Arquivo para agosto 28th, 2018
A imunologia de Sloterdijk
O conceito imunológico de Sloterdijk, bem anterior ao processo de retorno ao nacionalismo que mergulhamos em diversos países, e até mesmo na America Latina, não é apenas uma explicação de forma individualizadas de viver, mas agora também da sociedade como um todo.
Mas Sloterdijk partiu da vida individualizada (ou biós, do grego) que era caracterizada como uma fase de sucesso de sistemas imunológicos, ou seja, a fase em que a relação com o homem com a natureza era de aprendizado, a definição da biologia sistêmica, para explicar que não pode existir uma forma de vida que não se preocupe com a conservação de suas estruturas imunitárias.
Assim afirmou o autor: “Se citarmos a afirmação metabiológica segundo a qual sistemas imunológicos seriam incorporações de expectativas de lesões ou expectativas de algum dano, fica claro que as culturas humanas, na medida em que essas representam a totalidade de procedimentos preventivos – ou, podemos dizer, as tradições –, são elaboradas com maior sensibilidade contra imunidade do que as espécies animais e vegetais. E nem todo mundo sabe que o conceito da imunidade originalmente não foi um conceito biológico, mas sim jurista, que foi utilizado como metáfora na biologia” (Critica da razão cínica, 1983).
Platão tinha um sistema parecido, mas fez uso de imagens e analogias na esfera “pastoral” para falar sobre a formação do individuo, para Sloterdijk esta associação s+olida entre o professor e o pastor, alunos e rebanho, só se dissolveu com pedagogias reformadas do século XX: “Na época, isso aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, em instituições como Summer Hill, onde o aluno passou a ser pensado como um rebanho que se autoeduca” (SLOTERDIJK, 1983)
Sloterdijk acrescenta que a questão pedagógica de como educar o ser humano é sobreposta por um drama biológico evolucionário: “A segunda descoberta da necessidade de formar o ser humano como ser humano propriamente dito – ou seja, imunizá-lo com a domesticação contra a sua própria associabilidade – ocorreu no século XIX, quando Charles Darwin colocou o ser humano no final da série de evolução, em sua teoria sobre as espécies” (Sloterdijk, 1983), afirmou em sua obra.
Nosso ponto de vista é que há também uma esfera espiritual na qual o homem evolui, seu espírito evolui, a Noosfera, conforme descrevera este Teilhard Chardin.