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Arquivo para dezembro, 2022

Viragem da virada: 2023

31 dez

Para onde iremos depende de nós, de um ambiente mais saudável, mais fraterno e onde os homens desejem e construam a paz.

Não apenas pena pandemia, pela economia e pelas guerras o ambiente social torna-se tóxico, é nas micro-relações, na propaganda cultural e até mesmo falsamente espiritual, que o novo se constrói ou se destrói.

Falamos da violência, indicamos algumas leituras para compreender aspectos culturais (indicamos Zizek e Darlymple), tecnológicos com a brevíssima introdução de Margarete A. Boden e espirituais (indicamos Anselm Grün), porém há muitos outros autores sérios (é preciso separar supersticiosos, fatalistas e adivinhos neste campo), muitos que indicam um perigo civilizatório grande a cada ano que se inicia.

Anselm Grün cita em seu livro Aristóteles: “A alegria é uma expressão da vida plena” e diz ela é própria “daquelas cujas atividades não são bloqueadas por fatores internos ou externos” (Grün, 2014, p. 15) e assim encontramos também alegria em tempo de tensões e ira, e damos espaço para as esperanças que só podem brotar da vida plena e de seu exercício social.

Zizek num pensamento mais amplo, muitas vezes defende a violência de modo, afirma de uma maneira mais consciente que: “Nem no campo da política devemos aspirar a sistemas que explicam tudo e a projetos de emancipação global; a imposição violenta de grandes soluções deve dar lugar a formas específicas de intervenção e resistência”, disse também em uma entrevista que “Não precisamos de profetas, mas de líderes que nos incentivem a usar a liberdade”.

No campo da tecnologia, que está sujeito a crítica sim e muitas vezes citamos o lúcido e crítico das mídias digitais Byung Chul Han, há muito devaneio e tentativas de explicações de ensaístas (que é o que de fato são) que escrevem sobre tecnologia, mas por não conhecerem suas entranhas navegam por problemas e questões que não são nem desmistificadoras nem esclarecedoras e fazem aquilo que mais criticam que é o fanatismo político e religioso, por ignorância tecnológica.

O texto de Margarete A. Bodan proposto (Inteligência Artificial – uma brevíssima introdução), embora seja histórico e pouco profundo (no aspecto tecnológico) é esclarecedor e pode ajudar aos críticos.  

Por ultimo apontamos um texto que pode nos ajudar a detectar de modo melhor o problema que vivemos de uma crise civilizatória, abordando os aspectos sociais e psicológicos (Theodore Dalrymple é na vedade o médico e psiquiatra Anthony Daniels) e indicamos seu livro “A nova síndrome de Vicky – porque os intelectuais europeus se rendem ao barbarismo” mostra o fundo cultural e psicológico deste momento social.

Tudo isto não é por causa da pandemia e da crise econômica, que são só novos elementos nocivos, mas principalmente porque não introduzimos na vida pessoal e social mais empatia, mais alegria.

Feliz 2023, segunda tenho nova operação da visão e ficaremos alguns dias sem acesso aos meios e dispositivos digitais, é um bom começo com esta pausa forçada.

GRÜN, A. Viva com Alegria. Trad. Luiz de Lucca. Petrópolis: Vozes, 2014.

 

2022 alerta e esperanças

29 dez

O balanço de 2022 começou com o sucesso do lançamento do observatório James Webb (no Natal de 2021, mas chegada em 2022), suas primeiras imagens e dados científicos impactaram a astronomia e já balançam as teorias físicas atuais, novas concepções até do próprio universo, a formação de galáxias, a matéria escura e os buracos negros e é previsível mudanças nas leis físicas a partir destas observações.

Ele chegou ao seu destino um ponto de equilíbrio na atração gravitacional do Sol chamado de ponto de Lagrange L2, e mandou as impressionantes primeiras imagens somente em junho, e sempre acompanhados aqui no nosso blog mostramos as 5 primeiras imagens no dia 12 de julho e disponibilizamos o link  ferramenta de zoom disponível  que permite que você escolha o alvo de visualização no universo.

Outro aspecto de alerta foi a guerra da Ucrânia, acompanhamos as evasivas da Rússia que não invadiria o país, depois a invasão com a desculpa que era para combater o nazismo e a militarização, porém a guerra foi se tornando mais cruenta e embora tenham chegado a Kiev, depois de inúmeros revezes retrocederam, o número de mortos e refugiados é enorme, além da destruição física do país, a reação da Ucrânia foi uma grande surpresa e a guerra irá completar em fevereiro um ano, ainda com poucas expectativas de negociação e paz.

As tensões entre China e Taiwan, que envolvem os EUA e Japão também estão em pauta, as tensões internas nos países islâmicos também preocupam.

No Brasil o destaque foi a corrida eleitoral, envolta numa polarização ainda maior que a anterior, como denuncias e provocações ainda piores que as anteriores, a intolerância e a falta de diálogo construtivo foi uma das marcas da eleições, com a vitória da esquerda unida em uma frente ampla, e com uma reação ainda dos resultados das urnas.

O novo governo, entretanto, acena para setores conservadores com ministro de centro-esquerda e até pessoas respeitas no agronegócio, a fragilidade ainda é uma proposta clara na economia, o congresso e o senado teve uma avanço no número de cadeiras de conservadores.

Em toda América Latina é visível o avanço das forças de esquerda, Colômbia e Chile foram as vitórias mais impactantes, além do Brasil é claro, mas o quadro geral ainda é um pouco conservador.

A Covid deu sinais de trégua, volta ao trabalho e ensino presencial, mas no final do ano volta a preocupar com uma grave crise sanitária na China e o aumento de casos e mortes em vários países, que podem voltar a crescer a níveis preocupantes.

Ah o Brasil perdeu a copa e a Argentina ganhou.

O ano que vem não deixa de ter esperanças e preocupações, o quadro não é bom para a economia mundial, o aspecto sanitário e humanístico chama a atenção e deve ser tratado com maior profundidade, a reunião do G7 para janeiro, a expectativa de alianças que devem surgir na América Latina devem tornar o quadro geopolítico bastante modificado para 2023, há sempre esperanças e forças que lutam para a paz.

 

Ira e poder

28 dez

Toda literatura ocidental contemporânea desemboca na leitura de duas coisas que aparentemente não são opostas, mas se opõe frontalmente: amor e poder.

A violência é tema comum desde que o homem é homem, o confronto visava inicialmente como os animais o domínio de um território, a demarcação de países, nem sempre significa nação e sua cultura, é imposta pelo poder dominador, assim nasceu os primeiros impérios babilônico, persa, romano sua etapa de decadência, as monarquias medievais, o império mongol e depois o turco-otomano.

Desde as discussões de Thomas Hobbes, David Hume e John Locke, e Jean Jacques Rousseau, os chamados contratualistas, que divergiam sobre a origem violenta do homem: o homem é mau, o homem é bom e é a sociedade que o corrompe e o homem natural é bom, o chamado bom selvagem, o certo é que o estado moderno, diferente da polis grega, é aquele que tem direito a violência.

Na República de Platão não era assim, a ideia desta escola filosófica era educar o homem para ser político, deveria ter sabedoria e virtudes (aretê), sendo a sabedoria a maior das virtudes, porém é preciso lembrar a polaridade entre Athenas, cidade dos sábios e Esparta, cidade dos guerreiros, assim a ideia da violência permanecia no cotidiano, e Aristóteles não só caminha nesta direção como se torna preceptor de Alexandre, o grande, imperador da Macedônia.

Assim a Ideia de Platão permanecia influente na Grécia, e a tentativa de aliança entre gregos e macedônicos para derrotar o império persa não aconteceu, mesmo assim o império se estende por toda Asia Menor chegando a Índia, mas não a conquista, sem herdeiros e com disputas entre seus generais o império se divide e enfraquece, logo no período seguinte o Império Romano começa a se formar.

A violência moderna antes das guerras concentrou-se na divisão dos reinados, com a reforma protestante e também a anglicana no Reino Unido, até estabelecer-se a Paz de Vestefália.

A grande teoria sobre o Estado moderno e o poder será elaborada por Hegel, ela é dominante hoje independente de posições ideológicas, afinal Karl Marx era também hegeliano (novos, com ele se denominava), porém é o estado moderno o detentor do poder para causar a Paz, a Pax Eterna como pretendia Kant, mas que resultou em duas guerras e estamos a beira de uma terceira, que esperamos não aconteça.

Porém olhando a literatura atual, boa parte dela trata do barbarismo, os dois livros que indiquei e lerei no próximo ano vão nesta direção, embora com tendências políticas opostas, Zizek e Dalrymple se debruçaram sobre o tema, mas há muitos outros: “Ira e tempo” de Peter Sloterdijk, “Violência” de Slavov Zizek e “Comunicação não violenta” de Marshall Rosemberg entre outros.

De Byung Chul Han lembro a citação do seu livro No enxame, que analise a violência das novas mídias, onde afirma que só o respeito é simétrico, ou seja, os dois lados são não violentos.

O romance/ficção de Gabriel Garcia Márquez “O amor nos tempos do cólera” ele arriscou um happy end, diferente de outros livros ele quis tornar a felicidade possível, criar uma espécie de fábula moderna ou uma esperança desesperada, onde “uma utopia de vida, onde o amor de fato seja verdadeiro e a felicidade possível” (Márquez, 2005).

Márquez, Gabriel Garcia. O amor nos tempos do cólera. Rio de Janeiro, Record, 2005.

 

Reflexões para 2023

27 dez

Sempre faço um propósito de algumas leituras no final do ano, as vezes abandono alguma e sempre anexo outras, por dever do ofício de professor e pelo surgimento de fatos novos, como foram o caso da pandemia em 2020 e da guerra da Ucrânia no último ano.

Entre outros, quatro livros já encomendados, que pretendo ler no ano de 2023 estão: “A nova síndrome de Vicky: porque os intelectuais europeus se rendem ao barbarismo”  de Theodore Dalrymple (pseudônimo do médico, psiquiatra e ensaísta britânico Anthony Daniels, de 72 anos), embora de 2016 teve vários acertos da conjuntura, o segundo livro é de Slavov Zizek: “O ano que sonhamos perigosamente” (2012), o terceiro é sobre tecnologia, muitas coisas bizarras são escritas sobre a tecnologia e seus avanços, já citamos Jean Michel Ganascia: “O Mito da singularidade”, agora queremos reler a Inteligência Artificial a partir da autora da área porém sobre coisas básicas e sobre os dilemas da IA: “Inteligência artificial: uma brevíssima introdução”, básica mas conhecedora do tema, uma leitura mais profunda exige estudo e especialização na área.

Não poderia faltar na lista um livro de cunho espiritual, o livro de Anselm Grum, que é um monge beneditino alemão com 77 anos, e que muitos de seus livros impactaram as diferentes conjunturas, e agora quer dar uma resposta a ansiedade, depressão e desesperança que atinge boa parte da humanidade pandêmica.

De Dalrymple já postamos sobre o livro “Nossa cultura ou o que fizemos dela” onde a análise cultural precede a econômica e converge com a social, sobre Slavov Zikek tivemos algumas citações e já temos algumas reflexões sobre sua visão atualizada do socialismo, mas cujo aspecto de violência não é descartado.

Na visão de Zizek a superação do estado social ou do welfare state o estado hoje é a administração de uma crise social permanente, e neste livro ainda por ler, as releases e leituras permitidas online que pude ler ele desvenda o apreço dos intelectuais (diria especialmente dos grupos editoriais vigentes e suas narrativas) pela catástrofe, e diria em desacordo com Zizek que ele também está neste processo só que pelo aspecto do uso da violência expresso em diversos livros seus, o indicado porém mostra o aspecto renovador e de verdadeira mudança que os movimentos de 2011 eram marcados, mas foram consumidos pela cultura atual.

Embora tenha esta discordância de fundo ideológico com Zizek, sua análise de 2011 deve ser bastante interessante lembremos da Primavera Árabe, dos movimentos de ocupação como “Occupy Wall Street”, na praça Tahir, em Londres e em Atenas houveram movimentos fortes, houve sonhos obscuros, e certamente um evento que Zizek não lembra, mas é importante: a catástrofe de Fukushima, o problema nuclear, foi em 11 de março de 2011.

Muita literatura com pouco fundamento se aventura na área, onde o problema maior não é nem a mistificação nem os problemas éticos, mas o conhecimento dos elementos básicos e futuras possibilidades da área, a especialista Margaret A. Boden que pesquisa na área e compreende as dúvidas sobre o tema, faz uma brevíssima introdução capaz de elucidar os leigos já confusos pela literatura obscura e crítica da questão.

Talvez falte uma literatura nacional, latina ou africana, um livro que vi e não tenho opinião formada, é: “Guimarães Rosa: Dimensões da narrativa” me chama atenção, não tenho conhecimento das autoras Maria Célia Leonel e Edna Maria F. dos santos, vou pesquisar, a sinopse parece interessante ao abordar autores como Gérard Genette e Ernest Cassirer, entre outros.

 

Ainda a guerra e ainda a pandemia

26 dez

As noticias da guerra na Ucrânia são de um esgotamento das forças militares,em meio ao inverno,ainda que Moscou fale em negociação de paz, um ataque novo a Kiev é previsto pelo comando militar da Ucrânia, enquanto a Rússia teve um ataque a Criméia, o que é visível é que cada um dos lados começam a gastar suas forças de reserva e o cenário é de esgotamento.

AS perdas humanas, militares e materiais são enormes, assim como o desafio de manter a iniciativa com o arsenal a disposição, é a análise de muitos observadores de guerra, como Igor Gielow da Folha de São Paulo.

A Rússia não cede os territórios conquistados, que representam seu controle sobre o mar de Azov e o Mar Negro, passagem para o Mediterrâneo, ainda que tenha que passar por Istambul, membro da OTAN e que controla o estreito e a passagem de Navios.

Do lado da Ucrânia e da Otan os territórios conquistados são inegociáveis, assim o acordo possível seria voltar a 2014 quando a Criméia foi anexada à Rússia.

Outro cenário preocupante neste final de ano é o da Pandemia, embora alguns anunciem o fim as máscaras, a explosão da Pandemia na China e um aumento significativo nos casos, ainda que a maioria sejam leves, parece estar longe o fim da Pandemia, e a trégua inspira cuidados ainda maiores.

Em entrevista na véspera do Natal à CNN, a infectologista Raquel Muarrek, da rede D´Or, afirmou que especialistas estão trabalhando com uma nova expetativa onde o Brasil deve ter nos próximos dois meses “maior incidência de casos da Covid-19”, e diz eu a origem é a alta transmissão que já está ocorrendo na China, onde o controle agora gera inclusive uma crise social, pois a população está esgotada.

Resta saber qual será a atitude dos novos governantes no país, uma vez que os estados gozam de certa autonomia para o enfrentamento da grave crise, o certo porém é que não poderemos conviver com o descaso neste início de ano, e esperamos atitudes preventivas dos governos.

Segue-se um cenário de incertezas, o Fórum Econômico de Davos promete muitas controvérsias, é provável que os países de esquerda não compareçam, incluindo o Brasil que está com novo governo no mês de janeiro, quando o evento se realiza.

 

Então é Natal (Mururoa)

24 dez

Assim começava uma música inglesa, em uma versão brasileira da cantora Simone da letra original de John Lennon e Yoko Ono e em seguida uma pergunta: “e o que você fez?”, gostava da música, mas a letra me soava estranha porque depois de usar uma expressão mística dos indús.: “Harehama” ela fazia uma provocação com Hiroshima e Nagasaki, das bombas atômicas, e depois ainda de Mururoa que é uma ilha da Polinésia, que na tradução do maori significa paciente.

Recentemente, isto uns 11 anos atrás, quando aconteceu o incidente de Fukushima, o tsunami que afetou a usina atômica do Japão, eu comecei a entender e só agora com o perigo nuclear da guerra do leste europeu o sentido se completou, não podemos falar de paz num mundo minado por ódio e bombas.

Sim, as esperanças se renovam, mas agora em meio a desconfianças, é como se saísse um véu de nossas vistas (no meu caso literalmente porque já operei uma das vistas), e um mundo claro se apresentasse, claro porém cheio de dúvidas e conflitos.

Diria que é uma Natal de Mururoa, da paciência que espera e que tudo alcança, porém apreensiva e preocupada.

Este é um pequeno texto que consigo escrever ainda em meio a recuperação das vistas, feliz Natal aos que creem, paciência aos que entendem a situação presente e que os espíritos de guerra e de ódio se desarmem.

A luz existe, é preciso que uma simples vela seja acesa, e o Natal é luz. 

 

O Natal na China

20 dez

O Natal tem conotações diferentes em todo mundo, a ideia de uma data para o nascimento de Jesus é a comemoração de um Deus que se fez carne, que esteve entre nós e pelo capricho divino nasceu justo em uma data de recenseamento para que fosse contato entre os homens, e no vilarejo de David para onde José e Maria foram porque os recenseados deveriam estar em suas cidades de origem.

Também se cumpriu a profecia (Isaías 11:1-16) “virá um descendente do rei David, filho de Jessé, que será como um ramo que brota de um toco, como um broto que surge das raízes” e também uma profecia mais incrível ainda que uma virgem conceberia (Isaias 7,14): “por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal, uma virgem conceberá e dará a luz um filho, e o chamará “deus Conosco” “, indicando a forma da vinda de Jesus.

A tradução da palavra moça como virgem é contestada em algumas crenças cristãs, porém o texto é claro que Maria diz não conhecer homem algum (Lc 1,34) e José se afasta dela para não denuncia-la conforme dizia a lei judaica para mulher adultera, e depois retorna aconselhado por um anjo, nenhum destes fatos é coincidência pela sua originalidade e sim todos são providência para que os homens pudessem crer.

O Natal na China não é uma data oficial, outras festividades como o Festival da Primavera ou o Ano Novo Chinês são bem mais comemorados e lembrados, porém na cidade de Yiwu, por produzir produtos natalinos para todo o mundo é vista como onde é Natal o ano inteiro, inclusive com as luzes e decorações típicas de todo mundo, nos últimos dez anos o Natal começou a ganhar popularidade, mas longe de ser uma data onde o nascimento de Jesus seja comemorado, é o tradicional período consumista ocidental que chegou também lá com as grandes empresas que hoje são internacionais de automóveis e eletrodomésticos.

Porém na cidade de Macau, que tem origem e influência portuguesa até os dias de hoje, por exemplo, os nomes de ruas estão em chinês e português, algumas lembranças do Natal verdadeiro é vista por lá, como o presépio da Vila Coloane de Macau (foto cortesia de um amigo).

Estarei operado da vista estes dias e impedido de usar notebook, então deixo a mensagem de Natal de esperança em um mundo de paz, que os homens retornem ao caminho difícil da porta estreita por onde passam o Amor, a Misericórdia e a Esperança, um mundo mais justo, mais fraterno é possível se os homens se desarmarem e se derem as mãos.

 

Natal no escuro e nova pandemia

19 dez

Devido a dificuldades visuais o post de hoje será curto e sem referências, devido a dificuldade de leitura, porém as notícias da guerra entre Rússia e Ucrânia aumenta as preocupações naqueles que realmente estejam a favor da paz, porque não há paz possível se os discursos e posicionamentos não caminham para acordos.

A Rússia prossegue em sua estratégia de obstruir as fontes energéticas da Ucrânia, que são estratégicas durante o frio do inverno europeu, por outro lado a Ucrânia resiste nas lutas no leste do país e ameaça a Criméia já anexada a Rússia na guerra anterior, com a estratégia Rússia de dominar a região do Mar de Azor e o Mar Negro.

A estratégia da Ucrânia é atingir possíveis alvos em território russo, que além de bases militares podem operar armas nucleares estratégicas, o maior temor desta guerra é uma eminente e possível guerra atômica, que seria um flagelo. 

O Natal que é festa da Luz e da paz, tem neste lado do planeta a luta estratégica mais profunda e com consequências ainda pouco previsíveis, porém no curto prazo, haverão mais bases russas atingidas em seu território e a Ucrânia já vive uma séria crise energética, os países aliados reagem com medidas de sansões à Russia e tentativas de ajuda de socorro ao povo ucraniano. 

Sobre a Covid 19, há uma preocupação que os casos voltem a crescer em 2023, assim como os organismos de saúde já se antecipam a uma possível nova pandemia, como escrevemos, devido a dificuldades visuais não pudemos elencar as fontes destas informações devido a dificuldade de leitura.

 

O maior de todos sinais

16 dez

A maioria daqueles que não acreditam num sersuperior pensam “se Deus é vivo porque não nos manda um sinal”, também a passagem do rico que tinha o chagado Lázaro sempre a sua porta, pediu a Jesus que mandasse um sinal a sua família, para saberem que Deus existia, e Jesus lhes respondeu: “eles tiveram os profetas e não acreditaram”, mas é claro que falam de um sinal visível concreto.

Também a leitura daquele tempo dizia (1Cor, 22-24): os gregos querem sabedoria (seriam os cientistas de hoje) e os gregos querem sinais (seriam os religiosos de hoje), mas a loucura divina é sabedoria e as coisas fracas são as fortes divinas (dor, compaixão, humildade, simplicidade, etc.), não é como o raciocínio meramente humano.

Não há maior loucura de um Deus querer reduzir-se a homem para resgatar a todos, incompreendido e sem acolhida nasce numa manjedoura e morrerá na cruz, o apóstolo Paulo diz orgulho dos cristãos (só dos verdadeiros é claro) e escândalo para os homens, será ele o adulto do mesmo menino que nasce numa manjedoura e depois tem que fugir para o Egito para evitar a matança de (quadro de Guido Reni (1611/12) ).

Herodes estava confuso porque imaginava (como muitos hoje) que ao falar que ia nascer o rei dos Judeus, imaginava que este lhe tiraria o trono, e queria mata-lo desde o nascimento, não tendo o encontrado ele manda matar todas crianças que ainda são de colo, mas Maria José e o menino haviam fugido para o Egito.

Assim não foi apenas um sinal visível, foi também um sinal humano, diz a Leitura de Mateus (mt,1,22): “tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “eis que a virgem conceberá e dará à luz a um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa Deus está conosco”, mas José que tendo se afastado de Maria por causa deste grande sinal é avisado pelo anjo e lhe dá o nome do menino de Jesus.

Poderiam haver ainda mais sinais em nossos tempos, alguns místicos acreditam que sim, porém ele será precedido de muito sofrimento, assim como a revelação de Jesus que descrevemos, e depois virá a clareira.

 

 

O que procurar e onde encontrar

15 dez

Não se pode esperar que uma árvore má dê bons frutos, mesmo aqueles queprocuram a verdade e a sabedoria, procuram para dar vazão as compulsões de poder, de riqueza ou de prazer temporário.

Há enorme quantidade de literatura disponível e já penetrou no senso comum a lei da atração, técnicas de poder e de enriquecimento, fórmulas mágicas de felicidade e de juventude, etc.

O problema central permanece se não se procura onde de fato pode-se tirar sabedoria, poder para servir mais e melhor aqueles que nos são próximos, riqueza e felicidades plenas e não temporais.

É fácil perceber o fruto destas árvores de falsas felicidades, de podres poderes e de prazeres passageiros que se transformam em desespero e infelicidade, eles estão expostos entre os ídolos atuais, entre as festas e orgias que tem até mesmo altos patrocínios, a descaso com o dinheiro público, a justiça para os poderosos e a infelicidade para a imensa maioria da população, que é muitas vezes tragada pela má propaganda enganosa.

Pode-se desfilar inúmeras falsas sabedorias, porém duas me chamaram a atenção sobre técnicas de poder:”todos os meus desejos se realizam”, sim a que custo é necessário pensar, “minha rotina é sempre próspera”, não há momentos para pausa e para desfrutar o que prosperou então a prosperidade é um fim em si mesma e não trará felicidade, descanso, contemplação e estado elevado da alma.

A questão central que precisa ser respondida é de onde vem todas estas falsas promessas, que até podem se realizar, porém de maneira temporário, elas implicam no enriquecimento a qualquer preço, na soberba confundida com autoestima, na falta de autocrítica, e quando se busca de fato em lugares coretos, o que se busca ali se não for uma verdadeira ascese, com o tempo cairá por terra e virá a decepção.

Estamos no tempo do Natal, poucos procuram a felicidade de fato, é certo é um período que aumenta a fraternidade, o acolhimento e as boas intenções, porém o que de fato queremos ao final desta busca.

Diz a passagem bíblica, que começamos no post passado, os discípulos foram pergunta a Jesus se de fato era ele, depois o mestre corrige perguntando o que foram buscar no deserto, já que eram discípulos de João Batista (Lc 7, 24-27): “depois que os mensageiros de João partiram, jesus começou a falar sobre João às multidões. “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?  Que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que se vestem com roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis. Então, que fostes ver? Um profeta? Eu vos afirmo que sim, e alguém que é mais do que um profeta. É de João que está escrito: ‘Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o meu caminho diante de ti’.

Não basta procurar no lugar certo é preciso saber o que de fato se procura, se são coisas passageiras, muitos sãos os lugares, se são coisas verdadeiras poucos e é preciso ter a questão certa da procura.