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Arquivo para julho 10th, 2018

É possível simplificar a filosofia ?

10 jul

Sim e não, conforme postamos a semana passada, há complexidade na simplificação e nem tudo que é simples pode ser correto, na maioria das vezes é um reducionismo, onde a simplificação alterou a análise do fenômeno tornando outra coisa do que é.

Mas alguém que conseguiu isto, ao menos em parte, foi Thomas Nagel, propôs-se a abordar temas como: o mundo além das mentes, para além de outras mentes, o velho paradoxo corpo e mente, como é possível a linguagem, existe o livre arbítrio, quais desigualdades são injustas, a natureza da morte e o sentido da vida.

Sem dizer autores e nomes está abordando problemas centrais da filosofia, vai se utilizar também de exemplos práticos, didáticos e começa por uma pergunta sobre as coisas que é no fundo a pergunta de boa parte da filosofia: “será que as coisas pareceriam diferentes se de fato existissem apenas em sua mente … e se fosse apenas um sonho gigante? … (NAGEL, 2018, p. 13).

“É mesmo possível que não tenhas um corpo nem um cérebro – uma vez que as tuas crenças acerca disso vêm unicamente dos dados dos teus sentidos.” (NAGEL,  2018, p. 14).

Começa então a dividir as correntes da filosofia, “a conclusão mais radical a retirar daqui seria a de que a tua mente é a única coisa que existe” (p. 15), esta é a corrente solipsista.

A segunda posição é “pode existir ou não um mundo exterior, e, se existe, pode ser ou não completamente diferente da maneira como te parece – não há maneira de o saberes ?” (p. 15), esta é a posição do ceticismo.

“Se não podes ter a certeza de que o mundo fora da tua mente existe agora, tu próprio, como podes ter a certeza de que tu próprio existisse antes? (p. 16), e isto remete ao problema do tempo, da memória, da informação, da linguagem e do ser.

No final o autor afirma que é “impossível acreditar seriamente que toda as coisas no mundo à tua volta podem não existir na realidade” (p. 20), isto pode ser tão evidente que não necessitamos de fundamentar, mas ainda assim haveriam três questões sérias:

1)    Faz sentido a possibilidade de o mundo interior ser tudo que existe, mas existindo o exterior quem garanta que não seja diferente do que pensa?

2)    Se qualquer destas hipóteses sejam possíveis, existe alguma maneira de provar a ti mesmo que essa hipótese não é de fato verdadeira ?

3)    Se não podes provar que existe seja o que for fora da sua própria mente, será correto continuar a acreditar na existência de um mundo exterior?

Existindo o mundo exterior, o problema é saber se tudo se move como um relógio ou seja é pré-determinado, o assim chamado determinismo, ou se há o livre-arbítrio e as coisas podem ser escolhidas, o autor fala da escolha de pessoas entre comer um belo pedaço de bolo ou uma fruta, e o fato que o sol não pode escolher de não levantar-se no início do dia, porém mesmo na natureza a física das partículas demonstra que há um indeterminismo na natureza.

Aborda isto no capítulo 6 daí virá a questão da lógica no capítulo 7.

Se pensar que existem as duas coisas deve pensar que existem também outras mentes, e estas mentes terão experiências e visão das coisas diferentes da sua, há um modo de ver que as duas estariam corretas ou as duas erradas, o que é certo ou errado ? Abordará isto no capítulo 7, e o certo e errado diante da justiça, abordará isto no capítulo 8, e a morte o que é, capítulo 9 e o sentido da vida, capítulo 10.

NAGEL, T. Que quer dizer tudo isto? Uma iniciação a filosofia. 5a. ed., Lisboa: Gradiva, 2018.