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A prudência e a alegria
A virtude da prudência pode a primeira vista imaginar-se atitudes cautelosas, sensatas e pacientes, que podem ser seus componentes, porém ela está mais ligada a ideia de uma alegria cautelosa porém que é também um gáudio.
O prudente tem equilíbrio porque nele encontra paz e felicidade, está além de ser vista apenas como uma virtude religiosa, alguns filósofos sagazes também a perceberam, em Carta sobre a felicidade observa: “… de todas essas coisas, a prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ela é mais preciosa do que a própria filosofia […]” (EPICURO, 2002, p. 45).
Temos o livre-arbítrio e podemos fazer escolhas, na visão de Epicuro nós podemos ser felizes se ficamos numa posição equilibrada do prazer, que pode parecer menos alegria, mas ela evita a busca como se algo faltasse e assim podemos cair em armadilhas e sofrimentos desnecessário se ultrapassarmos um certo equilíbrio.
É possível que alguém lembre a parábola bíblica das “virgens prudentes” (Mateus 25,1) na qual 10 virgens estão à espera do “noivo” e levam em suas candeias (vasilhas para acender pavios), mas só 5 tem óleo suficiente e outras 5 estão na falta dele, a meu ver refere-se às virtudes.
Claro o noivo, no caso bíblico, é Jesus então é a espera de sua segunda vinda, mas como as virtudes cardeais são 4 é preciso acrescentar a quinta que é o Amor, já que na presença do divino não são necessárias a fé (o divino já está desvelado) e nem esperança (já é alcançada por aquelas que possuem a vela acessa).
O acerto desta parábola é porque a prudência aí é tanto explicada no conceito religioso quanto o cultural, as parábolas bíblicas usadas por Jesus tinham este aspecto “didático”, e neste caso esta virtude fica mais clara, manter a vela acesa como recurso de sabedoria, justiça, fortaleza e amor, que assim há óleo suficiente para manter-se na “espera” do divino.
EPICURO. Carta sobre a felicidade (A Meneceu). Tradução e apresentação de Álvaro Lorencine e Enzo Del Carratore: São Paulo: Editora UNESP, 2002.