Arquivo para abril, 2018
O século das luzes kantianas
O século XVIII foi comemorado por muitos filósofos como século da Filosofia, parecia que o iluminismo tinha triunfado de maneira irreversível, sua ideia de estado, a ciência como forma de retirar o homem das trevas, enfim tudo parecia ir de vento em popa.
Antes de tudo o que era esclarecimento para Kant, sem dúvida o maior precursor, assim como Hegel a síntese de toda a filosofia idealista do iluminismo, o esclarecimento (Aufklarung) seria a saída do homem de sua menoridade, do qual ele própria seria culpa, veja que culpa aqui não é o conceito cristão de desvio, mas aquela própria da qual o estado seria o guardião.
Assim a menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo, é o individualismo perfeito, o homem sem a direção de qualquer outro indivíduo, por isso só ele é culpado de essa “menoridade”, depender do outro.
Isto está consumado na máxima do imperativo categórico: “age de tal forma que o seu agir possa ser universal”, e não deve ser confundido com a regra de ouro: “faz aos outros aquilo que gostaria que fosse feito a você”, porque esta inclui o Outro.
É também equivocada a ideia que o idealismo tenha um fio de ouro que o conduza ao platonismo, que por sua vez não pode ser isolado do “materialismo” de Aristóteles, estes equívocos estão explicitados em Gadamer: “O problema da consciência histórica”, cujo ponto central é justamente separar a consciência idealista e romântica de história, para a real.
O texto a Sétima Carta de Platão, favorece o diálogo com o Outro, a dialética dialógica de enfrentar contrários e saber como completar o chamado círculo hermenêutico, onde os pré-conceitos podem passar por uma fusão de horizontes e um posterior esclarecimento que leva a novas reformulação.
Platão afirma na Sétima Carta: “… só depois de esfregarmos por assim dizer, uns nos outros, …. nesses colóquios amistosos de perguntas e respostas … é que brilham sobre cada objeto a sabedoria e o entendimento … “ (Platão 344 b-c)
Para Gadamer o Círculo Hermenêutico, verdadeiro método de filosofar, é a-letéia, pois: “Qualquer Insight que podemos possuir emerge em um discurso humano finito, e por isso, apenas parcialmente … Nossos insights, em outras palavras são marcados por nossa discursividade. O que nos é dado nos é dado do ocultamento [léthe] e em um lapso de tempo de volta a ele. Daí porque nossa verdade humana é a-letheia, jamais absoluta”. (GADAMER, 1980, p. 103-104)
PLATÃO, Carta VII (Trad. Do grego e notas de José Trindade Santos e Juvino Maia Jr). Rio de Janeiro: PUC-Rio/Loyola, 2008.
GADAMER, H.G. Dialogue and Dialectic, eight hermeneutical studies on Plato, Binghamton, NY: Yale University, 1980, p. 91-123.
A vida e a videira
A árvore que dá os frutos da uva é particular, primeiro pelo sou nome videira pois dá a vida a um dos frutos mais enraizados nas culturas devido o vinho, e também é curiosa porque seu tronco e sua sombra são de pouco valor, e há ainda o aspecto que ela seca e deve ser podada.
Se os processos civilizatórios são cíclicos usam a metáfora da videira parece propício para entender os caminhos da humanidade, uma geração cresce sobre determinada cultura, mas quase sempre a questiona exatamente por que os jovens olham para o futuro, o seu futuro.
Quem diria que o sólido império romano decairia antes os persas, os conquistadores portugueses, as guerras napoleônicas, a união soviética e agora os resilientes americanos.
Analista de diversos níveis tipos, correntes e pensadores de diversas especialidades estão convictos, a civilização passa por uma destas mudanças e é uma hora crítica de opções.
Há a nossos ver três pontos essenciais: o combate a centralização de capitais e a corrupção em escala mundial, a mudança dos paradigmas educacionais e a questão ecológica.
O centro destas discussões ainda são os poderes econômicos e os governamentais, e muitas vezes confundidas pela influência da tecno-ciência que nada pode sem estes poderes, mas o centro da discussão deveria estar na valorização da dignidade humana e na questão ecológica.
O certo é que não se pode discutir a vida, sem aqui que é origem da vida, a responsabilidade e a dignidade da “videira” humana que as vezes parece secar com a árvore da uva, mas em seguida vem a primavera e ela floresce, se o agricultor estiver atento.
Como diz a passagem bíblica Jo, 15,1-3: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei.”
A vida: origem e destino
Para existir vida é essencial a água e alguns outros elementos em abundância: oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, enxofre, potássio, sódio, cloro e magnésio, assim a busca por planetas habitados ou habitáveis procura-se estes elementos, sobre a vida em outros planetas o cientista Arthur C. Clarke afirmou: “ou estamos sozinhos no universo ou não estamos, qualquer uma das hipóteses é assustadora”.
Tão importante quanto a origem da vida, que ainda é um enigma, é investigar as sociedades originárias que estão submersas sobre as camadas subterrâneas de nossa sociedade, alguns são capazes de ver estes traços e entender que a modernidade não é o destino eterno dos homens, outros mergulhados nos conflitos de nosso tempo querem eternizá-la como se fosse o último estágio civilizatório humano.
Compreender o que é a vida, é também compreender de onde viemos, se na perspectiva cientificista da modernidade temos que saber se viemos da matéria ou não, e para esta questão recomendo o livro de Terrence Deacon “Incomplete Nature: how mind emerged fom matter“ (veja nosso post), exatamente porque une a perspectiva antropológica com a diria cosmológica, num sentido mais amplo que inclui as cosmogonias das diversas culturas e civilizações.
O assunto é demasiado amplo para um post, por isso conto uma experiência estando em Portugal, fui visitar uma destas pequenas cidadezinhas portuguesas Coruche, não são as aldeias que são ainda menores, e lá me deparei com vestígios dos homens pré-históricos na região, os primeiros sinais civilizatórios ocidentais: colunas romanas, aquele que acreditam ser o primeiro sino de Portugal e também início da evangelização cristã na região, a Igreja de Nossa Senhora do Castelo tem este nome por ter sido feita sobre as ruínas de um castelo.
Assim uma civilização soterra a outra, também a cidade fica numa região limítrofe entre o Reino de Portugal e o de Al-Andaluz, onde viviam muçulmanos árabes e onde está a origem dos desenhos dos azulejos de Portugal, senti que tudo isto se compunha numa civilização originária de Portugal desconhecida, e nós netos desta civilização originária.
Não deixa de ter, como em todo Portugal os campos de videiras, quase todo lugar tem uma.
Como está escrito no museu de Coruche sobre a cidade: “O céu, a terra e os homens”, é conhecida também pela produção de cortiça.
Sobre a essência da Vida
O que é finito ou temporário é ente, mas tudo que existe nem sempre existiu, então é ente.
Não se fala de essência sem falar do Ser, pois a essência sem ek-sistencia é um ser para o Nada, o niilismo que já aqui explorada um pouco, agora vamos para esta existência, finita no agora, mas efêmera porque daqui um segundo ela será apenas uma fugaz “memória”.
Supomos como Camus, que somos apenas entes, o mito de Sísifo a empurrar a pedra da vida enquanto se está nesta vida que é finita e absurda, mas que não admite o não ser.
Como entes, sempre finitos, é inevitável que nos movamos somente no plano dos entes, ou seja somente do que sempre é, evitando na medida do possível o virtual “poder ser”.
Parece sensato e racional ficar apenas no que é, mas também quando nos movimentos para uma compreensão maior do Ser, se não é, pela lógica das essências, é niilismo, pois partindo somente do plano do é, tudo que não é é nada, caindo e decaindo no plano do plano da finitude.
É possível, permanecendo neste plano da existência encontrar sentido para a vida e também colher os frutos de um olhar para o infinito dentro do plano existencial, um filme visto na minha juventude me marcou.
O filme de Akira Kurosawa Viver (Ikiru, 1952), um ícone de sua obra ainda que pouco conhecido, narra sobre um burocrata de uma repartição pública que descobre um câncer de estomago e vive o drama de repensar sua vida, descobre em senhoras que iam reclamar da lama em um bairro periférico uma razão para sua existência.
Antes de morrer o funcionário público de uma existência miserável descobre na reclamação daquelas senhoras um sentido para sua existência e vai lutar com todas as forças para criar um parque para crianças onde antes era um lamaçal, onde ele morrerá num dia frio de inverno numa cadeira de balanço daquela praça.
Pode-se como ente, ainda que seja necessário alcançar algum objetivo transcendente, descobrir de fato o que a vida é, quando fui ver o filme pensei comigo: penso que agora Kurosawa vai cair no meu conceito, para mim será sempre um mito do cinema não japonês, mas universal.
Lembro também que hoje é dia da Revolução dos Cravos em Portugal, que derrubou o fascismo.
O mito de Sísifo
Já era um mito e poderia ser esquecido, não fosse o livro de Albert Camus sobre o assunto no qual provoca a filosofia de seu tempo que descreve como tendo uma tentativa de lidar com o sentimento do absurdo, Heidegger, Jaspers, Shestov, Kierkegaard e Husserl.
Seria fácil contradizer Camus pelo próprio mito, uma proximidade ao niilismo no seu pensamento, sua morte trágica num acidente de carro, entretanto, seu pensamento é sério e deve ser levado a sério, como o foi por muitos autores.
O mito de Sísifo, é de um personagem da filosofia grega, que tendo desafiado os deuses é condenado a empurrar uma pedra montanha a cima, e quando ela rola para baixo, deve repetir continuamente o seu esforço de empurrá-la morro acima.
O mito de Sísifo deve ser levado a sério porque nele vive hoje boa parte da humanidade, que resignadamente realizada sua pesada tarefa diária embora às vezes duvide de seu sentido.
Para Camus o mundo não é o absurdo, o absurdo acontece quando “o meu apetite para o absoluto e a unidade” completa a “impossibilidade de reduzir o mundo a um princípio racional e razoável.”, assim reconhecer o absurdo do homem poderia levá-lo a viver de modo intenso.
Sem um sentido na vida, não existem valores. “O que conta não é a melhor vida, mas a maioria dos que a vivem”, nem regras morais ou éticas, “Tudo é permitido” como seria lema mais tarde das revoltas juvenis de 1968, é proibido proibir.
Assim o raciocínio de Camus não é um desproposito ou irracionalidade, é preciso ter a força do poeta pensador brasileiro Guimarães Rosa, que contrariando a lógica, sem ser ilógico, afirmou: “Tudo é e não é” (ROSA, 1968, 12), no seu livro Grande Sertão: veredas.
A força da essência do é é tão forte e presente que pode criar um ente, o finito, o nada.
CAMUS, A. O mito de sífico. Veja o pdf.
Qual o sentido da vida ?
Edgar Morin e muitos outros pensadores como Habermas, dizem que é necessária uma educação, uma filosofia da vida, mas a questão do que é a vida não é simples.
Muitas vezes quando estamos diante de um problema grave, de uma perda ou de uma mudança radical em nossas vidas perguntamos qual o sentido da vida, a questão sem uma resposta definitiva foi enfrentada por muitos filósofos, romancistas, teólogos e poetas.
Lembro a Canção do Tamoio de Gonçalves Dias, “não chores meu filho, não chores que a vida é luta renhida, viver é lutar …”, embora fosse só uma poesia ela me ajudou ao longo da vida.
Shopenhauer (1851) e Tolstói (1886) refletiram o fato que nossas vidas acabam com a more, então é impossível pensar num tema sem o outro, uma vez que a vida termina num ponto, tem uma finitude, nos remete para a infinitude e com certeza isto fez todos os povos pensarem na além-morte, em suas cosmogonias.
A crença em Deus e numa vida após a morte alivia a situação, ao ponto de alguns filósofos admitirem que se Deus não exista, a vida humana é um absurdo, mas Albert Camus e Thomas Nagel acentuaram a pouca significância objetiva de nossas vidas, então caminhamos na direção diferente do infinito, o Nada, o niilismo, mas o conflito entre eles desperta a Ek-sistência, eu Martin Heidegger sublinhou no Ser e o Tempo.
O existencialismo é fundamental, pois o pensamento na linha de Camus, leva a viver o que ele descreveu como “homem absurdo” aquele que vive a vida “sem apelo”, na visão dele esta pessoa abração a vida o mais plenamente possível, mesmo sem esquecer ou negar algum fundamental racional da mesma, este é no fundo o caminho do niilismo.
O pensamento de Nagel é mais cosmológico, ao sabor de alguns no nosso cotidiano, como o brasileiro Mario Sergio Cortella, o reconhecimento de nossa insignificância perante o cosmos, a luz deste pensamento que parece ir na direção do infinito, e não vai, evita a atitude exagerada e dramática, sendo a ironia a mais apropriada, é uma forma de cepticismo.
Ambos os caminhos são atraentes porque são facilitadores, pensar sobre a essência, isto é o que “é” das coisas da vida e do mundo, e o que de fato “são”, ou seja, o que é o “ser” neste mundo diante do cosmos e do infinito?
Este caminho remete também a questão do princípio, o que já fomos e de onde viemos, não deve estar deslocado do tempo, mas construído no tempo.
Schopenhauer, A. As dores do mundo (1851 primeira publicação). Veja o pdf
Tolstoi, L. A Morte de Ivan Ilitch (1886 primeira publicação). Veja o pdf .
Justiça e Liberdade para todos
Amartya Sen reflete em seu livro A ideia de justiça, sobre os desafios do desenvolvimento social e afirma que há “razões de justiça plurais e concorrentes, todas com pretensão de imparcialidade, ainda que diferentes — e rivais – umas das outras” (p. 43).
Uma dos aspectos fundamentais de sua obra, publicada originalmente em 2009, é que ele apesar de ser Nobel de Economia de 1998 é mesmo sendo “a economia é supostamente minha profissão, não importando o que eu faça do meu caso de amor com a filosofia” (p. 303), refletindo que suas preocupações e resposta procuram ir além desta questão.
Como indicam as próprias reflexões de Sen sobre o conhecimento, a questão que tem sobre a capacitação tanto de iluminar como de gerar ilusões, e isto é o que chamamos de justiça sustentável e distributiva.
Conforme ele explica em outro livro Desenvolvimento como liberdade campo da teoria moral do argumento econômico desenvolvido em seu livro, no qual defendeu que “o desenvolvimento pode ser visto como um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam” (Sen, 2000, p. 17), e qualquer modelo fundamentado em restringir a liberdade do homem não é um modelo sustentável porque será fonte de conflitos e interesses.
O papel da educação além de ser fundamental para uma sustentável justiça social, é também modelo de desenvolvimento moral e humano, e se há falta de liberdade, este desenvolvimento nunca será completo, é claro, sem negligenciar o aspecto do desenvolvimento econômico que garanta a vida.
Assim a ideia de pensamento único, de filosofia ou política de partido único, que já foram em diversos momentos da história rechaçadas pelo homem, e vem a tona novamente não é sustentável no plano político, moral e social.
A ideia de uma cidadania planetária hoje deve estar ligada a ideia de um mundo de menos discrepâncias econômicas aliadas a livre expressão de culturas e de povos, só assim podemos pensar num planeta para todos.
Uma forma de avançar na educação
As educações básicas precisas como disseram no primeiro postde empatia, capacidade de resolver conflitos e não será possível com a educação on-line atingir os níveis de escolarização para as faixas etárias mais baixas, mas a partir da primeira escolaridade.
Chamo isto a idade até os 10 ou 12 anos, já é possível observar que o ensino on-line ajuda e pode ser de grande avanço, em especial para crianças que vivendo em países periféricos tenham capacidade de rendimento escolar acima do que seria próprio da sua idade, claro esta criança deve desfrutar de canais de empatia e sociabilidade normais da sua idade.
Porém no nível superior é que podemos ter saltos maiores de qualidade e propiciar uma alta escolarização em escala mundial, só para dar um exemplo, a Índia que ainda tem níveis de saúde e pobreza alarmante é um país gerador de cérebros e estudantes de alto nível.
Os MOOCs (Massive Open Online Curses) é um tipo de curso aberto oferecido por meio de ambientes virtuais de aprendizagem, ferramentas da Web 2.0 ou redes sociais que visam oferecer para um grande número de alunos a oportunidade de cursarem sem a presença física em universidades e sem custos de moradia, transportes, etc.
Um fake News rodou este universo dizendo que os MOOCs nasceram em 2012 e faleceram em 2014, mas isto não é verdade, os números comprovam isto: os números atuais segundo o site Central-Class, o número de estudantes online é de 58 Milhões, distribuídos em mais de 700 universidades, em 6850 cursos, também os gráficos deste site mostram valores crescentes.
No Brasil grandes universidades já possuem cursos on-line, por exemplo: a FEA, da USP, tem um curso de Fundamentos de Administração (FEA/USP), disponível na plataforma Veduca, de educação online do Brasil, o curso gratuito é destinado a quem deseja aprender a administrar, outro curso é Responsabilidade Social e Sustentabilidade das Organizações (PUC/RS), curso da PUC do Rio Grande do Sul disponível na Miríada X, a Fisica de São Carlos tem o curso Física Básica (IFSC/USP), o curso tem carga horária de 59 horas divididas em 26 aulas e a UnB tem o curso Bioenergética (UNB), que permite ao interessado optar por apenas assistir às aulas ou obter o certificado.
A saída educacional
Apesar de grandes melhorias nos últimos anos, o progresso em direção à educação para todos estagnou a nível mundial, poucas iniciativas existem no sentido de darem saltos mais altos, Educação Aberta para Todos em Cursos Massivos Online pode ser a solução?
No total, 263 milhões de crianças, adolescentes e jovens tão fora da escola para o ano letivo que terminou em 2016, as estatísticas para 2017 não foram nada otimistas.
Isto significa que um progresso mais equitativo se tornará cada vez mais difícil se enormes barreiras são construídas já na educação juvenil estará fadada a recursos emergências e não a uma melhoria equitativa e sustentável da distribuição de bens em todo o planeta.
O porquê deste processo não ser equitativo tem algumas evidências: as crianças enfrentam as barreiras mais severas quanto à educação terão menores chances de desenvolvimento profissional e pessoal, isto se torna dramático quando elas estão associadas a gênero, pobreza, deslocamento, nomadismo, deficiência e / ou etnia, e ainda quando são deixadas para trás em deslocamentos devido às guerras.
Há um número desproporcional de crianças fora da escola vivendo em países caracterizados por instabilidade e conflito e/ou pobreza extrema, pouco se fala da África, mas a cada dia há um novo conflito.
Muitos dos países com maior número de crianças fora da escola não tem ajuda ou financiamento externo adequado para atender às suas necessidades, e as ONGs e ações de alguns países são localizadas e deficitárias.
O abandono infantil
Descubro, lendo um jornal Português que o número de crianças abandonadas em todo o mundo atinge 220 milhões no mundo todo, uma em cada dez, e o número me chamou a atenção por ser praticamente a população do Brasil.
A notícia de 2016, diz que só em Portugal cerca de 8.600 crianças foram retiradas de suas famílias em 2015, e também uma notícia muito curiosa que em três aldeias em que estas crianças portuguesas são encaminhadas (ainda há muita vida e muitas aldeias em Portugal, que difere de cidades pequenas), as aldeias de Bicesse (na foto, a sede), Guarda e Gulpilhares, eles são integrados numa casa, com uma “mãe social” e convivem com as outras crianças como irmãos.
Qual o sucesso escolar das atuais 120 crianças? ao todo já viveram nestas aldeias mais de 500 crianças, a taxa de sucesso escolar é de 88%, não informam a métrica, mas acredito que seja a aprovação, já que não falam de números de evasão.
A hora que fui procurar o que são mães sociais se revelou uma realidade ainda maior, a ONG mães SOS foi fundada na Áustria em 1949, e já está em 135 países, com cerca de 2000 programas nas áreas de proteção, prevenção, saúde, educação e emergência.
O programa aldeias-SOS.org é um destes programas, no caso de Portugal visa o Fortalecimento Familiar através de 130 famílias biológicas, que recebem uma “bolsa emprego”, com pais selecionados através de um perfil assim detalhado:
– idade entre os 30 e os 55 anos aproximadamente;
– escolaridade mínima 9º. Ano, com preferencia ensino secundário e formação na área de educação;
– experiências em gestão diária de cuidados e trabalhos em equipe;
– disponibilidade pessoal, compromisso profissional intenso com residência maioritária na Aldeia SOS; e,
– determinação, tolerância e perseverança;
– resistência à frustração e de resolução de conflitos;
– flexibilidade: capacidade de se adaptar a diferenças situações e características individuais;
– competências de comunicação e empáticas. Expressão e compreensão dos sentimentos do outro.
– capacidade de trabalho em equipe e competência de organização.
Nossa !não é um programa só para famílias sociais, é um programa para todas as famílias, mas o mais importante é que além de ser um trabalho social, é uma fonte de gerar rendas para famílias com capacidade de enfrentar os desafios da educação familiar.