RSS
 

Arquivo para julho, 2019

Agnus dei de Josefa , Óbidos, sua principal Obra

24 jul

Josefa d’Ayala e Cabrera, a Josefa d ́Óbidos (1630-1684), foi uma pintora barroca na cidade de Óbidos, sua principal obra foi Agnus Dei, cujo quadro está no museu de Évora.

O quadro “Cordeiro Pascal Agnus Dei” foi pintado entre 1660 e 1670 e se encontra no Museu de Évora, sendo uma de suas principais obras, mas fica para o próximo post.

O seu estilo barroco de natureza morta é característico do período chamado “Siglo d´Oro” das artes.

Havia um novo olhar sobre a natureza ao se integrarem floreiros, cenas de caça e representação de animais e natureza morta na pintura.

Forte influência Ibérica, entre eles de Francisco de Zurbarán, veja Natureza-Morta com Limões, Laranjas e uma Rosa de no estilo ibérico dos “bodegóns” e “floreros”, da época.

A influência cristã também está na obra, o que pode ser observado pelas uvas, dois ramos de trigo abaixo e detalhes das folhas das parreiras, além do próprio Cordeiro.

 

 

Josefa , Óbidos, pintura barroca de Portugal

23 jul

Josefa d’Ayala e Cabrera, a Josefa d ́Óbidos (1630-1684), era filha de pai português, o pintor Baltazar Gomes Figueira. e mãe espanhola D. Catarina de Ayala Camacho Cabrera Romero, nobre andaluza.
O seu pai estabeleceu-se em Sevilha em 1626 para seguir efémera carreira militar. Josefa foi a primeira dos oito filhos, tendo sido apadrinhada por um célebre pintor sevilhano, Francisco de Herrera, el Viejo. que foi mestre do pai de Josefa na Espanha.
O regresso a Portugal de Baltazar e D. Catarina, ocorreu no ano de 1634 (teria Josefa então 4 anos), no entanto não é certo que Josefa tenha regressado com seus pais e a irmã Luísa (nascida em 1632). Provavelmente terá ficado em Sevilha durante a infância, junto do seu avô materno Juan Ortiz de Ayala, colecionador e amador de Belas Artes e do seu padrinho Francisco de Herrera.
Josefa só irá encontrar-se definitivamente com a família, em Óbidos em 1647.
Será em Coimbra, que provavelmente realiza a sua primeira obra: a gravura “Santa Catarina”, assinada Jozepha d’Ayalla. Coimbra 1646.
Foi importante para Josefa sua estadia em Coimbra, no Convento dos Eremitas Agostinhos de Santa Ana (1644-47), visto que este convento no século XVII era uma grande fonte de informação e instrução.
Terá sido através da oficina do pai ou do acervo do convento que Josefa de Óbidos terá tido acesso a gravuras de origem ítalo-flamenga, facilmente disponíveis na oficina de qualquer pintor mediano da época, ou na biblioteca de qualquer convento.
O link de um vídeo curto da RTP mostra o trabalho de Josefa de Óbidos:

Josefa de Óbidos, a pintora das naturezas mortas

 

Óbidos, a cidade medieval Portuguesa

22 jul

A cidade de Óbidos, considerada uma das 7 maravilhas de Portugal, ali pequenas cidades são vilas, embora tenham câmara municipal, são vinculadas a um distrito e esta cidade é vinculada ao distrito de Leiria, na província de Estremadura, o centro tem 2200 habitantes, mas a região toda tem quase 12 mil.
A cidade possui um castelo com Muralhas, considerada uma das 7 maravilhas de Portugal, onde pode-se conviver com aspectos medieval, esta semana por exemplo, tem o festival medieval, mas o projeto “Vila Literária” transformou Óbidos em Cidade Literária pela UNESCO.
Fica a 80 quilômetros de Lisboa, tem três ruas transversais, a rua Direita, a do Facho e de Josefa d´Óbidos, homenagem a principal artista barroca da cidade, post de amanhã.
Há vestígios que Óbidos seja habitado desde povos primitivos, sua logística próxima ao mar, o clima e a fortificação de defesas estiveram nesta região também os romanos, os muçulmanos e no ano 1148, após a conquista de Santarém e Lisboa por D. Afonso Henriques, também foi tomada dos árabes.
Há ali perto a Lagoa d´Óbidos, pode-se pela estrada real, sendo como lagoa mais fácil de defesa e também com saídas para o mar em vários pontos, indo da Praia de Bom Sucesso até a Praia da Foz do Arelho Mar, contornando a Lagoa.
Quanto ao nome, a palavra vem do latim Oppidus, que significa “cidade fortificada”, há sinais que o imperador Cesar Augusto tenha erigido a cidade no final do século I a.C.
Esta semana Óbidos realiza o Festival Medieval, e haverá um encontro doutoral de Arte Digital da Universidade Aberta.
O vídeo abaixo mostra o Festival Medieval do ano passado:

 

Em Balsamão, longe da agitação

19 jul

Tirar um tempo para descansar, meditar e tentar mergulhar no profundo do Ser, fora das preocupações e da agitação da vida moderna, das crises políticas, sociais e econômicas, não é um ato de alienação é um ato de sanidade em busca de respostas mais profundas.
Pode-se e deve-se depois retornar a vida do dia-a-dia, mas com energia renovada, por sugestão de um amigo chegando a Portugal fomos estar alguns dias no mosteiro de Balsamão, onde a ordem padres Marianos da Imaculada Conceição.
Fica no alto do Monte Morais, que seria um dos cinco umbigos do mundo, e que segundo os religiosos de Balsamão, é onde se experimenta o colo de Deus, rezam em função desta mística o Salmo 124, que diz: “Como Jerusalém rodeada de montanhas,/ assim o Senhor protege o seu povo/ agora e para sempre”.
Subindo da esplanada ao miradouro, tendo a Serra de Bornes ao redor, os olivais de Chacim ao fundo, e as termas da Abilheira abaixo, os tons do pôr-do-sol são vistosos neste período de sol.
A história conta que o padre polaco Casimiro Wyszynski (1700-1755) descreveu o lugar assim: “Temos aqui, cercados pelos rios, campos, pomares, vinhedos, prados, oliveiras e frutas de várias espécies. E nesse monte há florestas, árvores, belos carvalhos.”
Ele decidiu formar o mosteiro ali, onde já viviam eremitas que aceitaram o frei Casimiro com o seu companheiro o frei João de Deus, que os aceitam e dispõem-se a integrar a nova ordem.
O desejo de se retirar e meditar para ouvir a voz profunda em nós, é também o que Jesus indicava para Marta preocupada com Maria que ficava ouvindo Jesus e não ajudando os serviços da casa, ao que Jesus repreende-a (Lc 10,42): “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. 42Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada.”

 

O activismo e a condição humana

18 jul

Parte do “cansaço” humano de nosso tempo é que resolvemos levar ao extremo aquilo que os filósofos e místicos chamam de “vida activa”, Hanah Arendt em “A condição humana” abordou o tema, mais recentemente Byung Chul-Han mais recentemente em “A sociedade do cansaço” também aborda a questão.
É colocado ao lado da “vida contemplativa”, as vezes como oposta e outras vezes como complementar, o Místico São Gregório Nazianzo meditou e escreveu sobre o tema, Chul-Han recuperou alguns destes conceitos.
Na sua obra A Condição Humana (2007), Arendt designa com a expressão vita activa, três atividades humanas essenciais : labor, work, action, citados em inglês porque no alemão assim como no inglês há diferenciação dos termos, “work” é o trabalho que corresponde ao artificialismo da existência humana, por exemplo, ao usar máquinas, enquanto Labor corresponde ao processo biológico do corpo humano como condição para produzir vida.
Mas e a ação, ela é para Arendt é a condição humana da pluralidade, é mediada pelas coisas para colocam os homens em contato uns com os outros, por isto a autora vê como uma pluralidade que está liada ao fato que são os homens, e não o homem a habitar a Terra.
A autora enfatiza que o mundo no qual transcorre a vida activa é constituído por coisas feitas pelas atividades humanas, entretanto, essas coisas só podem existir por causa dos homens, e por isto também as condicionam, os homens entram em contato, e com isto tornam-se de imediato, uma condição de sua existência, vivemos por que agimos.
Entretanto o mundo contemporâneo levou as pessoas ao stress, a depressão e agora a síndrome de Burnout, tema da sociedade do cansaço, de Byung Chul-Han.
Byung Chul-Han chama a atenção para a ausência de contemplação, vida contemplativa, como parte da necessidade humana para ter equilíbrio, energia e forças para a ação.
Diz a leitura bíblica “vinte a mim todos vós que estais cansados” (Mt 11,28) e diz o mesmo trecho “e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29).
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

 

Angústias do entre épocas

17 jul

A passagem de um tempo histórico para outro é sempre trágica e sujeita a muitas angústias, reviravoltas e que causam em toda a sociedade uma grande angústia: o novo ainda não existe e o velho tarda a sair.
Entretanto é possível analisar na literatura e nas várias teorias sociais como se dá esta passagem, por vezes violenta e sanguinária como na revolução francesa e por vezes uma explosão de cultura e de saberes como o renascentismo.
Nicolau Sevcenko, que analisou também o período renascentista, analisa o momento atual como uma montanha russa, e a etapa que estamos agora seria o “loop” de uma montanha russa, descreve-a assim: “é o clímax da aceleração precipitada, sob cuja intensidade extrema relaxamos nossos impulso de reagir, entregando os pontos entorpecidos, aceitando resignadamente ser conduzidos até o fim pelo maquinismo titânico” (SEVCENKO, 2001, p. 16).
Este autor é particularmente importante porque tem um olhar nas crises de mudança de época anteriores, dizia sobre o renascentismo italiano:
“A história da cultura renascentista nos ilustra com clareza todo o processo de construção cultural do homem moderno e da sociedade contemporânea. Nele se manifestam, já muito dinâmicos e predominantes, os germes do individualismo, do racionalismo e da ambição ilimitada, típicos de comportamentos mais imperativos e representativos do nosso tempo”. (SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1987.)
Isto quer dizer que já há na cultura de nosso tempo, num paralelo com o renascentismo, elementos de uma cultura nova, destaco entre estes: a visão do planeta como um todo, as diversas culturas étnicas e religiosas, o fim do individualismo com respostas coletivas, mas há ainda coisas velhas.
A angústia social provocada por estas mudanças, quando tocam em particular pessoas muito sensíveis e com pouca imunidade aos diversos tipos de manifestação social que advém das crises provocadas, podem se tornar uma doença social, uma psicose política e sem uma ataraxia para responder aos impulsos provocados por grupos de pressão.
Os gregos chamavam de ataraxia um estado de “quietude da alma”, o filósofo pré-socrático Demócrito (460-370 a.C.) que introduziu este termo na filosofia, foi adotado por epicuristas e estóicos, mas tem também um estado doentio que seria a indiferença ou apatia.
É preciso sobretudo calma e diálogo, que deve ser feito também entre a tradição e as novas culturas que emergem.

SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa, São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

 

Buracos negros e cosmovisão

16 jul

Até recentemente o mundo material compreendia apenas a chamada matéria bariônica que é 4% do único, que é a matéria que a maioria das pessoas conhece, com a energia e massa escura apareceram os “buracos negros” que na verdade são corpos negros.
Os cientistas ainda acreditam pela teoria de Einstein que os buracos negros sugam objetos e tudo que está a sua volta, inclusive a própria luz, agora um fenômeno novo pode mudar isto.
Este processo de sugar é chamado acreção, assim existe um plasma quente que orbita em torno do buraco negro e que é sugado por acreção, mas isto também podem ocorrer em corpos, e agora foi avistado um corpo que resiste a esta acreção, por isto chamado de corpo de acreção, pela junção de material a sua volta no processo de formação de protoplanetas.
O objeto GRS1915+105 na verdade são dois astros um buraco negro (o corpo cuja gravidade impede que qualquer coisa escape, por isto está sendo chamado de faminto), e uma estrela bem modesta para a proporção do buraco negro, similar ao sol.
Se comparado aos 13 bilhões de anos-luz do universo observável, ela está próxima da Terra, pois está a 40 mil anos-luz de distância, o que intriga é que o astro negro (o nome parece melhor que buraco) é que o astro-estrela não é sugada, embora chamado de acreção.
Junto a um laboratório americana, o astro foi observado usando um telescópio do ESO (Observatório Europeu do Sul, na sigla em inglês), formando um trio da Alemanha e do Chile que capturou a luz da estrela companheira do buraco negro e determinada a “ficha técnica”:
Conforme artigo publicado na Nature, o astrofísico Charles Bailyn da Universidade Yale, EUA, afirmou que ainda os cálculos não são bem precisos quanto ao tamanho, massa e energia: “Ela é computada usando observações bem simples e cálculos baseados apenas nas leis de movimento orbital de Kepler, que já são conhecidas e têm se mostrado confiáveis há séculos”.
A massa é um dos pontos problemáticos, além do aspecto da acresção, conforme afirma Jochen Greiner, do Instituto Astrofísico de Potsdam, Alemanha, um dos autores do artigo: “ficaria muito surpreso se a massa estivesse tão errada que as teorias se aplicassem. Com isso quero dizer que estou convencido que as teorias erraram o alvo”.
De fato já se desconfia que o que pensamos sobre massa é algo bem diferente, pela teoria da relatividade atual, até a partícula de Highs e a existência dos buracos negros elas pareciam se confirmar, já que o universo copernicano e newtoniano estavam superadas.
Agora se a massa for a que é medida, e o buraco não a suga, significa que haverá uma nova cosmovisão, onde massa e matéria precisam ser reconceituadas.

 

Inteligência humana além da artificial

15 jul

Até muito recentemente acreditava-se que um determinado tipo de inteligência era preponderando a outros, o famoso teste de QI, por exemplo, determinava a inteligência de uma pessoa em números, o que caiu um pouco em descrédito, depois veio a fase da inteligência emocional, ela existe porque estamos em tempo de stress.
Com os avanços da inteligência artificial, apressadamente se discute nem sempre com critérios razoáveis, os avanços da inteligência artificial e o ponto de singularidade, ponto no qual as máquinas ultrapassarão em Inteligência o homem, mas o que é essa tal inteligência, pouco se responde, os especialistas dão respostas prontas, mas …
Devido a fatores conjunturais, sociais e culturais desenvolve-se um tipo de inteligência que é a lógica, capacidade de memória e grande talento para lidar com a matemática e lógica em geral, pode-se encontrar solução de problemas complexos, dizem os neurocientistas que ela está fortemente ligada ao lado direito do cérebro.
O segundo tipo é a inteligência motora, artistas e esportivas desenvolvem grandes talentos com uma expressão corporal e noção de espaço, distância e profundidade muito aguçadas, podem realizar movimentos complexos, graciosos e aguçados, como o nome diz está relacionada a capacidade motora.
Pessoas com boa capacidade de expressão escrita e oral tem um tipo de inteligência chamada de linguística, além da expressão tem um grau de atenção e sensibilidade para atender aos pontos de vistas alheios, é visível sua utilidade no mundo atual.
Pessoas com grande capacidade de imaginar e desenhar tanto no 2D como no 3D possuem um enorme talento para a arte gráfica, é a inteligência espacial, assim como a inteligência linguística tem grande sensibilidade e criatividade, porem seu universo é próprio e a interação com os demais se faz justamente por sua visão espacial.
A inteligência musical é aquela que nos faz enxergar pelos “sons”, são pessoas com uma grande facilidade para escutar músicas ou sons em geral e identificar diferentes padrões e notas musicais.
Dois tipos pouco comuns são as inteligências intra e interpessoal, sendo as estatísticas elas são as mais raras entre as pessoas e no entanto as mais próximos de nosso “ser”, a inteligência intrapessoal tem uma enorme facilidade para entender o que as pessoas pensam, sentem e desejam, enquanto a intra tem uma forte componente de “liderança” pois são pessoas capazes de causar grande admiração nos outros, e com inteligência especial ativa mobilizam e consegue se colocar em ação e colocar os outros para acompanha-la.
Claro isto é tão esquemático quanto outras classificações, mas é justamente pelo esquema que se pensa que a inteligência artificial poderia estar relacionada a isto, na verdade a inteligência humana é bem complexa enquanto a artificial é bem esquemática, mesmo sendo um esquema complexo.
O TED de Daniel Levitin já ultrapassou 14 milhões de vistas, e tem um ponto de vista interessante de um neurocientista:

 

Cosmovisão: alma, sentimentos e sabedoria

12 jul

Pode-se pensar em alma como mente, como consciência (ela é apenas um reflexo), ou identidade, conforme post sobre Giddens isto leva a interioridade num sentido restrito.
Por isso chamamos de Noosfera, a esfera da mente ou do exterior, num sentido de visão, sentimentos e sabedoria, sendo esta limitada a uma visão de mundo, que está evoluindo.
Não é possível ter uma cosmovisão ampla, sem uma alma ampla, mais do que uma alma-mundo, uma alma universal no sentido não apenas antropológico, mas cosmológico.
Os sentimentos têm um grande apelo no mundo contemporâneo, como as lógicas funcionais se tornaram grande parte do engessamento do pensamento, é possível e fácil manipular as opiniões e pessoas através destes recursos, mas são perigosos sem alma e sabedoria.
A sabedoria é o mais crítico elemento da noosfera, há aqueles que acreditam que através do sentimento e da alma podem caminhar tranquilos, há terapias e até cursos online para produzir felicidade, bem estar e outras promessas sem nenhuma dose de sabedoria, o resultado em curto prazo é louvável, mas a longo prazo se mostrará ineficaz faltará a tal da sustentabilidade.
Sabedoria é crítico também porque muitas correntes do pensamento e diversas formas de cultura podem levar a um reducionismo, e isto trará no mundo contemporâneo uma falta de ver o Outro, as vezes existe até a intenção, só que o resultado é fruto do mundo-restrito.
Os mestres da Lei eram no tempo de Jesus, os Fariseus que conheciam a escritura, mas cuja prática era distorcida, um deles se dirige a Jesus para perguntar como ter a herança eterna.
O grande argumento espiritual de Amar a Deus, é um recurso de certo tipo de ignorância, porém basta uma boa leitura bíblica para perceber que ele é falso, está em Lc 10, 26:27, e Jesus lhe disse: “O que está escrito na Lei? Como lês?” Ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!”.
Jesus liga imediatamente o coração “sentimentos” a alma, porque conhece e respeita a interioridade, de onde a alma bebe, e termina pedindo amor ao próximo, ao Outro.

 

America do Sul e Agenda pós-2015

11 jul

Quando a ONU organizou a sua Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, parecia que as organizações da sociedade civil caminhavam para uma concentração maior em assuntos da pobreza e da fome, nos aspectos urbanísticos e na educação, no desarmamento nuclear e no empoderamento da mulher, outros assuntos relacionados com a pessoa, a luta por maiores regalias e poderes, a volta do nacionalismo caminhou em sentido contrário.
Afirmava o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em setembro de 2014> “nosso mundo precisa de mais energia eólica e solar. Mas creio em uma fonte de energia ainda mais forte, o poder das pessoas”, o caminho parecia seguro e não era, pode-se agora avaliar o erro.
Os números anteriores a reviravolta conservadora eram na América Latina ainda “muito desiguais”, afirmava Eduardo Frei que o Chile que governou de 1994-2000, com várias iniciativas que promoveram a democracia e a justiça social, tinha reduzido a pobreza de 38,6% para 7,8% da população, e a pobreza extrema de 13% para 2,5%, mas em 2015 a América Latina tinha outro perfil, apesar do crescimento do PIB de 2015 a 2018 (foto acima).
Era ainda uma região “mais desigual” do que outra, dos seus 600 milhões de habitantes ainda 167 milhões viviam na pobreza e 71 milhões na extrema pobreza, este contraste revela um fosso social perigoso e profundo, segundo afirmou o próprio Frei em 2015.
Com vistas ao futuro, Frei afirma que a luta contra a pobreza e as desigualdades exigiam junto ao esforço de sustentabilidade outro esforço de fundamento ético, e nessa encruzilhada, seria hora dos governos darem um maior impulso ao “movimento moral” que não aconteceu.
Juan Somavía, ex-diretor da Organização Internacional do Trabalho, disse na elaboração da agenda pós-2015 que uma boa base para negociações seria: “o documento reflete uma visão extremamente ambiciosa, com suas 17 metas e 69 indicadores centrados no conceito de desenvolvimento sustentável focado nas pessoas e na erradicação da pobreza”, afirmando que o apoio político da ONU era fundamental.
No 20º. aniversário da CMDS (Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável), Oh Joon, o vice-presidente do Conselho Econômico e Social da ONU (Ecosoc), afirmou que o problema da erradicação da pobreza foi incorporado aos objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), adotados em 2000, mas os outros dois: o emprego produtivo e a integração social, foram excluídos, e não é mera coincidência.
E integração social é um conceito mais amplo quando pensamos em uma cidadania global.