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Peter Sloterdijk e o imperativo absoluto

09 jan

PeterSloterdijkQuando alguns resmungam sobre o individualismo, o consumismo e outros ismos, na maioria das vezes desconheceram que é esta a filosofia ocidental, e nela também é baseada a nossa ética (leia o post sobre Martha Nussbaum) e há exemplos no dia a dia: dê o seu testemunho, faça a sua parte, são formas de individualismo muitas vezes disfarçadas em formas de grupos ou comunidades.

O que deveríamos fazer é buscar ações coletivas em conjunto com a humanidade, diria em rede.

Peter Sloterdijk chama a atenção para o imperativo categórico, criado pelo filósofo Emmanuel Kant no início da modernidade, esclarece Sloterdijk: “Kant queria reconciliar o egoísmo dos interesses privados e as exigências do bem comum, ao mesmo tempo possibilitando a coexistência de todas as criaturas racionais no contexto jurídico da sociedade burguesa” (pg. 53), no pequeno opúsculo “O mundo não tem mais tempo a perder” da editora Civilização Brasileira, em 2014.

Esse opúsculo, publicado na França em 2012 com o “Le monde n´s plus de temps à perdre” coordenado por Sacha Goldman, escrevem artigos Michel Rocard, Mireille Delmas-Marty, René Passet, Edgar Morin, Michael W. Doyle, Stéphane Hessel, Bernard Miyet além de Sloterdijk, que como diz o título, diz da urgência de uma governança mundial.

Sloterdijik conhecido pela polêmica com Heidegger em seu “Regras para o parque humano”, escreve sobre neste opúsculo, que o imperativo absoluto é de eliminar entre os homens “as situações nas quais ele fosse uma criatura pobre, miserável, desprezível, abandonada”.

Lembra o filósofo Hans Jonas, vendo a crise ecológica, que atualizou o imperativo categórico orientando-o para o futuro e a política de relação com a natureza, mas ele lembra dois fenômenos recentes: “um técnico e outro político, vieram transformar profundamente o seu alcance” (pag. 64), “o primeiro de natureza imaterial, “estamos saindo do neolítico”, e o, segundo de natureza política, “iniciado na década de 1980, não é outro senão a liberação dos movimentos de capitais no mundo, a qual, permitindo a concentração para além das fronteiras nacionais, leva à formação de um poder financeira planetário superior ao dos Estados” (pag. 66).

O que todos autores deste opúsculo pedem, é uma “governança mundial solidária e responsável”, vale a pena ler.

GOLDMAN, Sacha  (coord). O Mundo não tem mais tempo a perder – Apelo por uma governança solidária e responsável, São Paulo: Civilização Brasileira, 2014.

 

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