Arquivo para outubro, 2017
AI pode detectar discurso de ódio
É crescente nas mídias sociais o discurso de ódio, identifica-lo com uma única fonte pode ser perigoso e tendencioso, em função disto pesquisadores da Finlândia treinaram um algoritmo de aprendizagem para identificar o discurso do ódio comparando-o computacionalmente com o que diferencia o texto que inclui o discurso em um sistema de categorização como “de ódio”.
Os pesquisadores empregaram o algoritmo diariamente para visualizar todo o conteúdo aberto que os candidatos em eleições municipais geraram tanto no Facebook como no Twitter.
O algoritmo foi ensinado usando milhares de mensagem, que foram analisadas de forma cruzada para confirmar a validade científica, segundo Salla-Maaria Laaksonen, da Universidade de Helsinque: “Ao categorizar as mensagens, o pesquisador deve tomar uma posição sobre a linguagem e o contexto e, portanto, é importante que várias pessoas participem na interpretação do material didático”, por exemplo, fazer um discurso odioso para defender-se de uma ação odiosa.
O algoritmo foi ensinado usando milhares de mensagens, que foram analisadas de forma cruzada para confirmar a validade científica, explica Salla-Maaria:“When categorizing messages, the researcher has to take a stance on the language and context, and it is therefore important that several people participate in interpreting the teaching material,” says the University of Helsinki’s Salla-Maaria Laaksonen. “ao categorizar as mensagens, o pesquisador deve tomar uma posição sobre a linguagem e o contexto e, portanto, é importante que várias pessoas participem na interpretação do material didático”, senão o ódio pode ser identificado apenas unilateralmente. She says social media services and platforms could identify hate speech if they wanted to, and in that way influence the activities of Internet users.
Ela diz que os serviços e plataformas de mídia social podem identificar o discurso de ódio se quiserem, e dessa forma influenciam as atividades dos usuários da Internet. “There is no other way to extend it to the level of individual citizens,” Laaksonen notes. “não há outra maneira de estendê-lo ao nível dos cidadãos individuais”, observa Laaksonen, ou seja, são semi automáticos porque preveem a interação humana na categorização.
O artigo completo pode ser lido no site da Aalto University de Helsinque.
Complexidade, consciência e AI
Já afirmamos que tanto a complexidade como a consciência são fenômenos que pertencem a natureza biológica, e foram emprestados as chamadas ciências “exatas”, mas a AI (Artificial Inteligente) continua tendo avanços, quais seriam então os equívocos de noções equivocadas deste campo ?
A resposta do professor de tecnologia do MIT Rodney Brooks, que trabalha com a robótica para a Panasonic é que há 7 pecados capitais, e ele cita a lei de Amara ao dizer que as pessoas tendem a subestimar tanto o efeito a curto prazo quanto ao de longo prazo da tecnologia ao examinar uma tecnologia inexistente, enquanto um outro fatos é confundir hipóteses onde a AI teria uma igual competência para resolver o problema de uma tecnologia inexistente.
Um terceiro fator apontado por Brooks é que a suposição frequentemente de praticar uma tarefa é frequentemente confundida com uma tarefa realizada por AI igual a competência.
Brooks também diz que as pessoas são propensas a paralelizar o progresso AI na aprendizagem de uma determinada tarefa para o mesmo processo em seres humanos, por isto sempre aparece a ideia de híbridos humano/máquinas.
Brooks afirma também que as pessoas não devem esperar que AI continue a progredir constantemente em um caminho de desempenho exponencial, mas sim em ajustes e reavaliações, e não devemos acreditar em cenários feitos pela mídia com situações inesperadas na AI.
É disto que tratava a ficção científica de Odisseia 2001, onde o computador que tomava decisões diabólicos jamais existiu e assitir o filme hoje mostra a irrealidade daquela ficção, já Blade Runner se atualizou em 2049 e pergunta se máquinas tem almas, a pergunta do escritor que inspirou o filme é se as máquinas sonham com ovelhas elétricas (no romance de Philip K. Dick_, e porque máquinas dormiriam ? e porque máquinas dormiriam ?
Aliás a figura do cachorro do velho caçador de Androides, também chamar Harrison Ford para o papel foi interessante em referência ao romance que inspirou o filme.
O artigo completo de Rooney Brooks publicado na Technology Review da semana passada é bastante interessante e separa 7 falácias sobre a AI.
O belo e a dor do samaritano
O filósofo coreano-alemão Byung-Chul Han reivindica a ferida na participação do Belo, nada mais significativo do que A Pietá de Michelangelo, um economista italiano anuncia no seu livro “A ferida do outro”, que as relações de mercado as relações além de serem interpessoais, são também uma fonte de alegria e “benção” para o homem, e poderíamos dizer de beleza também, apesar de ser “ferida”.
A beleza se situa na reciprocidade, e não se trata de devolver o “valor” conforme o que foi pago, a sociedade onde a medida é apenas um valor matemático, o “wound” e a “benção” são dois polos inexplicáveis, que caracterizam as relações interpessoais e são também, uma fonte de felicidade, alegria e beleza para o homem, mas não deixam de passar pela “dor”.
A palavra wound, em português ferimento, é interessante porque wonderfull é maravilhoso, bem que poderíamos criar o vocábulo wounderfull, para o além-da-ferida do outro.
Uma criança que nasce é uma dor, as dores do parto, a cultura do polido e a imunologia, termo de Sloterdijk que é usando também por Chul Han, são irrealidades que estas sim podem levar a uma dor irracional, a da indiferença e a do desprezo pelo dolorido e pelo excluído.
Não basta dar uma “medalha” a professora heroína que lutou até a morte para salvar as crianças, é preciso que a cultura, o belo e a ideologia economicista valorizem as relações, o afeto e o apreço pelos que sofrem virar as costas ao sofrimento é o princípio da exclusão.
A parábola bíblica do samaritano (bom é um eufemismo para dizer que os samaritanos eram maus) havia um homem ferido numa estrada passaram diversas pessoas, inclusive sacerdotes e seguiram adiante, o samaritano que é podemos dizer um tipo “comum” parou e o socorreu, não era nem um religioso e nem um “engajado”.
É possível nesta releitura ver Maria como uma samaritana com Jesus na Pietá.
Ligo esta parábola com outra em que o rei preparou uma festa e os convidados não vieram, o banquete de Platão e a mesa de diversas liturgias e cosmologias são referencias a relação entre os homens, no lugar dos convidados o rei mandou que fossem as “periferias” e convidassem o povo comum para vir ao banquete (Mt 22,1-14).
Não se preparam para o verdadeiro banquete os que se afastam da dor, criam o ambiente polido e imunológico, onde os que sofrem e que são excluídos não participam, a verdadeira festa é aquela de quem lutou com sacrifícios e solidariedade para que todos participem.
L. BRUNI, La ferita dell’altro. Economia e relazioni umane, Il Margine, Trento 2007.
Uma mulher vestida de sol
Uma Mulher vestida de Sol é uma das primeiras tragédias nordestinas, foi escrita por Ariano Suassuna nos anos 47, depois mais tarde escreveu também o Auto da Compadecida (1955), e ambas são alusões tanto a mulher bíblica mãe de Jesus, mas também a mulher que é descrita no Apocalipse.
Segundo Suassuna, Uma Mulher Vestida de Sol (na foto imagem promocional do filme de 1994) sua intenção era a de recriar o romanceiro popular nordestino.
Com notável habilidade conseguiu conectar o serão brasileiro existente e as terras da Espanha, um diálogo entre o erudito e o popular, entre o romance ibérico e o nordestino.
Conforme afirmava o autor tratou dramaticamente, unindo sua poesia, filha do romanceiro nordestino a tradição do ibérico. Procurei conservar na minha peça o que
Há na sua obra julgo a algo de eterno, de universal, a poética no nosso riquíssimo cancioneiro onde pode-se encontrar também obras primas de poesia épica, na fase chamada de pastoreio.
A tragédia nordestina guardava um sinal das dores “compadecidas” com a cômico típico nosso.
Um de seus estudiosos, Hermilo Borba Filho, com quem Suassuna fundou o Teatro Popular do Nordeste em 1959, afirma que o caráter puritano da primeira versão, quando Suassuna ainda era protestante, diluiu-se e a peça ganhou uma atmosfera de amor e violência comparável aos elementos do romance ibérico, onde: sangue, honra, família, incesto, são colocadas nas exatas medidas dramáticas.
Segue a tradição clássica quando joga, dentro da atmosfera trágica, mas une-se a um tipo de comicidade típico do nordeste brasileiro, por exemplo, onde o Bacharel Orlando de Almeida Sapo e do Delegado de Policia, beiram o ridículo e o grotesco, enquanto há outros personagens com características “mais nobres”.
O Auto da Compadecida, refere-se à Senhora Aparecida, cuja aparição da imagem comemora-se 300 anos, para aqueles que não creem deve-se lembrar que está na cultura popular com raízes bastante profundas, e que é parte da brasilidade como Macunaíma, Quincas Berro d´água ou Dom Casmurro.
Encontramos na Bíblia a passagem da mulher Vestida de Sol assim: “Viu-se um grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz.” (Ap, 12, 1-2)
A salvação do Belo
Leio a versão espanhola de mais um bom livro do coreano-alemão Byung-Chul Han, sem dúvida um tema urgente em tempos de feiura e de certa confusão entre a arte e o mau gosto.
Comenta obras de Jeff Koon, que chama se soteriologica, porque promete uma redenção diferente da redenção cristã, mas talhada entre a positividade e o hedonismo, a positividade que chama de o “mundo do polido” (página 16) dando como exemplo a escultura Balloon Vênus (foto), entre outras.
Para entendermos o que é positividade, o autor exemplifica a obra de Andy Wharol que mesmo se declarando partidário de uma superfície “bela e acetinada” (pag. 14), sua obra não deixa de ter a negatividade, por exemplo, em “Morte e desastre”,
Comenta através de Roland Barthes (a obra citada é Mitologias) relembrando o modelo tátil do carro Citröen , que lembra também a interatividade das mídias, porém procura enfatizar que o tátil é é o mais desmistificador dos sentidos, enquanto a visão é o mais “mágico”.
Comenta que ao chamar de “Batismo” uma exposição que faz contraste coma cultura cristã, a obra de Jeff Koons exerce uma sacralização do lido e impecável” (pag. 17), e apesar de parecer algo “novo” é idealista e procura esconder a “ferida”, essencial para a arte conforme afirma Gadamer citado por Chul Han, de onde surge o apelo para “mudar a vida” (pag. 17).
O autor afirma “hoje não só se volta o polido ao belo, mas também o feio” (pag. 19).
Sobre a diferença entre erotismo e hedonismo, o autor recorre a obra de G. Baittaile “o erotismo”, onde percebia que o feio é a dissolução dos limites e a liberação, lembre-se que o autor tem uma obra específica sobre o tema: “A agonia do eros”.
O perfeccionismo idealista é aparentemente pacificador e “belo”, mas é conservador porque deixa de apontar aquilo que pode e deve ser mudado, é a “ferida” que salva a arte.
HAN, Byung-Chul. La salvación de lo bello. Barcelona: Herder Editorial, 2015.
Complexidade, consciência e máquinas
Tanto a complexidade como a consciência são fenômenos que pertencem a natureza biológica, conforme afirma Searle “é um fato objetivo do mundo a existência de certos sistemas – os cérebros – que são munidos de estados mentais subjetivos, e é físico o de sistemas semelhantes possuírem traços mentais”, por isso a dicotomia infernal entre cultura x natureza é tão capital no modelo liberal-idealista.
Isto aproxima Searle da intencionalidade, categoria capital de Franz Brentano e intermediária da fenomenologia de Husserl, porém é uma “intencionalidade” definida como “a capacidade biológica fundamental do espírito de pôr o organismo em relação com o mundo”, e mesmo que isto seja “colocado” nas máquinas, as mesmas carecem desta subjetividade do espírito.
É diferente quando falamos de atos intencionais como atos de linguagem, uma frase ou mesmo sons que podem ao sair da boca serem gravados ou marcados em uma folha de papel, é um objeto físico na origem como outro, mas enquanto a capacidade de representar alguma coisa já não é intrínseca, por exemplo, se for um sentimento, uma crença, ou um desejo.
A intencionalidade na máquina só existe enquanto estado, ato ou ação, nunca como sentimento, desejo ou crença, lhe é inerente que um estado conduza a outro, mesmo que seja um estado de repouso, mas nunca o de sentimento, se ele existe é simulado.
Escreve o autor “a capacidade que têm os atos de linguagem de representar objetos e estados de coisas do mundo é uma extensão das capacidades biologicamente mais fundamentais que tem a mente (ou o cérebro) de pôr o organismo em relação com o mundo por meio de estados mentais tais como a crença ou o desejo, e em particular através da ação e da percepção”.
A ideia de que isto pode ser objetivo e será simplesmente um ato maquínico é tão estranha quanto a digestão ou gustação, não se trata da dificuldade de imitar estes sentidos por máquinas, talvez um dia seja possível, mas o fato que ainda que façam o que biologicamente uma pessoa faz será um ato químico-físico e nunca mental.
Podem se fazer até as máquinas sonharem como em Blade Runner, ou ensinar o “amor” como em A.I. (dirigido por Spielberg em 2001), ainda assim será um estado cibernético e não mental.
Em breve exploraremos a complexidade, ela também tem uma origem na biológica.
O caçador de Androides é replicante
O replicante significa uma máquina com feições humanoides e em poucas coisas além da feição se aproxima do humano, no caso dos androides de Blade Runner 2049, o olho ou melhor o fundo da íris que tem um tom alaranjado é o grande diferencial, porém sendo máquina possui características que são super-humanas, por exemplo, a força, a velocidade e muitas outras características poderão ser humanas, mas robôs teriam alma ?
Ou fazer a pergunta mais comum na mídia, robôs dormem contando carneirinhos que são máquinas, entretanto a pergunta mais forte desde o início da primeira versão do filme de 1982, é se Rick Deckard (Harrison Ford), o caçador de androides é um também androide, e lógica diz isto porque caçar “máquinas” só mesmo para máquinas.
Uma pergunta que o diretor já respondeu afirmativamente, mas há uma dica no filme quando ele conta que sonhou com um unicórnio (a referência já é pela nossa classificação um replicante, pois tem coisas supra-humanas como um chifre), e alguém já sabia do seu sonho, isto é, os replicantes tem até mesmo seus sonhos projetados, mas porque o “criador” o preservou, uma pergunta que ele próprio se faz.
Ou outro diálogo de Rick Deckard esclarece: “Replicantes são como qualquer outra máquina – eles são um benefício ou um perigo. Se eles são um benefício, não é meu problema”, ou seja, interessa construir uma máquina que ela cuide do perigo que oferecem as outras.
Mas isto é esclarecedor em outro ponto também, há humanos preocupados com as máquinas e isto significa que sem saber que existem perigos, no diálogo Deckard diz como qualquer outra não deveria ser um empecilho para sua existência, o empecilho no fundo é o medo, por isso ao meu ver existe sempre este tom meio sombrio na primeira e segunda versão, chamado pelo refinamento cult de “noir”.
As máquinas e os avanços sempre trazem problemas, desalojam as coisas do lugar de conforto, mas não há como fazer omelete sem quebrar os ovos, é preciso ver os que estão podres, os computadores “sombrios” da Odisséia 2001 já passaram, os androides passarão, o futuro nos pertence, o homem é protagonista de seu futuro, ou ao menos deve desejar sê-lo.
Porque matam os profetas
As ideias e conjecturas que fazemos do futuro podem passar por uma bola de cristal, algum tipo de clarividência, mas não podem deixar de passar por uma análise clara da realidade.
É fato, desde o início do século passado e até antes para quem leia mais profundamente a modernidade, que há uma grave crise na cultura, no pensamento e até mesmo na religião.
Atribuir esta crise a processos recentes como a internet, o uso de tecnologias ou mesmo o fanatismo religioso e no mínimo, uma superficialidade de análise, pois há ainda a crise no pensamento.
Dela falam Husserl, Heidegger, e outro mais recente Edgar Morin, Peter Sloterdijk, Levinas entre muitos dizem de modo claro, a crise de duas guerras mundiais, a crise ideológica que está renascendo com todas as forças, todos são unanimes em afirmar uma crise do pensamento, da visão de mundo e principalmente dos valores.
Preferem dar ouvido ao fanatismo cotidiano de análises simplistas ou fundamentalistas, pois é mais fácil que pensar aonde se perdeu o processo civilizatório, porque não fazemos do diálogo e da reflexão uma arma mais eficaz para entender o real ponto da crise, e até mesmo o que é a crise, fizemos aqui um caminho com a filosofia de Mario Ferreira dos Santos (post).
Matam os profetas porque eles veem e dizem o necessário para hoje: uma cidadania planetária, a distribuição de renda, o equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade, o respeito a diversidade e uma mudança de valores que se fundamente na dignidade humana.
Há uma parábola bíblica em Mateus 21, 33-43, aonde um dono de uma vinha a arrendou, e chegando a colheita manda empregados para a colheita estes são mortos, depois manda mais empregados que também são mortos, e o dono por último manda o filho, que sendo o herdeiro , também o matam, que fará o dono da vinha ? o que fez o dono, eis a charada.
Se não nos pusermos a mesa do diálogo com a visão de uma cidadania planetária, e com respeito as diferenças não restará muito para uma nova hecatombe mundial, eis que pedimos que os que se dizem de diálogo, dialoguem de verdade e não sejam arrogantes e tiranos.
Notem foi dado o premio Nobel de Literatura ao japonês que migrou para Inglaterra Kazuo Ishiguro, que entre outras coisas escreveu “As Colinas de Nagasaki” (editora Relógio D´Agua, 2015) alguns anos depois da bomba de Nagasaki (foto) , e agora de manhã acaba de ser dado o prêmio Nobel para ICAN (sigla em inglês do Campanha contra Armas Nucleares), não faltam profetas apenas é preciso que não os matemos culturalmente.
O futuro de máquinas pensantes
Fizemos questão de fazer as classificações entre cyborgues, androides e humanoides (post), mostrando que os híbridos ainda são uma ficção para alguns e um delírio para outros, como a nosso ver é o ponto de singularidade de Raymond Kurzweil.
Pontos de singularidade m(é bom dizer tecnológico, pois existem outros) seria aquele ponto onde haveria uma superação do humano biológico para um pós-humano tecnológico, de silício ou ainda algo mais futurista, fotônico ou neo-biológico (chips biológicos, por exemplo).
As definições de Raymond Kurzweil são mais claras e precisas sobre tal singularidade, escreveu em 1987 A idade das máquinas inteligentes (The Age of Intelligent Machines ) e depois num delírio ainda maior uma atualização para The Age of Spiritual Machines, onde ele procura encontrar onde estaria o chamado Transcedent Man (documentário de 2009), e ai podemos delinear suas ideias.
Pode-se delinear suas ideias em 4 pontos: a evolução tecnológica até a sua definição de singularidade é um dos objetivos tangíveis da humanidade (será?) pela progressão exponencial, a funcionalidade do cérebro humano é quantificável em termos de tecnologia e poderá ser construída num futuro próximo (mas é só funcional); os avanços médicos podem manter uma quantidade significativa de sua geração viva o suficiente para que o aumento da tecnologia passe o processamento do cérebro humano (uma coisa não implica na outra, poderia ser feito com gerações futuras), e um ponto que é socialmente interessante que a teoria das evoluções aceleradas.
Esta teoria diz que a teoria das mudanças aceleradas diz respeito ao aumento na taxa de inovação tecnológica (e às vezes pode ser acompanhada de evolução social e cultural) e sempre este presente na história, o que pode sugerir a mudança mais rápida e mais profunda no futuro, embora isto seja verdade o quão acelerado depende da perspectiva histórica.
Definimos esta evolução como noosfera, uma esfera da mente ou do espírito, fundamentada na ideia de John Searle, que o mental “real e ontologicamente irredutível” ao físico, e que as tecnologias evoluem e aceleram o crescimento humano mas estão separadas por aquilo que Juergen Schmidhuber chama de “singularidade do ômega”, algo ao mesmo tempo parecido e diferente do ômega de Gregory Chaitin, pois não é um número ou um metanúmero, mas aquilo que Teilhard Chadin (1916) define em sua noosfera como o princípio e fim do humano, mas envolto numa conexão de mentes e espíritos como se fossem vasos comunicantes.
Para Juergen Schmidhuber, o próximo Omega – 2040 (não havia o filme Blade Runner 2049) a partir de sua série Omega – 2^n vidas humanas (n < 10; uma vida – 80 anos) cerca de etapas mais importantes de acontecimentos aconteceriam na história humana.
Ele questionou a validade de tais mudanças, sugerindo que apenas refletem uma regra geral para “tanto a memória individual do ser humano único e da memória coletiva de sociedades inteiras e seus livros de história: quantidades constantes de espaço de memória alocado para obter exponencialmente maior, adjacente intervalos de tempo cada vez mais para o passado”, e trata-se de memória e não a lei de Moore que fala do crescimento de memórias digitais.
Sua sugestão é que a “razão porque nunca houve uma escassez de profetas prevendo que o fim está próximo – os eventos importantes de acordo com sua própria visão do passado sempre parece se acelerarem de forma exponencial”, então tanto profecias antigas quanto modernas não são mais que oráculos que estabelecem esta religação atualizada entre o “ômega” do princípio e fim, anunciando grandes mudanças e ao mesmo tempo conectando-as.
Há um exemplo muito claro da aceleração de Jürgen Schmidhuber, dado no livro de Wurman, “A ansiedade da informação” (1991), onde diz que uma pessoa que leu o New York Times durante um ano, leu mais que o melhor o mais letrado dos homens do século XVIII e anteriores, então é claro que há mais leitura hoje que nos séculos anteriores, mas o pensar …
Referências:
Kurzweil, Ray The Age of Intelligent Machines, 1987.
Kurzweil, Ray Ensaio: A teoria das mudanças aceleradas, 2001.
Markoff, J. When A.I. Matures, It May Call Jürgen Schmidhuber ‘Dad’ New York Times, nov 2017, Disponível em: https://www.nytimes.com/2016/11/27/technology/artificial-intelligence-pioneer-jurgen-schmidhuber-overlooked.html , Acesso em: janeiro de 2017.
Wurman, Richard Saul. Ansiedade de Informação. São Paulo: Editora Cultura, 1991.
O prêmio Nobel da Física vai para …
O alemão naturalizado americano Rainer Weiss, Barry Barish e Kip S. Thorne, cientistas americanos do laboratório LIGO (Laser Interferometer Gravitational- Wave Observatory) do MIT, que detectaram as ondas gravitacionais previstas na Teoria da Geral Relatividade de Einstein (1915), cem anos depois em experimento de setembro de 2015.
A observação que comprova a existência das ondas gravitacionais aconteceu no dia 14 de setembro de 2015, quando detectaram as tênues vibrações emitidas por dois buracos negros que giram em torno um do outro, a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra.
O fenômeno explica como a gravitação ocorre, embora isto já houvesse visto de modo particular, já em 1970 os astrônomos Joseph Taylor e Russel Hulse mostraram que as estrelas giravam ao redor delas mesmas e, com isso, perdiam energia, portanto ondas gravitacionais agora existem experimentalmente.
Por esta descoberta, Taylor e Hulse foram laureados com o Nobel de Física em 1993.
Mas a mudança geral mais importante é a mudança na nossa concepção de espaço-tempo, uma vez que estas ondas mudam a ideia que estas dimensões são absolutas, fonte de todo mecanicismo e até mesmo o idealismo filosófico, onde tempo e espaço são absolutos.
Hoje durante o dia será anunciado o de Química; na quinta, o de Literatura (5/10); e, na sexta (6/10) o da Paz, já o Nobel de Economia só será anunciado na segunda-feira (9/10).