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Arquivo para agosto, 2018

O estomago, a mente e o coração

03 ago

O caminho dentro do corpo humano mais longo a percorrer é o que vai da cabeça ao coração, ou do coração ao estomago, diria que é o segundo porque passa pelo bolso.
Não pode comer quem não tem dinheiro, então os pobres descobrem que devem passar pelo bolso dos ricos para ter alguma coisa, mesmo que seja de esmola, e possam satisfazer o estomago para depois poder pensar em questões de pensamento e vida.
Mas Jesus é duro quando diz aos milhares de seguidores que o procuravam: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos” (Jo 6, 26) ficam presos a dogmas materiais e humanos, e esquecem que o espiritual é parte do problema humano, é por falta de alma e humanidade que há fome.
A prisão a dogmas da mente humana, desconhecendo tanto os sentimentos, simbolizados pelo coração, como os problemas humanos, econômicos e espirituais, negligenciam parte do homem e acabam por reduzi-lo a categorias da utilidade ou da ideia.
O complexo humano deve sere pensado e respeitado como um todo, reduzi-lo a um fragmento não só tornam os problemas insolúveis, como na maioria das vezes acabam por agravá-lo.
Lê-se na carta de Arrábida sobre a transdisciplinaridade, no preâmbulo: “a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo obscurantismo” (Carta de Arrábida, Portugal, 1994).
O obscurantismo é a ausência de diálogos e “liturgias” cada vez mais restritas no âmbito universitário levando ao problema do obscurantismo ao olhar o homem num ou noutro aspecto somente, negando-o como um todo complexo.
Nem só de pão o homem viverá, ainda que a pobreza perdure no globo, e muitos povos vivem até mesmo sem um pedaço de chão que possam chamar de pátria.

 

Monetarização do Whatsapp

02 ago

Segundo informações do Facebook dona do Whatsapp desde 2014, o chat mais popular do mundo vai se monetarizar e vender anúncios, havendo coisas curiosas a respeito, como comprar anúncios dentro do Facebook e eles circularem no WhatsApp.

Para comprar anúncios dentro do próprio Facebook será colocado um botão embutido dn WhatsApp embutido, quando os usuários clicarem nesse elemento, eles imediatamente iniciarão uma conversa pelo mensageiro da empresa que faz o anúncio, não se sabe se haverá inteligência detectando a conversa, por exemplo, estar falando de viagens e ao mesmo tempo surgirem ofertas de voo, no Facebook isto já acontece. 

Curiosamente, se a pessoa for respondida em até 24 horas, não haverá nenhuma cobrança para o negócio feito ao conversar com os usuários do WhatsApp, caso supere as 24 horas serão cobradas as respostas e os diálogos  das “mensagens vencidas”.

Um novo recurso que poderá explorar bastante os usuários terá a possibilidade de receber informações de empresas diretamente no WhatsApp.

O exemplo novamente é o de uma empresa área, que poderá lhe enviar cartões de embarque algumas horas antes do seu voo, e a Netflix já envia avisos sobre novas temporadas e episódios das séries que você tem assistido no serviço de streaming.

A rigor o WhatsApp Business existe desde janeiro deste ano, mas não gerou um centavo para a empresa, a empresa lançou nesta quarta-feira uma API do serviço

Resta saber qual será a reação dos usuários, uma vez que isto colocará um “ruído” em conversas que deveriam ser privativas, e o uso de informações pessoais é um tanto questionável. 

 

Porque andamos cansados visto como um tema geral

01 ago

Um destes livros pequenos que a gente lê e descobre coisas incríveis, foi o livro de Kazuo Ishiguro, prêmio Nobel de Literatura em 2017, seu opúsculo Minha noite no século XX.

Seu discurso na Academia Sueca no recebimento do prêmio conta sua infância num distrito da Inglaterra, suas primeiras obras, a descoberta de Marcel Proust, sem dúvida uma influência em seus romances, mas algo me chamou a atenção, considerar-se um escritor cansado.

havia lido em A sociedade do cansaço de Byung-Chul Han as doenças contemporâneas como a depressão, a hiperatividade, a Síndrome de Bournout, ansiedade e outras que parecem ser a paisagem neste início de século XXI.

As receitas de Chul Han, são tentar recuperar a vitta contemplativa, Edgar Morin vai falar de conviviabilidade e educar para a vida, mas a questão de fundo é de onde vem este cansaço.

A resposta fácil é a tecnologia e a vida corrida do dia a dia, mas a primeira é uma resposta fácil para o que vem acontecendo a 20 anos no máximo e o problema é anterior, a segunda é simplista, talvez para o homem do início do século passado o dia-a-dia já era corrido e convivia com isto, no Japão do pós guerra as pessoas tiravam o stress em máquinas eletrônicas e o ritmo não era nem sombra do que é hoje.

Enfim parece que há um problema realmente de fundo, e isto está ligado a existência humana, podíamos ser felizes pensando na vida futura após a morte, isto hoje não basta, podíamos ser felizes pensando num bom casamento e num bom salário, isto hoje é pouco, falta algo mais.

A filosofia chamou este problema de existencial-ontológico, a religião e uma parte dos pensadores chama de ¨secular¨, Nietzsche chamou de nihilismo, e antes dele Kiegaard perguntou porque existe tudo e não o nada, ou perguntar sobre o que é o mal.

Kieekegaard escreveu em sua obra O Desespero Humano, vejam que isto é do século XIX, mais precisamente em 1849 com o pseudônimo Anti-Climacus, onde ele afirma que a origem do desespero está na imaginação, onde o homem pode criar uma relação fantasiosa consigo mesmo, e na minha modesta interpretação, justamente na sociedade que quis retirar de cena o imaginário, a fantasia e as crenças, segundo os iluministas todas no campo da “superstição”.

O pós-maniqueísta Agostinho de Hipona concordaria com Nietzsche dizer “aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”, e, portanto, mais que a arte, a contemplação e a própria vida, é o Amor que pode dar sentido a tudo, e para isto precisamos de ter “alma”, ou “aura” ou alguma forma concreta de espiritualidade.

Não é algo fundamentalista ou puramente religioso, mas significa reconhecer que além do objetivo, do humano e do concreto precisamos de algo de sentido profundo para a vida, e sem dúvida isto deve estar de alguma forma ligado a um sentimento impossível de definir, porém tão concreto quanto qualquer coisa que se pretenda objetiva: o Amor dá sentido a vida.