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Arquivo para dezembro, 2017

Veredas, onde pode-se encontrá-las

14 dez

Tempos de diversas crises, também é um tempo de crise do pensamento, da cultura e até mesmo da fé.

“Onde mora o perigo é lá que também cresce o que salva”, escreveu o poeta alemão Hölderlin, já em um de seus últimos “A Via” o visionário Edgar Morin reuniu parte do pensamento disperso pelo reducionismo e sistematizou um sobre o futuro da humanidade religando saberes e defendendo a fraternidade.

Ele trata no livro da reconstrução coletiva do pensamento sobre a sociedade, através do conceito da metamorfose (processo simultâneo de autodestruição e autorreconstrução em uma organização em que a identidade é mantida e transformada em alteridade), que seria uma nova origem de modo mais amplo da solidariedade humana.

Escreveu o pensador francês: “Sinto-me conectado ao patrimônio planetário, animado pela religião do que religa, pela rejeição daquilo que rejeita, por uma solidariedade infinita…”, religar os saberes, admitir a complexidade, reencontrar a natureza e também o Amor, escreveu um belo livro “Amor Poesia Sabedoria” (Instituto Piaget, 1997) que também sobre a perda de sua mulher Edwige: a inseparável, dizendo “sou um eterno amoroso”.

Ao falar do desencanto do homem moderno, responde a pergunta de um repórter sobre a esperança: “Todas as crises – seja ela econômica, social, política, ética, cognitiva – são apenas reflexos da crise maior da humanidade, que não está conseguindo se tornar humana.  Mas é preciso resistir à desilusão e à perda de fé em um novo mundo, porque um novo caminho, uma nova via, é sempre possível. Mas esperança não significa certeza. Não podemos escapar da incerteza.”

Podemos então buscar Veredas, encontrar atalhos para o novo tempo, um novo “advento”.

 

 

 

 

 

 

Veredas e a importância para a vida

13 dez

As veredas na formação dos biomas brasileiros, são onde ocorrem nascentes deasVeredasMata lençóis freáticos, que por menores que sejam vão formar os córregos e riachos que abastecem grande parte dos rios e permitem que se tenha uma água limpa e saudável.

Quanto as vegetações, as veredas são de matas mais rasteira, de solo úmido fazendo com que a terra geralmente mais escura se comportem como espojas e filtros retendo os sentimentos orgânicos e assim filtrando a água que chega ao córrego durante as chuvas, o problema grave das veredas é a possibilidade de desertificação.

A fauna tem lobos-guará, tamanduás, serpentes, peixes e anfíbios, as aves mais diversificadas, palmeiras e coqueiros oferecem frutos abundantes para aves maiores, enquanto os rios fornecem peixes para algumas aves grandes e também as que fazem migrações.

Assim uma vereda, além de ser um caminho escondido são fontes de vida, quem a atravessa não vai apenas encontrar uma grande estrada, um grande rio, mas o próprio caminhar por uma vereda oferece uma rica vida e também uma bela paisagem.

Buscar veredas durante o advento faz parte não só da religiosidade sincera e verdadeira, mas principalmente daqueles que buscam espaços humanizados de amigos e colegas de trabalho que são fontes de vida e da verdadeira liturgia que é feita na labuta diária no trabalho, em casa e com os amigos.

 

Vereda da salvação e o advento

12 dez

O livro escrito por Jorge de Andrade entre os anos 1957 e 1963, foi levado paraaVeredaDaSalvação o cinema em 1965 numa adaptação do texto para o teatro de Jorge de Andrade, conta a estória da opressão no campo, e como tem uma saída mística, uma montagem feita em 1964 sob a direção de Antunes Filho foi questionada tanto pela direita como pela esquerda e na época foi um fracasso, uma montagem mais tarde em 2003 dirigida pelo professor-diretor Marcelo Bones, com formandos do Palácio das Artes, todos atores iniciantes.

O filme dirigido por Anselmo Duarte conta de produtores rurais pobres do Nordeste que entram para um grupo messiânico liderado por Joaquim (feito pelo ator Raul Cortez) que acredita ser a reencarnação e Jesus cristo e promete aos seus seguidores o caminho para o paraíso, que é a “vereda da salvação”, mas como todo falso messias se complica aos poucos.

Exercendo poder sobre os camponeses, Joaquim persegue Artuliana (Ester Mellinger), que está grávida, e pede aos seus seguidores que tirem o filho dela, acusando-a de estar perseguida pelo demônio.

O filme acompanha produtores rurais pobres no Nordeste brasileiro que entram em um grupo messiânico, liderado por Joaquim (Raul Cortez), que acredita ser a reencarnação de Jesus Cristo. Joaquim promete a seus seguidores que lhes mostrará o caminho para o paraíso, a “vereda da salvação” do título do filme.

Com poder sobre os camponeses, o personagem de Raul Cortez começa a perseguir aqueles que não lhe prestam obediência, em especial Artuliana (Esther Mellinger). Joaquim ordena que seus seguidores tirem o filho de Artuliana, que está grávida, acusando-a de estar possuída pelo demônio.

O filme além de Raul Cortez tem a participação de Lélia Abramo, José Parisi e Maria Isabel de Lizandra, e a história do messianismo não é outra coisa senão a história do Brasil, em tempos pré-eleitorais não custa prestar atenção em milagreiros e falsos profetas que juram “defender o povo” e promete falsas veredas.

Roland Barthes, em seu livro Crítica e Verdade observa que o termo francês fait divers estrutura-se a partir de uma ideia de busca de uma notícia geral, algo como um encontro.

As veredas são caminhos escondidos, que caminhos pode ser pensado para o país nos próximos anos, que esperar para um ano eleitoral ? .

 

Aplainar os caminhos e o idealismo

11 dez

Uma séria doença social criada por mentalidade idealista é o perfeccionismo, tanto quanto oAplainarOsCaminhos econômico e a visão de conhecimento, este traço de busca da “perfeição” é aquele que mais afetou e se desenvolveu no mais profundo da psicologia humana o idealismo, mas ele traz diversos transtornos e não aplaina nenhuma estrada humana, menos ainda a divina.
O ideal geométrico, prédio e construções retilíneas, a moral eticista do Estado (Hegel a definiu assim), senhor até mesmo da vida e da esperança das pessoas, não traduz de fato o que é ético, correto (e o reto é apenas um apelo geométrico) e o que é bom para natureza humana cheia de contornos e imperfeições, que não deveriam ter este nome, talvez a melhor tradução na linguagem contemporânea seja complexidade.
O perfeccionismo pode levar a sintomas como ansiedades, transtornos obsessivos, embora tecnicamente não seja uma doença, está na raiz e o que é pior no pensamento de muitos “ideais” políticos, econômicos e até mesmo religiosas, que não ajudam o humano, apenas tentam aprisioná-lo, como se fosse a única solução possível.
Aplainar os caminhos da humanidade deveria ser justamente o contrário, permitir que o humano se desenvolva, descubra possibilidades e equívocos, realize o processo de aprendizagem que dura (muitas vezes) a vida toda. não só a caminho de uma perfeição inatingível, mas aquela que torne o homem feliz e pode sim dar-lhe plenitude.
O fato que crescem doenças como depressão, diversas síndromes e os relacionamentos humanos estejam tão difíceis, não é outra coisa senão a dificuldade de tratar com o que é “imperfeito” em sua complexidade, não há pessoas iguais, sequer a erros iguais, cada um que o comete o faz por alguma nova necessidade de aprendizagem, esta é por exemplo, a dificuldade da chamada geração “nem nem”, por erro de um excesso de proteção.
Aplainar os caminhos para um novo “avento”, um tempo novo, significa antes de mais nada reencontrar o homem, que não é o perfeito, aquele do “ideal” platônico de beleza e pureza, mas o homem real a caminho.

 

Deserto e preparar os caminhos

08 dez

Que caminhos devemos preparar hoje, em tempos de ódios, de divisões, de intolerâncias,aoPrepararCaminhos surgem apocalípticos e integrados (diria Umberto Eco), e não há como preparar um caminho novo, sem um pensamento novo, e há coisas novas, porém precisamos tirar o véu das vistas. 

É como dizia o profeta Isaias sobre a vinda de João Batista conforme Marcos (Mc 1,2-3): “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!’ ”, mas que estradas devem ser preparadas neste nosso tempo, que deserto atravessamos.

Certamente não é para a nova vinda do Salvador, nem queremos mais Salvadores da Pátria, precisamos que o caminho seja preparado para uma consciência nova, diferente da idealista que construiu a modernidade, do iluminismo ou do enciclopedismo elitista.

Se Heidegger anuncia que devemos tomar uma questão nova, a questão do “ser”, ela não deve e não pode estar separada de um contexto social mais amplo, menos desigualdades, mais tolerância religiosa, aceitação da diversidade étnica, cultural e de gênero, mas sem o ranço ideológico que esquenta os ânimos e impede os progressos.

Retomar as questões essenciais do Ser, significa retomar os verdadeiros dramas da humanidade que vão além da fome e da exploração, que são muito mais consequências dos modelos existentes do que a origem deste modelo, pensou-se de modo idealista, que desenvolvendo mais teríamos mais distribuição do humano no planeta e menos explorações em diversos ângulos e sentidos, o que vemos como produto final diz que esta premissa era falsa.

Talvez retomando as questões essenciais do que é o Ser, entenderemos melhor o que é Ser homem e sua relação com tudo o que é sua existência.

Preparar os caminhos significa então preparar os caminhos para um futuro mais promissor, onde o Ser esteja no centro da atividade e não o Ter.

 

 

 

 

Pensamento, deserto e Ser

07 dez

Um dos fundamentos de entender o pensamento contemporâneo sobre o SeraoDesertoPensamento é fazer uma leitura onde a interpretação esteja aberta, ou seja, fazer um “epoché”, um vazio para apagar nossos filtros de pré-conceitos que estabelecemos sobre qualquer leitura, só então penetramos nesta novidade: o nosso “Ser” e o Ser-aí, o “dasein” de Heidegger.
Em seu texto “A urgência de Heidegger: introdução um novo pensar” (Três Estrelas, 2013), ele sugere que além de um mestre do pensamento, ele nos ensina a “pensar por nossa própria conta e risco, nos concita ao exercício da responsabilidade pessoal e intransferível no plano de nossos pensamentos e opiniões.” (GIACÓIA, 2013, p. 109)
O esvaziamento do pensamento é um dos aspectos fundamentais do esvaziamento de nosso ser, assim o deserto e o exercício de olhar para nossa essência (é claro sem nunca perder a relação com o mundo e com os outros) não é outra coisa senão a abertura para um “advento”, coisas que virão se estivermos abertos e atentos, além dos pré-conceitos.
Longe destes pré-conceitos, o nosso se desperta conforme aponta Heidegger para o “des-velar”, há um véu sobre nossos pensamentos e sobre nossas “visões” de mundo, de pessoa, mas principalmente sobre o próprio pensamento que está condicionado a um modo de ser circunscrito na filosofia, e que mesmo que não saibamos moldar nosso “pensar”.
O próprio Heidegger viveu um período de isolamento na floresta negra, mas não é preciso ser filósofo para pensar, é preciso apenas escutar e dialogar (mesmo).
O que muitos chamam de realidade, do concreto ou outro nome de impacto, não é senão a subjetividade do idealismo, aquilo que se distancia da subjetividade: o belo, a poesia, a contemplação e principalmente o conjunto de subjetividades que compõe nosso Ser, sem elas nos sentimentos fragmentados, e são elas que nos confrontam com o Outro.
O véu que nos condiciona a uma visão particular de mundo, de sociedade e do Outro, é o véu do idealismo e das ideologias, e o desejo de condicionar e moldar o outro ao nosso pensamento é justamente por considerar que o que está aí é o normal, o correto, mas ele está profundamente penetrado de ideologia e de idealismo.
Só um forte exercício de deserto, e de pensamento aberto ao “desvelar” pode alcançar um advento novo, aquilo que está por vir não é o de sempre, é novo e pode mudar tudo.
GIACÓIA Jr., O. A urgência de Heidegger: introdução a um novo pensar. São Paulo: Três estrelas, 2013

 

Deserto ou nihilismo

06 dez

Dito de forma simplista, o nihilismo é a ausência de sentido das coisas que pareceaoDesertNihil refletir nos dias de hoje, isto faz o homem não desejar o sentimento de vazio, de contemplação e de deserto que ao contrário busca captar o sentido mais profundo das coisas fazendo um “silêncio interior” e não um “vazio interior” nihilista.
Para Nietzsche foi a crença nas categorias da razão que nos fizeram acreditar num mundo que foi construído por meio de falsas referências, e mesmo os críticos na modernidade, em sua maioria quando não percebem este ´estado psicológico´ idealista e vazio, estão presos a ele e ficam andando em círculos procurando respostas ora num falso subjetivismo de diversas formas (religioso, ideológico e até poético), ora num falso objetivismo da “vita activa” preconizada por Hanna Arendt, mas que o filósofo Byung-Chul completa com a “vita contemplativa”.
Sobre o nihilismo, segundo Giacóia Junior (2007), “Nietzsche tematiza três formas do niilismo, considerado como ‘estado psicológico’, ou seja, como conteúdo da consciência reflexiva. Em cada um deles, trata-se sempre de uma categoria da razão, que dá apoio a uma interpretação do vir-a-ser e do e do valor da existência humana na corrente do devir”, este cai no desalento do “foi tudo em vão”.
A segunda é uma necessidade de totalidade, o que hoje se diz como a ausência de um discurso único, aquilo que comenta Giacóia como : “forma do niilismo como estado psicológico é presidida pela categoria de “totalidade” – enquanto suporte de uma interpretação global do vir-a-ser. A representação de uma unidade, de uma organização e sistematização globais conectaria a multiplicidade caótica dos seres individuais, contingentes e efêmeros, a uma totalidade integrada e orgânica – a um todo racional, de infinito valor (panteísmo, monismo, etc.), promovendo a reconciliação entre a finitude aleatória e o infinito necessário”, como é um discurso completo cai no simplismo.
A terceira forma, que nada mais é que uma conjunção das duas anteriores comenta Giacóia, é uma “forma do niilismo surge como consciência da mendacidade do mundo metafísico, e como descrença na categoria de verdade – com a descoberta de que o vir-a-ser é a única realidade – uma realidade, contudo, que não conseguimos suportar.”, em geral volta-se a um subjetivismo puro idealista ou a um ativismo desenfreado do “fazer”.
O deserto visto com busca do Ser, abertura ao estado de atividade de contemplação, ou contemplação da atividade, é uma reviravolta ontológica, penetração no subjetivo do Ser, para encontrar o objetivo de nossas atividades, nada foi em vão, o que menos serviu, foi útil como aprendizado, ou serviu para servir a nossa experiência, mas um deserto é necessário para esta retomada, senão cairemos nos mesmos vícios e erros, os caminhos já trilhados, é preciso “ir para o deserto”, como fez o profeta João Batista, Jesus e muitos outros místicos.
GIACOIA JR, Oswaldo. “Nietzsche: fim da metafísica e os pós-modernos.” In: Metafísica Contemporânea, Cap. 1, por Guido Imaguire, Custódio Luis S. Almeida,Manfredo Araújo de Oliveira (Org), p. 13-39. Rio de Janeiro, RJ: Vozes, 2007

 

Deserto e contemplação

05 dez

Entre as dificuldades do homem moderno está a contemplação, por isso queracomteplaçao tonar tudo liso, tudo polido, sem dor, sem manchas, sem riscos e sem doenças, mas os remédios e as vacinas, em geral, são uma doença atenuada, ou seja, faz parte da natureza.

Queremos a natureza a nossa imagem e semelhança, e não permitimos que ela siga seu caminho, assim nos sentimos num deserto que nós próprios construímos, não confundir com o silêncio e o “deserto da alma”, talvez nome impróprio, para a contemplação.

Mas há um deserto do vazio existencial, de um nada que procuramos na sociedade do consumo, na religiosidade estéril ou na filosofia idealista, um vazio que não é um silêncio.

Contempla tacão é justamente o contrário, e esclarece o pensador Byung-Chul Han, em a Sociedade do Cansaço, a busca da “vida activa” tornou-se oposta a contemplativa e então ela é um deserto cheio de coisas cujo real sentido existencial é questionável, aliás justamente quando estamos num hiperativismo, doença social e não psíquica, é que estamos no vazio.

A contemplação exige alguma coisa além da pura imaginação, é preciso ver “com os olhos da alma”, enxergar beleza na natureza aparentemente imperfeita, e para isto é preciso alguma forma de crença para se ter esperança com o futuro.

Thomas Merton, um materialista convertido ao cristianismo e que se tornou grande místico, afirmava: “É a fé, e não a imaginação, que nos dá a vida sobrenatural; a fé é que nos justifica; a fé é que nos conduz à contemplação.”

Contemplação não é passividade, portanto, mas escuta atenta para além dos sentidos,

 

Essênios e João Batista

04 dez

Entre os diversos grupos judaicos do início da era cristã estiveram os aosEsseniosessênios (Issi’im), na verdade são dois séculos anteriores, o que implica que não foi João Batista seu fundador, a chamada comunidade do Qumran, e pereceram logo depois no ano de 68, o que prova seu sentido profético de anunciar a vinda do salvador, conforme pregou João Batista.
Nos manuscritos encontrados em 1947, revelaram que eram um “povo humilde, de grande conhecimento, originários do Egito”, formando um grupo que abandonaram as cidades e rumaram para viver na região de Qumran, as margens do Mar morto, eram vegetarianos e extremamente ascéticos.
Depois de encontrado o manuscrito do Qumran muitas polêmicas surgiram, até mesmo de que Jesus era na verdade um essênio, outra que alguns fugiram para a Índia e lá teriam fundado comunidades com seus princípios, alguns destes manuscritos estavam dentro de jarros de barro e falavam da vida de Jesus Cristo e diziam sobre a importância de curas com medicinas alternativas e a importância da cultura vegetariana.
Os essênios também defendiam a unidade e a paz, pois era um período de divisão entre os judeus, vários tiveram contato com Jesus e estão presentes em passagens bíblicas.
Os saduceus eram pessoas da alta sociedade, membros de famílias sacerdotais, cultos, ricos e aristocratas; os fariseus não acreditavam na vida após a morte e porisso não diziam nada sobre sua visão escatológica (do princípio e fim) ficando mais preocupados com as regras e as “leis” judaicas, os zelotes rejeitavam o pagamento de tributos ao império romano, sob a alegação de que tal ato era uma traição contra Deus, entre os apóstolos de Jesus, Simão era um zelotes e Judas, o traidor também, e também o apóstolo tardio Paulo de Tarso, refere a si mesmo como um zelote religioso (At 22:3; Gl 1:14).
Dentro desta confusão religiosa, os essênios estavam entre outros grupos que foram para zonas desérticas para evitar a contaminação de ideias deturpadas da religião, dois discípulos de Jesus eram seguidores de João Batista: André e João, mas sendo Simão irmão de André muitos autores afirmam que também ele era essênio, além de ser zelotes.

 

Noosfera e vigilância

01 dez

Existe uma consciência planetária e até mesmo cósmica, se pensamos no sentido daaOração noosfera do espírito ou mente (noon – espírito ou mente, esfera), como aquela que atinge toda a humanidade e quem sabe todo o corpo celeste, e se nela estamos ligados chegaremos a uma grande consciência cosmológica ou cosmogônica.
De modo concreto, o planeta passa por mudanças, que postamos durante esta semana alguns comentários das análises de Edgar Morin e Petr Sloterdijk, há outras é claro, como as diversas preocupações de grandes pensadores que estão em “O mundo não tem mais tempo a perder” (GOLDMAN, 2014).
Falamos de “visões” do Sloterdijk, e vigiar está ligado a “ver com atenção” e também é preciso pensar que podemos emanar bons pensamentos e sentimentos ao planeta e ao cosmos, por isto a passagem do evangelista Marcos que ficou consagrada como “Vigiai e orai”, mas que está em outras passagens bíblicas, esta porém é mais atual (Marcos 13:33-37), pois ele compara esta vigilância a chegada do administrador que deixou a casa (neste caso a nossa casa de morada a Terra ou o Cosmos) para que os empregados tomassem conta e espera que eles tenham cuidado dela.
Pode-se pensar em termos apocalípticos, mas o sentido escatológico verdadeiro que é “estar atentos” para o desenvolvimento dos povos (na plenitude é o reino de Deus) vai sendo construído e as vezes, caso do momento atual da humanidade, é preciso vigiar para ir em frente e não cair em retrocessos que são possíveis, como as guerras e aumento das desigualdades.
Portanto pedir, orar e falar deste “desenvolvimento futuro” tanto humano quanto em cada uma de suas dimensões (espiritual, material, intelectual e afetiva), significa interiorizar e meditar sobre estas mudanças, por isto “orar” não significa apenas pronunciar palavras sem nexo e sem sentido, mas desejar um progresso para todos.
Para cristãos católicos e luteranos o “advento”  (período do Natal) é um tempo propício para esta “vinda”, como uma destas “visões”, a fraterna da consciência humana, agora de cidadania planetária, esta é a noosfera deste tempo.

GOLDMAN, S. (coord). O Mundo não tem mais tempo a perder: Apelo por uma governança solidária e responsável, São Paulo: Civilização Brasileira, 2014.