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Arquivo para janeiro, 2018

O bem entre Platão e Aristóteles

31 jan

A razão que deste tema da antiguidade clássica para a contemporaneidade é o reconhecimento,AgreekPolis para diversas interpretações da prática do dia-a-dia para a mais alta teorização que ainda nosso pensamento está intrincado desta ideia de bem.
Hans-Georg Gadamer em seu livro “A ideia do bem entre Platão e Aristóteles” (2009) desmonta desde o início do texto “as comparações ideais e ingênuas, tal como “Platão, o idealista”, ‘Aristóteles, o realista’  “ (pag. 2) e afirma que este é o testemunho da parcialidade “no campo da consciência idealista.” (idem).
Demonstra isto com a interpretação neokantiana de Platão feita por Paul Natorp ao fazer a aproximação de Platão e Galileu, onde interpretou “a ideia” como “a lei natural”, e que fora alertado pela ruptura de Nicolai Hartmann com este tipo de idealismo, e foi o que fez inúmeros autores (Robin, Taylor, Ross, Hardie e Hicks) que mostraram a unidade da filosofia do Lógos com toda “a conceptualidade do pensamento ocidental” (pag. 3).
Reconhece que o conhecimento que goza de amplo reconhecimento é a tekhné, enquanto o conhecimento que é mais importante para o homem: “sobre o Bem parece de outro tipo, diferente de todo o conhecimento conhecido …” (pag. 25) então este tipo é ainda muito mais importante para nossos dias, como mostra a “banalidade do mal” de Hanna Arendt ou a “fragilidade do bem” de Martha Nussbaum, o tema está de volta.
Como isto pode ser dito de modo mais direto: corrupção, violência, terrorismo , fome e diversos tipos de intolerância demonstram a nossa ignorância ainda hoje sobre o tema.
Em densa e complexa análise, Gadamer mostra o fundamento ocidental deste tema,
Destaca o autor, a partir da República de Platão, que o mundo idealizado do Estado pelos autores da Antiguidade Clássica, pensavam que esta ideia de Estado ia harmonizar a sociedade,
Platão em vida observou a corrupção da polis grega, Gadamer cita sua Sétima Carta da República: “a não ser que ocorresse uma reforma de dimensões incríveis” (p. 70),
Fica a pergunta de Leo Strauss e Allan Bloom, citados por Gadamer: “Intenciona Platão nada mais a não ser caracterizar o conflito entre theoría e política?” (p. 72), a resposta de Gadamer caminhará (de modo complexo) para uma areté coletiva, bem ao gosto de seu círculo hermenêutico, mas pensamos que uma verdadeira ideia do “Bem comum” ainda precisa ser explicitada com uma reforma de “incríveis dimensões”.
GADAMER, H.G. O bem entre Platão e Aristóteles. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

 

Ainda sobre o mal

30 jan

Não completamos o nosso raciocínio sobre o mal, duas análises ainda podem ser feitas, e seaBadSimbol desejamos comentar Kant três análises: Kant, Paul Ricoeur e Gadamer.
Serei breve com Kant (1724-1804), embora seja necessária uma análise mais profunda indo até Hegel, o ponto central de seu pensamento nesta questão, é que o mal quanto à origem é insondável, mas para ele existe o “conceito” (idealista claro) de mal radical, e assim seria a escolha entre uma máxima boa ou má, a partir do qual todas as outras derivam.
Paul Ricoeur afirma que ele (Kant) explica a liberdade pelo mal e o mal pela liberdade, num raciocínio tautológico portanto, Ricoeur vai procurar em fonte originárias, ou seja, o resgate do conceito de mal deve vir fundamentado em fontes originárias, a partir delas encontramos a origem existencial do mal, e assim ela está nos símbolos e nos mitos.
Interessa-nos por questão de colocar a técnica e tecnologia (estudo e desenvolvimento da técnica) em questão, analisar os passos originários antropológicos, por isso a questão que os grupos nômades de 200 mil anos atrás de homo sapiens fazem migração e incursões em novos territórios em grupos é significado, porque revela intensão de expansão e de “ocupação”.
De forma embrionário este raciocínio está escrito também em Paul Ricouer, o autor fala da influência em seu pensamento de Jean Nabert da frase lapidar de Spinoza “desejo de ser e esforço para existir”, e que exerceu influência decisiva no pensamento de Ricoeur (RICOEUR, 1995, p. 23)
Ricoeur chama de “pequena ética” sua visão do mal como aquela que o sujeito se descobre envolvido, está com um mal-ser, um mal-substância, um mal-fazer que resulta do uso de modo equivocado de sua liberdade, ainda há nele um resto de maniqueísmo.
Só daí que ele vai para o mal simbólico (nome de sua obra principal no tema), num caminho do simbólico ao mitológico, e daí para os textos, implica no conceito de mal ligado a cultura.

Ainda que não sejam conclusivos, são raciocínios importantes para se entender o que a cultura contemporânea chama de “mal”.

RICOEUR, P. Da Metafísica á Moral. Trad.: Sílvia Menezes. Lisboa – Portugal: Instituto Piaget, 1995.

 

Novas descobertas do homo sapiens

29 jan

Em estudo publicado nesta quinta-feira (25/01) pela revista Science, numa caverna africanaaMandibula chamada Misliya, foram encontrados fragmentos faciais com a mandíbula e vários dentes pelos quais se pode fazer a datação com cerca de 200 mil anos, o homo sapiens é mais velho do que nós pensávamos, e então migrou da África para o continente asiático passando pelo Oriente Médio.
Foram encontrados no sítio arqueológico Caverna Misliya (próxima a Israel), localizada no Monte Carmel, os ossos têm entre 177 mil e 194 mil anos.
O coautor do estudo Rolf Quan, afirmou à revista: “é uma descoberta emocionante, ele fornece a clara evidência que nossos ancestrais migraram da África muito antes do que acreditávamos”.
O fóssil que foi chamado de Mislya-1 possui dentes como os humanos modernos, além de mostrar características da espécie humana, e outras evidenciam mostraram que caçavam animais grandes e já usavam o fogo, ferramentas de pedra e lâminas sofisticadas para a época foram encontradas também no local.
Recentemente outros fósseis de cerca de 300 mil anos foram encontrados no Marrocos, e depois em Israel, que já eram luzes sobre esta imigração, e isto reforçou a idéia que traçaram uma rota ao longo do vale do Nilo (a necessidade da água) e não por uma rota através do estreito Bab al-Mandeb, costa da Arábia Saudita, indo depois ao lesta da Ásia e ao subcontinente indiano, afirmou outro coautor Israel Hershkobitz, da Universidade de Tel Aviv.
Os humanos de Misliya eram nômades e migravam pela região no decorrer das estações do ano em busca de alimentos e buscavam cavernas para se abrigarem.

 

Um Espírito Novo de ver as coisas

26 jan

Separação entre mente e espírito é uma construção contemporânea, assim aNovoEspiritocomo a relação com os objetos, com a tecnologia e com outras objetividades, como o dinheiro por exemplo, exercem sobre o pensamento ocidental, em especial, certa desconfiança.
O mundo objetivo que existe fora do homem precisa ser compreendido para se ter uma boa relação com ele, a modernidade diz que o homem deve “dominá-la”, mas a natureza e os objetos parecem se rebelar, não porque máquinas nos controlem, mas por que seu uso requer mudanças de comportamento e novas relações com a sociedade e o contexto.
A existência do mal, que Agostinho de Hipona dizia que era a “ausência do bem”, e ele foi um maniqueísta (a luta do bem e o mal), e que para a sociedade em crise é um conjunto de fatos simbólicos, armas de guerra, desafios entre torcidas rivais, xenofobia e outras fobias, está encerrado no fato que vivemos um contexto “mal” que precisa ser renovado.
Uma das primeiras coisas que deve-se renovar é o pensamento, diz Edgar Morin, mas dizem também boas espiritualidades e autores que trabalham a subjetividade humana.
Um mundo sem sentimento não é por causa das máquinas, mas do pensamento e das relações sociais que nos envolvem que se complicam dentro do contexto atual.
Em Mc 1,27 podem-se ler: “E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!”
O fato que Jesus “curava” era para muitos naquele tempo um fato novo, com certa dose de “exorcismo” pelo fato que muitas doenças não eram conhecidas, o esclarecimento sobre muitas coisas era obscuro, mas nem por isto deixavam de entender que havia “um ensinamento novo dado com autoridade”, isto sim, um espírito novo de ver as coisas

 

Oscar 2018 e estréias

25 jan

Estava pronto para nem comentar o Oscar, mas para minha surpresa o filme ThePostThe Post – A Guerra Secreta, dirigido por Steven Spielberg aparece entre os indicas, com Meryl Streep (candidata a melhor atriz) e participação de Tom Hanks, conta a história real sobre a guerra do Vietnã e os bastidores do jornal The Washington Post, em 1971, que chega as telonas nesta quinta-feira em muitos cinemas nacionais.
Outras duas estréias com indicados ao Oscar 2018 foram Artista do Desastre e Visages, Villages que também são estreias no cinema nacional e valem a pena serem assistidos.
Outras surpresas boas foram às indicações dos filmes: “Blade Runner 2049” para direção de arte, fotografia, efeitos especiais, edição de som e mixagem de som, assim como o diretor Jordan Peele, por “Corra!” que é indicado também para melhor filme.
Também foi surpresa a atriz Mary J. Blige é a primeira indicação em um ano em duas categorias: melhor atriz coadjuvante e melhor canção original em “Mudbound”
Decepções 13 indicações para “A Forma da Água”, a fantasia romântica dirigida pelo mexicano Guillermo del Toro, parece muito exagerada, e a omissão do filme O Rei do show, que teve várias indicações ao Globo de Ouro, ganhou apenas melhor música “This is me”.
Surpreendentes as indicações de “Dunkirk”, do britânico Christopher Nolan (oito indicações), e a produção independente “Três Anúncios para um Crime” (com sete).
“O Destino de uma Nação”, filme politico centrado na figura de Winston Churchill, obteve seis indicações, mesmo número do drama “Trama Fantasma”, justas, mas exageradas.

 

A fragilidade da bondade

24 jan

O livro A fragilidade da bondade: fortuna e ética na tragédia e na filosofia gregaMarthaJustica [The fragility of goodness: luck and ethics in greek tragedy and philosophy] foi publicado em 1986, sua autora, Martha Nussbaum, era relativamente desconhecida fora do mundo acadêmico, mas já era respeitada como uma estudiosa da antiguidade clássica.
Até a publicação da edição brasileira, tornou-se conhecido no mundo anglo-saxão por um envolvimento no debate político norte-americano, com ênfase especial na filosofia política.
Pode-se fazer um resumo grosseiro do livro, dizer que a partir da discussão da tragédia grega do século V a.C. e assim como dos filósofos do século IV a.C., que o livro aborda as tensões entre o papel da fortuna  (no sentido grego é mais sorte que dinheiro) na existência humana e a aspiração a uma vida moralmente realizada.
Então esta discussão reside na ideia de que pode existir “uma lacuna entre ser uma pessoa boa e conseguir viver uma vida humana florescente”, assim ela fala de um “reflorescimento”.
Uma das forças do texto é no modo como o significativo conhecimento do corpus textual da antiguidade clássica e a competência filológica de sua autora se conjugam à abordagem, então é como se estivéssemos revisitando a filosofia grega, então o “reflorescimento” é também filosófico, até certo ponto questionável porque este foi o projeto do renascimento.
Seu mérito é ler a filosofia ocidental a partir dos gregos, e não exclusivamente nos gregos, onde ela destaca o papel central da moral que vai chegar até nossos dias, o reflorescimento é então uma adesão da autora ao “método” aristotélico de abordagem das coisas humanas, porem pode-se dizer que há três questões numa espécie de “fenomenologia” da vida ética humana e do papel que a fortuna aí desempenha, e isto pode ser observado no texto:
São três os aspectos aristotélicos, a boa via: o amor, a amizade, atividade política, etc., seriam por definição vulneráveis ao risco, ao perecimento e impregnadas de incerteza.
Em segundo, as coisas tidas como valiosas são plurais, podem ser incompatíveis entre si e, em última análise, são irredutíveis a um valor superior, que podem gerar, em momento específicos, quando não estão sujeitas ao controle humano, exigências conflitantes e incontornáveis.
Em terceiro lugar: as emoções, os desejos, os sentimentos nos vinculam a objetos, por definição, particulares e contingentes, expondo-nos à precariedade e à indeterminação constitutiva desses últimos.
É um bom traço aristotélico, mas considero a análise de Gadamer sobre a questão mais profunda, pois ele a une ao tratamento das virtudes platônicas: a coragem, a sabedoria, a temperança e a justiça.
Não sou platônico, mas parece que todas estão em falta.
NUSSBAUM, Martha. The fragility of goodness: luck and ethics in greek tragedy and philosophy. 2. ed. Cambridge, Cambridge University Press, 2001.

 

O mal e a Natureza do Bem

23 jan

Agostinho de Hipona era um maniqueísta errante, com uma vida boemia eaoBem cheia de amores, chegou a ter um filho, sua mãe Monica uma cristã fervorosa pedia pela conversão do filho, mas Agostinho julgava os cristãos ignorantes demais e pouco elaborados, até que conheceu Ambrósio, que era bispo de Hipona, que a bem da verdade, era um intelectual e fora prefeito da Ligúria e Emilia, que tinham como capital Mediolano, hoje Milão, mais tarde o povo o fez bispo.
No contato com Ambrósio, Agostinho torna-se cristão e escreve neste período A natureza do Bem, onde contesta a concepção de Mani no que diz respeito ao mal e, então a dualidade de princípios que se baseava o sistema cosmológico da seita maniquéia, é substituída por uma ontologia.
Agostinho então se preocupa em afirmar que toda natureza é um bem, uma vez que procede de Deus e que o mal, não está entre os seres criados, mas é construído quando não se faz o bem.
Agostinho conhecia Fausto que era um dos grandes sábios da seita maniqueísta, mas descobre que seu conhecimento era limitado e se restringia à Gramática, Cícero e alguma coisa de Sêneca.
De modo mais elaborado, a teoria completa de Agostinho, afirma que há uma corrupção do modo (modus), da espécie (species) e da ordem (ordo), que são atributos ontológicos dos seres, e portanto inexiste ontologicamente o mal, bem como suas implicações filosófico-teológicas.
O pensamento de Agostinho sobre a matéria não é o dualismo entre espírito e matéria, afirma ele:
“Ignorava que Deus é espírito e não tem membros dotados de comprimento e de largura, nem é matéria porque a matéria é menor na sua parte do que no seu todo. Ainda que a matéria fosse infinita, seria menor em alguma das suas partes, limitada por certo espaço, do que na sua infinitude!.” (AGOSTINHO, 2006)
Mas e se o mal acontece como reagir a ele ? Agostinho esclarece isto, para se julgar o homem com justiça, conferindo-lhe castigos ou penas, a própria percepção social do mal, conforme as ações ou intenções de quem as pratica, afirma: “[…] não é injusto que se dê aos perversos o poder de causar dano uns aos outros, para que se prove a paciência dos bons e seja castigada a iniquidade dos maus.”, escreveu no cap. 21 de sua obra “A natureza do bem”.
Duas obras contemporâneas tratam de modo diverso, mas profundo também estes dilemas: “A fragilidade da Bondade” (eu diria do Bem), de Martha Nussbaum e A simbólica do Mal, de Paul Ricoeur, o mal é uma questão filosófica posta, e não é portanto a questão maniqueísta.
AGOSTINHO, S. Confissões. 21. ed. Tradução de J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina. Petrópolis: Vozes, 2006.

 

CES 2018 e as novidades

22 jan

Esta feira internacional de Eletrônica em Las Vegas, foi realizada no início doaoAlexa mês entre 8 e 12 de fevereiro, mostrando diversos lançamentos de tecnologia, indo desde TVs até celulares de última geração, mas a área de negócios e chips é que prometem maiores avanços.
Após a gafe de segurança dos chips Intel, agora associada a AMD, a empresa revelou detalhes de um novo processador chamado Intel Core de 8ª. Geração, especial com os modelos para processar gráficos Radeon RX Vega M, podendo trabalhar com cargas pesadas de gráficos e realidade virtual.
A Intel e a AMD revelaram mais detalhes do novo processador em que estão trabalhando juntas. Chamado de “Intel Core de 8a geração com gráficos Radeon RX Vega M”, o chip será voltado para PCs e laptops, com foco em cargas de trabalho pesadas em termos gráficos, como Realidade Virtual (VR).
Outro assunto muito comentado no CES 2018 foi o assistente digital da Amazon, o Alexa (foto), que já pode ser usado nos carros, smartphones e também nos escritórios, é provável que logo já sejam incorporados aos laptops e PCs.
Variações em laptops incluem redução da espessura, a nova versão da Dell, o XPS 13 pesa 1,21 kg e possui menos de 12 mm de espessura, com tela 4k quase sem bordas (chamada infinity Edge) e com uma versão sensível ao toque (touchscreen).
O tablet ThinkPad X1 da LeNovo foi outra novidade, display de 12 polegadas, com resolução chamada de 3k (2160 x 1440) a bateria cresceu também em potência, o que dá 10 horas de uso , mas com isto ficou mais pesado com 1,26 k (quer dizer nem tanto).
Não apareceu nenhum híbrido atacando pessoas ou androides controlando a humanidade (claro é para lembrar alguns que tem fantasia demais sobre o assunto).

 

Teoria, vida e seguimento

19 jan

Entre as dicotomias infernais da modernidade, certamente a pouco lembrada, masaSeguir sempre presente é a ruptura entre teoria e prática, empiristas defendem a experiência (prática) e idealistas, os ideais “puros”, não por acaso tentaram se completar na modernidade.
Hans-Georg Gadamer escreveu em Elogio da Teoria que se considerando que “todos homens anseiam, por natureza, saber, e que a mais elevada felicidade do homem reside na “pura teoria”, e que o seu mais íntimo fundamento (o [que é ser] homem) é um ser teórico”, se o homem desenha conhecer deve elaborar o que pensa sobre as coisas, mesmo que estejam fundadas nas relações práticas, é uma teoria, um “constructo” teórico no pensamento.
Postamos sobre invencionices, mesmices e espírito de rotina, mas talvez o mais pernicioso na vida do homem (o que é muito prático) seja a dificuldade de mudar de rumos, de hábitos, de rotina e principalmente de pensamento, fazer uma ruptura, uma conversão e depois seguir.
Na história sempre que houve uma mudança de pensamento aconteceu alguma ruptura, Spinoza deixou o judaísmo e depois o cristianismo ao construir sua “teoria”, Heidegger foi viver no meio da floresta negra, enfim, é preciso “mudar a rota” para mudar o pensamento.
Na bíblia os discípulos de Jesus Simão e André que pescavam peixes, ao encontrarem o mestre, deixam as redes e saem para caminhar com ele, e o mestre lhes diz (Mc 1,17): “Jesus lhes disse: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens” e o seguiram.
Mas antes André e João, que foram discípulos de João Batista (por isto ele está no texto anterior de Mc 1,14), haviam ido dizer a Pedro que haviam encontrado o Messias, e antes ainda haviam perguntado onde Jesus “morava”, claro o sentido é mais amplo que casa.

 

 

Mesmice e outridade

18 jan

Para desenvolvermos a ideia de outridade recorremos ao que Edgar MorinaMesmice (2010, p. 192) chama de memento ou de modo mais simplista “lembrete” que é a maneira de trabalhar conceitos sem defini-los, que significa dar fim e não admitir a dinâmica de conceitos:
“O método da complexidade pede para pensarmos nos conceitos sem nunca dá-los por concluídos, para quebrarmos as esferas fechadas, para restabelecermos as articulações entre o que foi separado, para tentarmos compreender a multidimensionalidade, para pensarmos na singularidade com a localidade, com a temporalidade, para nunca esquecermos as totalidades integradoras.”
Mas ao fazer uma busca na web descobri que o termo já existe, definido por Landowski mais ou menos assim: “calculadas, homólogas ao afastamento que seus públicos mantêm. Frente ao Outro é preciso resguardar-se, diz o enunciador mapeador, qualificando-o de exótico, ao exibi-lo para o display, mas, em outros casos, é preciso ocultá-lo do holofote, deixá-lo nas margens; assim, ele pode ser assimilado, admitido ou segregado; em certos casos, será necessário inscrevê-lo como inimigo, excluindo-o.»
Embora seja confundido com alteridade (é até apresentado como sinônimo), dois aspectos do conceito (usando Morin, sempre inacabado) a ideia de exíbi-lo num display, tipica do mundo digital, e ainda a ideia de escondê-lo dos holofotes, que significa não proclamá-lo de modo bombastico ou dogmático.
O termo foi criado por especialistas franceses, a partir das propostas do investigador francês Eric Landowski (do Centre National de la Recherche Scientifique – CNRS).
A mesmice já sabemos, repetições de conceitos e ideias que com o passar dos anos ficam descontextualizadas e portanto perdem a essencia de seu significado, mesmo que ditas de forma aparentemente criativa, são meras invencionices destituídas de realidade e vida.
Assim tornam-se vazias e dogmáticas, pouco a pouco perde-se o interesse por elas.

MORIN, E. Ciência com consciência. Trad. Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio dória, 14ª. Ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.