Arquivo para fevereiro 27th, 2018
Desconstrução e pós-modernidade
Estes textos tem uma perspectiva de debate mais anglo-saxônica sobre a historiografia pós-moderna e pós-modernista, tem nisto a sua principal contribuição, já que o restante está ligado a visão de “ciências humanas” sob a ótica anglo-saxônica, que poderia ser compreendida como “humanidades” já que é visa com relação ao natural, que data deste os trabalhos de início da modernidade com Thomas Hobbes (1588-1679) e John Locke (1632-1704), ainda que implícita.
É neste sentido que o “pós-modernismo” como vê Munslow se aproxima do niilismo ao pensar que inexiste a possibilidade da “verdade única”, já que ela não pode ser construída, criada ou mesmo imaginada, nisto que vemos o princípio do pensamento sobre o “natural” em Locke e Hobbes.
Na perspectiva de Munslow a critica literária estruturalista isolado o texto do contexto para tentar compreender o significado (o conceito que certa palavra representa) sem considerar o significante propriamente (a palavra), assim há limitações de compreender a linguagem como compreensão do texto: “crítica literária estruturalista isola o texto do contexto para compreender o significado de seus enunciados em relação a outros enunciados presentes ali no próprio texto, assim é preciso “aceitar a natureza elusiva do texto como cheio de lacunas, silêncios e incertezas de significados – aberto e repleto de significantes – sugere que a interpretação histórica dos textos, bem como o criticismo literário, são necessariamente indeterminados e suas leituras mais ou menos inadequadas. Isso não significa, obviamente, que toda leitura é tão boa quanto qualquer outra; isso simplesmente significa que não há interpretações definitivas ..” (MUNSLOW, 2009, p. 46).
E historiadores não estão fora desta perspectiva, afirma Munslow, assim as verdades inexistem, são construções culturais de cada tempo e espaço, permeadas por interesses de todos os tipos, relacionadas aos jogos de poder (dominação, negociação e resistência) particulares a cada sociedade, mas isto não impede: “que pessoas (incluindo historiadores) busquem sentido para o mundo cotidiano, ainda que os signos sejam arbitrários” (Munslow, 2009, p. 46).
Assim, as construções narrativas seriam imposições feitas por muitos motivos: explanatórios, políticos, ideológicos, e, Hayden White em sua obra Metahistória, elabora uma explicação das explicações feitas pelos historiadores do século 19 sobre o conjunto de recursos linguísticos (como metáforas) para enquadrar suas histórias os gêneros literários: romântico, trágico, cômico ou satírico.
Assim como parte de sua perspectiva o pósmodernista como vista por Munslow é uma continuidade da modernidade, quase uma sua consequência, enquanto a pós-modernidade é de fato a novidade, entre elas existe a questão da consciência história, mas não a romântica de Dilthey.
WHITE, Hayden. Metahistória: a imaginação histórica do século XIX. São Paulo: Edusp, 1995.