ideais iluministas do Estado Moderno se sobrepuseram aos valores originários culturais dos povos onde estabeleceu-se o “Espírito das Leis” e ignorou-se aquilo que aqueles povos já tinham em suas raízes antropológicas.

 

 

Complexidade e o estado Moderno

18 out

O estado como concebido na modernidade, exatamente por que não aoEstadoModernoexistia antes, não é eterno e poderá sofrer profundas transformações para que a sociedade detenha o controle do poder que ela transfere pelo voto democrático, é sensível que hoje precisamos de evolução.
O construto idealista, que é fundamentado nos direitos individuais deve mais e mais ceder lugar aos direitos coletivos e sociais, alguns proclamados na revolução francesa como a igualdade e fraternidade jamais foram alcançados, eis dois dos limites do Estado Moderno.
Mas o mais sensível em tempos de mídias sociais, em que as redes sociais (que são humanas) se empoderam, é o que de fato a democracia é, no sentido de representar legitimamente os direitos da maioria, primeiro porque existe o direito de minorias, é preciso tolerância nesta convivência, e em segundo, este mais fundamental que ao transferir o direito somos após o pleito democrático, enganados pelos defensores de causas “justas” e “sociais”, em troca de seus interesses particulares ou de lobbies.
Esta complexidade social, que as mídias sociais apenas tornam nuas suas demandas e raízes, exige ainda um respeito aos limites legais conforme apontamos no post anterior deste blog, as chamadas discursos e ideologias do ódio.
O estado como concebido por Hegel, possui uma eticidade (conceito de Hegel difere da ética), onde é a “realidade em ato da ideia moral objetiva – espírito moral como vontade substancial revelada, clara a si mesma, que se conhece e pensa e realiza o que sabe e porque sabe e porque ela sabe” (p. § 257), onde há uma “a substância ética autoconsciente” que é claramente mais um conceito idealista que uma verdade apodítica.
Por isso a ideia moral objetiva que Hegel pretendia realizar-se com o Estado, com muitos exemplos em governos atuais, mostrou-se claramente que é um modelo idealista por esconder subjetividades humanas que são igualmente direitos éticos tais como, a religiosidade, e a cultura local de cada povo ou nação, conceito por exemplo, rechaçado por Bush e outros governos xenofóbicos.
O elemento de subjetividade que para Hegel era o “espírito”, também era o Espírito das Leis de Montesquieu, é esta substancialidade autoconsciente, é na verdade a “autonomia do Estado” que se convertem em um sujeito de categorias lógicas abstratas e que não se submetem a realidade concreta dos sujeitos existentes, pessoas inseridas em suas culturas.
O estado moderno não é eterno e precisa ser repensado.

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