Arquivo para novembro, 2017
O Significado das Culturas Computacionais
Resumo da Palestra do prof. Dr. Teixeira Coelho do IEA – USP no evento EBICC.
As máquinas estão se humanizando ou são osseres humanos que estão perdendo a humanidade e se transformando em produtos imediatistas, tão valiosos quanto excessivos e totalmente subtuíveis, dos quais o mundo está lotado?
A palestra apresentou como resultados do grupo de estudos Humanidades Computacionais do Instituto de Estudos
Avançados da USP uma lista de conceitos, a maioria com visão crítica da tecnologia, termos como: digitalização, mobilidade, automação, realidade aumentada, efeito-proxy, duplicabilidade, anonimato, perfectibilidade, racionalidade, coordenação, unificabilidade e completibilidade, entre outros, como resultado de uma e-culture (cultura eletrônica digital).
Discutiu a realidade contemporânea das culturas computacionais e digitais e sua relação com a produção cultural, mediada ou autoproduzida, em um contexto em que o trabalho de robôs substitui o trabalho manual dos humanos e caminha para substituir, por meio da inteligência artificial, o trabalho intelectual.
Em seguida Gregory Chaitin proferiu a sua palestra, já comentada no post anterior.
A complexidade mundial e o deocolonialismo
A Complexidade do pensamento chamado de “espírito colonial” feita por Karl Polanyi, Marcel Mauss e Michel Foucault, mas com traços em muitos outros autores ajuda a construir de modo mais apropriado o que é o capitalismo hoje e o que ajuda a desvendá-lo sem dogmatismo.
O que ajuda a demonstrar o que é uma produção filosófica, estética, histórica e cultural de determinado tempo, assim como o fizeram Karl Polanyi, em A Grande Transformação; como também o fez, Marcel Mauss, no Ensaio, revelam que a sociedade é composta de uma série de prestações totais envolvendo o conjunto das instituições sociais, sejam elas jurídicas, econômicas, religiosas ou estéticas (Mauss, 1999, p. 274).
Embora o estudo de estudo das obras clássicas nos leva a reconhecer a importância delas no contexto complexo já apontado, é preciso partir para uma crítica teórica, das práticas e experiências nascidas em sociedades não europeias, algumas provenientes de tradições milenares para entender a complexidade do mundo contemporâneo.
Neste particular é importante a obra de Mauss para a crítica decolonial leva a pensar a relação entre o capitalismo e a colonização nos séculos anteriores, mas com raízes ainda nos dias de hoje, tendo em conta dois aspectos do processo de colonização: de dentro para fora, tanto eurocentrismo sempre citado e no americanismo não citado, como de fora para dentro, negado e visto como “colonial” algumas vezes, mas fundamental para entender o pensamento que Mauss chamada de decolonial.
Reconhecer isto significa que parte da descrição da modernização é realizada numa perspectiva europeia, mas também há nas bordas partes deste pensamento oriundo do “centro” e que não podem ser vistos só como o das “periferias” .
O pensamento deocolonial conceituado por Mauss é então as noções tanto do centro como da periferia que podem finalmente agora, com uma visão mundial, ser desconstruído e que tem nas suas origens tanto o centro como as margens do sistema mundial, uma vez que foram os mecanismos do centro que ajudaram o mundo moderno a “colonizar a vida do Centro” e não apenas o pensamento da periferia do sistema mundial,
Parte da crítica antiutilitarista se enriquece com a crítica decolonial, na medida em que esta última também procura associar ao seu pensamento, com base sociológica, os diversos fenômenos culturais, tradicionais, religiosos, políticos, linguísticos e rituais.
Assim a crítica pós-colonial, que denuncia as relações desiguais entre centro e periferia, na verdade permitiu a expansão da crítica teórica aos campos de conhecimento e práticas situados na periferia nem sempre de fato libertadores, e quase sempre de uma auto-afirmação negativa da identidade cultural, pois podem desvalorizar os conceitos da identidade moral e estética da vida social, as quais são decisivas para o pensamento simbólico em muitos povos.
MAUSS, M. Sociologie et anthropologie. Paris: PUF, 1999 (1924).