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Policrise e a custódia do planeta

13 mar

Curiosamente o termo crise vem de Hipócrates, médico da antiguidade clássica, que identificava com este nomePoliCrise a possibilidade de uma doença, podendo ter uma sentido favorável ou não, assim são muitas vacinas de hoje em dia, mas é preciso diagnosticar a doença ou o perigo dela, qual é a doença do planeta neste momento ?

Encontro em Edgar Morin as melhores respostas e os melhores diagnósticos, além da única saída que me parece viável: Por uma governança mundial de destino comum, escreve ele num livro que é um apelo a ONU: O mundo não tem mais tempo a perder: Apelo por uma governança mundial solidária e responsável, no qual escrevem mais 6 grandes pensadores: Michel Rocard, Stephane Hessel, P. Sloterdijk, B. Myiet, Michael Doyle e outros.

Mas como Morin vê a crise, explica ele próprio:  “A crise não é o contrário do desenvolvimento, mas a própria forma deste” escreveu ele nas entrevistas de Djénane Kareh Tager, publicado pela editora Bertrand Brasil em 2010.

Morin já havia escrito em 1995 sobre a questão do desenvolvimento afirmava ele: “O desenvolvimento tem dois aspectos. Por um lado, é o mito global em que as sociedades industriais atingem o bem-estar, reduzem as suas desigualdades extremas e proporcionam aos indivíduos o máximo de felicidade que uma sociedade pode dispensar. Por outro lado, é uma concepção redutora, em que o crescimento econômico é o motor necessário e suficiente de todos os desenvolvimentos sociais, psíquicos e morais. Essa concepção  técnico-econômica ignora os problemas humanos da identidade, da comunidade, da solidariedade e da cultura.” escreveu ele em Introdução ao Pensamento Complexo.

Em seu livro A minha esquerda, que questiona os paradigmas ideológicos ainda em moda aqui nos nossos “tristes trópicos”, encontro uma ideia fundamental para sua policrise na página 16: “Uma componente invisível da policrise é a crise do pensamento”, Morin chama de policrise as crises interdependentes:  da economia, da civilização ocidental, das civilizações tradicionais, do desenvolvimento, estamos tratando com placebos o câncer de uma sociedade em decadência.

É preciso repensar o pensamento, ser capaz de mexer de modo profundo nas estruturas, deixar de ignorar as multidões, e mundializar a crise aí, justamente aí está o sentido possível desta crise, creio como Morin:  “favorecer as cooperações econômicas, sociais, culturais, tudo o que caminha no sentido da unidade solidária da humanidade”, o resto é torcida de futebol.

 

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