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Arquivo para novembro 20th, 2017

Nem ponto, nem plano e nem polida

20 nov
A arte contemporânea expressa no mundo digital, extrapola os sentidos humanosaMatisseKandinsky sendo sinestésica, multissensorial e multidimensional; não apenas quanto o plano pois não é seu ponto de partida mas principalmente no trato de estabelecer ligações entre corpos indo além do falado e pintado, para o projetado e multi-sensibilizado.
O ponto de partida é então o fractal, onde não há dimensões 0 (ponto), 1, 2 ou 3 (tridimensional), e a crítica ao plano começa aí mas ir desde dispositivos on-off (liga – desligada), passando pelos sentidos até chegar a realidade aumentada e a realidade projetada: o holográfico e o virtual.
A análise feita por Jacques Rancière em O destino das imagens, que parte da ideia que palavra e pintura se invertem onde: “a potência as palavras não é mais o modelo que representação deve ter como norma.” (RANCIÉRE, 2003, p. 86)
Retomando as análises clássicas de Hegel “pioneira nesse trabalho de redescrição que, diante das obras de Gerard Dou, Teniers e Adrian Brouwer, como das obras de Rubens e Rembrandt, ao longo de todo período romântico, elaborou uma visibilidade de uma pintura ´plana´(grifo do autor), de uma pintura ´autônoma´ … os verdadeiros quadros desprezados por Hegel, não é o que vemos de início.” (Rancière, 2003, p. 87), que proporciona a “ruptura dos ´fios de representação´ que atavam a reprodução de um modelo de vida repetitivo“ e acrescentaria ´idealista´ (RANCIÉRE, 2003, idem).
Mas haverá o movimento contrário e “Greenberg opõe a ingenuidade do programa antirrepresentativo de Kandinsky a ideia de que o importante não é o abandono da figuração, mas a conquista da superfície.” (RANCIÈRE, 2003, ibidem).
O que o francês Henri Matisse (1869-1954) e o russo Wassily Kandinsky (1866-1944) exploraram são mais do que cores, formas e novas superfícies (como os fractais) há algo da mistura “espiritual” na Composição VII e o Caracol de Matisse (nas figuras acima).
É claro que esta não é uma arte digital expressamente, mas uma epifania da ruptura com a representação da forma.
RANCIÈRE, J. O destino das imagens. Trad.  . Rio de Janeiro: Contraponto, 2003.