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Arquivo para julho, 2018

Uso de Inteligência Artificial na educação

31 jul

Segundo o relatório do grupo  editorial britânico Pearson   a Inteligência Artificial vai impactar positivamente o ensino nos próximos anos, diz o texto: “Imagine companheiros de aprendizagem ao longo da vida alimentados por Inteligência Artificial que possam acompanhar e apoiar estudantes ao longo de seus estudos – – dentro e fora da escola – ou novas formas de avaliação que medem a aprendizagem enquanto ela está a decorrer, moldando a experiência de aprendizagem em tempo real”.

Os que tem reticências e até mesmo oposição ao ensino com auxílio de IA argumenta que automatiza e individualiza o processo de aprendizagem, e a educação não seria assim, porém há muitas razões para defender esta nova ferramenta de apoio nas aulas.

A favor, a utilização destas ferramentas permitirá aos professores a avaliação do desempenho e a supervisão da aprendizagem de cada estudante, de forma individualizada, mas isto significa que dará mais atenção as fragilidades, e usando métodos estatísticos, agir e corrigir de forma mais rápida estas fragilidades.

Já quanto ao dispositivo, além do treinamento que assistentes pessoais tipo Alexa despertam, a aprendizagem de cada estudante permite pela acumulação de dados dar ao docente uma visão mais precisa do aluno no espaço virtual que ajude à evolução intelectual do aluno.

O questionamento e as discussões deverão se alargar até que a machine learning já esteja tão evoluída que sua presença no processo educacional seja irreversível.

 

Dá para medir a evolução da IA

30 jul

Agora parece que sim, é preciso estabelecer testes mais precisos e qual é exatamente a precisão destes testes, mas pesquisadores do Computer Vision Lab, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique criaram um sistema de testes (benchmark) que testa a performance de plataformas de redes neurais utilizadas para realizar tarefas comuns da Inteligência artificial, como responder questões, localizar determinados dados e outras aplicações de smartphones, já utilizadas em tarefas comuns de redes neurais.

A ideia é medir o desempenho dos sistemas de IA, tal como é feito nos computadores atuais e em aplicações uteis nos smartphones, que usam a Inteligência Artificial.

O plano básico +e medir o desempenho nos sistemas, tal como já feito para algumas respostas: tempo, localizadores, voos, restaurantes, etc. e ir crescendo em complexidade, o que fará os fabricantes e fornecedores de aplicativos tornar seus modelos mais aperfeiçoados.

A aplicação chama AI Benchmark e permite, entre outras coias, a comparação da velocidade dos modelos de IA a serem executados em diferentes smartphones Android, pontuando a performance, já pode ser encontrada na app da Google Play.

O dispositivo que tenha o chip especializado em IA dedicado a alguns equipamentos (ao menos com o SO Android 4.1. instalado já serão suficientemente rápidos para fazer estas funções.

Algumas aplicações podem ser mais complexas, por exemplo, a classificação de imagens com reconhecimento fácil e a capacidade de segmentação e melhoramento de fotos, indicando que este tipo de aplicativo poderá crescer e evoluir para aplicações mais complexas.

 

 

Potência e poder

27 jul

Emponderamento é a palavra da moda, porém ao contrário de significar mais potencialização significa apenas mais poder e vontade de poder apenas.

Na filosofia quem mais o explorou foi Nietzsche que embora jamais tenda dado uma definição formal deste conceito é possível compreendê-lo como aquela vontade que todos temos de realização, ambição e esforço para alcançar a posição mais alta possível na vida.

Ainda que isto possa ser e em muitos casos foi confundida com potência, em alemão “Der Wille zur Macht“, a vontade de poder é a tradução que aqui usamos para Nietsche.

Significa que ainda restava em Nietzsche um resto de idealismo vindo da cultura grega, já que é possível uma leitura de potência como “virtus”, o virtual vindo do círculo virtuoso do exercício da potência sem nenhum idealismo, a semente é virtualmente a árvore e realizará sua potência de produzir frutos permanecendo como árvore.

Significa também que há um virtus irrealizável, que é a semente não querer ser árvore, e não é a possibilidade de sua negação, quer dizer o grão que morre e apodrece para dar origem a árvore, esta é a virtus verdadeira, mas o grão de trigo que desejaria ser outra coisa.

A passagem bíblica em que Jesus faz o milagre dos pães e pede que os discípulos recolham todas as migalhas, porque certamente logo aquele povo ia sentir fome de novo, há também a saída de Jesus para outro canto, porque após o milagre queriam proclamá-lo rei.

Lê-se em João 6,15 “Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte”.

 

Recorde de armazenamento de qubits

26 jul

O bit quântico ou qubits, é a unidade de bits para o armazenamento quântico feito na tecnologia mais recente através de fótons.

Os chips de silício, que vem da tecnologia antiga de transístores que oscilam entre dois estados de carga elétrica, 0 ou 5 Volts, somente tem os dois estados, mas os chips quânticos podem ter além do “1” e “0”, um terceiro estado no qual estão “entrelaçados” e isto dá a possibilidade de armazenamento de mais de dois bits num fóton resultado em 3 qubits.

Usando este fato físico da física quântica, cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia da China conseguiram armazenar 18 qubits em apenas 6 fótons entrelaçados, o que é um recorde.

Mas nem tudo deve ser comemorado, enquanto os dois estados simples do qubits é processamento em velocidades praticamente da luz, os entrelaçamentos levam alguns segundos, o que segundo Sydney Chreppler, pesquisador de física quântica na Universidade de Berkeley (EUA), é uma “eternidade” para o processamento da bits quânticos.

A possibilidade de armazenamento quântico não só dará um salto no armazenamento de computadores, mas também nas suas velocidades, já que a velocidade da luz fotons, ainda que seja num meio físico que reduz a velocidade, a fibra ótica ou circuitos correspondentes, o que mudará a potência da computação tornando possível o armazenamento atual em Zettabits (10^21).

O artigo foi publicado na revista científica Physical Review Letters, também está disponível para leitura no servidor arXiv. [LiveScience].

 

Pintura sonora holográfica

25 jul

Já é possível uma pintura musical, a ideia é usar micro LEDs (díodos sensíveis a luz) e com a pintura colocar cargas elétricas que ao contato com a mão ou algum outro material produz uma corrente elétrica e ela pode estar associada a um som.

Bare Conductive é um pequeno estúdio em Londres que faz tinta preta condutiva e viscosa, o material básico é o carbono, o que torna bastante acessível para experimentar, além de ser um material condutivo.
O estudo viu como crescer uma comunidade de aristas ao seu redor, sem instrumentos musicais e sem se importar quem é o melhor.

 

Realidade Mista e Inteligência Artificial

24 jul

Entre as novidades tecnológicas emergentes no ano de 2018 está a Realidade Mista (MR, em inglês Mixed Reality) e a Inteligência Artificial (AI, Artificial Intelligence)
O CEO da Microsoft, Satya Nadella, já apontava como uma das soluções futuras, o HoloLens, uma solução RM + IA que ajuda usuários a fazer coisas antes impossíveis. A capacidade de mesclar os mundos físico e digital (o conceito analógico vale para dispositivos, mas não para o mundo real), faz com que a realidade mista permita construir experiências de pessoas, lugares e coisas independentemente de sua localização física e podem interagir digitalmente, chamo isto de multipresencial.

A Realidade Virtual são ambientes que excluem o mundo real, a Realidade Aumentada é um conteúdo digital que está no topo do mundo real e o conteúdo digital de realidade mista interage com o mundo real.

As empresas prometem, entre elas a Microsoft, incorporar o HoloLens com mais a IA contruindo uma Unidade de Processamento Holográfico ou HPU.
A realidade mista está vingando, além do software disponível junto ao Windows 10, porque as experiências nas experiências de RA e RV, você possa ter o melhor dos dois mundos, RV é encantadora, mas tem um efeito hipnótico e óculos incômodos e a RA falta o realismo.
As experiências futuras deverão incorporar compartilhamento em ambiente de RM,
um aplicativo disruptivo de comunicação social, com experiências que derrubam as paredes do isolamento e quem sabe, dão uma dimensão mais educativa aos games.
A realidade mista poderá conectar as pessoas de maneira significativa, convincente e cheias de conteúdo, o multipresencial nos unirá, aguardem um novo aplicativo.

 

Zero UI – interfaces do Futuro

23 jul

Na definição simplificada de Andy Goodman Zero UI é o uso da percepção de um objeto para a manipulação de um objeto projetado em um outro ambiente – real ou virtual. Leia o resto deste post »

 

Urgente: acordo contra IA letal

20 jul

Jornais e revistas de todo mundo estão a dar uma notícia fundamental para o futuro do mundo e da IA, pela segunda vez mais de 150 empresas e 2.400 pessoas de 90 países diferentes assinam um acordo de não participarem da fabricação, uso e comércio de armas autônomas letais, entre eles estão incluídas a Google DeepMind, a Fundação XPRIZE e Elon Musk.

Estava a realizar a Conferencia Internacional sobre Inteligência Artificial que terminou ontem, em Estocolmo, na Suécia e o pacto de compromisso foi organizado pelo Future of Life Institute.

Há quase um ano atrás especialistas em AI (Inteligência Artificial, na sigla em inglês) e robótica assinaram uma carta aberta às Nações Unidas para suspender o uso de armas autônomas que estavam a nos ameaçar com uma “terceira revolução na guerra”. 

Ressaltaram na época que “Robôs assassinos” autônomos significam armas que podem identificar, mirar e matar de forma autônoma, ou seja, nenhuma pessoa toma a decisão final de autorizar a força letal: a decisão e autorização sobre se alguém irá ou não morrer é deixado para um sistema ou algoritmo em uma máquina mortífera. 

O professor australiano Toby Walsh, da Universidade de Novas Gales do sul, ressaltou que as novas armas letais envolvem questões éticas: “Não podemos entregar a decisão sobre quem vive e como morre para as máquinas”. 

O professor Walsh fez parte de um grupo de pesquisadores australianos em robótica e inteligência artificial que, em novembro de 2017, pediram ao primeiro-ministro Malcolm Turnbull para se posicionar contra o armamento da inteligência artificial.

Todos os pesquisadores sérios dessa área com certeza apoiam e se manterão atentos.

 

Retiro, deserto e epoché

20 jul

Estando em Portugal, participo a partir deste fim de semana de um “retiro doutoral”, em um centro cultural, no coração do bairro Alfama de Lisboa.

Como é expressão comum nas ruas lisboetas, “vem a calhar”, também as leituras de Byung Chul Han me ajudaram, ele propõe “a demora contemplativa pressupõe que as coisas duram”.

A vita activa é aquela que é dominada em absoluto pelo trabalho e por uma vertiginosa acumulação de capital encerrada nos puros limites da dialética da produção e do consumo.

O homo laborans vê-se inevitavelmente vedado ao tempo do descanso, do lazer, meso as formas atuais associadas ao descanso ou ao entretenimento passivo, não são senão panaceias que não integram o mais profundo do “ser”.

Há uma noção aristotélica (a chamada bios theoretikos) fundada na reflexão e na análise estética do mundo, talvez esta seja mais apropriada que outras análises que opõe apenas o sistemático e frenético “laborans” o “ócio criativo” e outros remédios.

É preciso um “vazio essencial”, um verdadeiro “arethé” (um círculo virtuoso, uma excelência não uma simples especialização) para se chegar a a-letheia, o desvelamento da verdade e da realidade, é preciso um verdadeiro “epoché”.

Diz-se do epoché moderno, o cogito da razão não suspendeu o ego, foi Husserl que foi além da chamada “evidência da cogitatio” ao generalizar a suspensão de juízo, e dizer que é preciso “ir a coisa por ela mesma”, isto é quase um “desenraizar”, que Heidegger e outros existencialistas modernos vão negar.

O objeto intencional de Husserl oscila entre o caráter imanente do noema e o que transcende o próprio noema, assim é um terceiro conceito de transcendência superado o teocêntrico e o egocêntrico.

O Husserl paduro da parte I de A Crise da Humanidade Européia e a Filosofia (“Die Krisis des europäischen Menschentums und die Philosophie”) – conferência proferida em 1935 no Kulturbund de Viena, vai criticar a forma cultural particular inventada pelos gregos, uma espécie de “radicalidade” que lhe é própria e que se vincula as metas finitas (circunstanciais e episódicas) outro de visar o sentido originário das ideias do “Bem”, do “Justo”, do “Belo”, mas que nunca se separou de formas “ideais” e duais: o ser é e o não ser não é.

A negatividade proposta por Byung Chul e outros (Gadamer por exemplo), não é nem a negação positivista e menos ainda a negação dialética hegeliana, vinculadas ao pensar grego, é uma negação dentro do “epoché” para fazer emergir o “novo” … do nada.

Quem não consegue ir ao deserto, nem faz retiro e nem faz transcendência, não abandona o ego, não vai ao deserto, apenas “transcende” e afirma o nihilismo.  

 

Vinde para um lugar deserto e descansai

19 jul

A ideia da desaceleração que é de Baudrillard, mas com diagnóstico errado, que é o deserto de Bauman, mas num sentido negativo e até pejorativo, que o homem moderno caminharia como um peregrino, deixa de ver nestes dois lados importantes: o deixar a terra no sentido de “retiro” e no sentido de mudar de áreas e porque não, desacelerar.
Lembra a passagem bíblica, que diz que Jesus chama os discípulos (MC 6, 31) e lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer.
A desaceleração não tem tanto a ver com a técnica como aquilo que o homem faz, como uma “vida de exercícios” diz a antropotécnica de Peter Sloterdijk, sem que realmente pare, em tempos de férias e feriados, buscam lugares cheios e onde a agitação não para, é o medo do vazio, justamente do lado bom “do deserto”, que descansa a mente e a alma.
Também pode ser um tempo de pensar e de ler, meditar ou fazer jogos, não exercícios, mas aqueles que refletem brincadeiras, triste observar o radicalismo de jogos de futebol que ao contrário do efeito relaxante de uma brincadeira, adquire ares de disputas tensas e violentas.
No campo das artes, das ciências, da vida familiar, e porque não até da meditação e da religião é necessário repouso, tornar aprazível o que é cansativo e exaustivo, arrefecer o impulso.
O uso das técnicas de modo ansioso e vicioso não é inerente a nenhuma técnica, mas a ausência de arte e capacidade de ofício controlado e laborioso destes meios é coisa de um tempo de aceleração e paralisação, contraditoriamente ao mesmo tempo.
O remédio de Byung-Chul Han está correto, outros já haviam falado disto antes, ele próprio cita o romance O emprego do tempo, de Michel Butor, a meu ver uma das raras tentativas de conciliar o romance com as narrativas contemporâneas, mas acaba por retornar ao poético e realizou numerosas colaborações com pintores e artistas contemporâneos.