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Arquivo para janeiro 7th, 2021

Entre o eterno e o temporal

07 jan

Não há dualismo entre corpo e mente, como querem os idealistas, a mente existe num corpo e com ele interage, há aquilo que é o temporal e o que é eterno, senão num sentido strictu ao menos no sentido lato, é preciso princípios para se determinar os valores e aquilo que conduzem a humanidade em tempos críticos da sociedade, e o espiritual ajuda.
Byung Chul Han, em palestra em janeiro do CCB de Barcelona onde mostrou a dilaceração de nosso tempo entre o narcisismo, o auto consumismo e uma ausência de relação com o outro, que é preciso revolucionar o tempo, ou a forma como gerenciamos ele.
Disse sobre o outro e em referências as universidades: “Em todo caso, vivemos uma época de conformismo radical: a universidade tem clientes e só cria trabalhadores, não forma espiritualmente; o mundo está no limite de sua capacidade; talvez assim chegue a um curto-circuito e recuperemos aquele animal original”.
Afirmou no CCB de Barcelona: “A aceleração atual diminui a capacidade de permanecer: precisamos de um tempo próprio que o sistema produtivo não nos deixa ter; necessitamos de um tempo livre, que significa ficar parado, sem nada produtivo a fazer, mas que não deve ser confundido com um tempo de recuperação para continuar trabalhando; o tempo trabalhado é tempo perdido, não é um tempo para nós”.
O humanismo moderno criticado por seu mestre Peter Sloterdijk que afirma este sentido de volta ao animal original, é claro não é no sentido da animalidade selvagem, mas a ideia que ele deve recuperar sua relação com a natureza ou não se salvará e condenará até mesmo o planeta.
Sloterdijk expõe claramente estas ideias no vídeo que se apresenta mais abaixo.
O que significa o homem natural e suas relações com o eterno, agora não apenas a natureza, mas numa cosmovisão do paraíso e da vida eterna, significa que devemos olhar para valores que ficam.
Ao ser questionado pelo saduceus, que era uma classe mais aristocrática no judaísmo, sobre com quem ficaria no paraíso uma mulher que em vida se casasse com vários irmãos após a morte de cada um deles, Jesus responde a eles que acreditar numa vida eterna significa que as pessoas não mais morrerão, assim a pergunta não faria sentido e também que Deus é “Deus dos vivos” (Lc 20:38).
Olhar só os valores temporais e as situações conjunturais nos impedem de ver o futuro e o eterno.
Segue a entrevista de Peter Sloterdijk no programa “Fronteiras do Pensamento”.