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Levinas e Morin: infinito

25 nov

Emmanuel Levinas é um filósofo de nosso tempo, pouco lido, porque é pouco aderente a nossa modernidade cotidiana,Infinito líquida como gostaria Zygmunt Bauman, complexa como gostaria Morin, ambas escondem respostas que Lévinas traz com a ideia de compreender e de infinito, tão caras a origem da modernidade e esquecidas depois numa des-ilustração.

Do latim comprehendere, termo que significa “conter em Si”, “constar de”, abranger, pelo Eu algo que não faz parte do Mesmo, a modernidade tornou o movimento do Eu desejante aquém de um Outro invisível, inalcançável, impossível de romper apenas com a relação de natureza transcendente, ou seja, com a metafísica.

Morin explica que é preciso opor ao paradigma da simplificação, com uma nova forma de pensar que seja capaz de apreender a complexidade do real, tratada em seis volumes de sua maior obra, O Método (publicados entre 1977 e 2004), onde apresentou de modo sistemático o novo paradigma da complexidade, que “emerge” das fissuras do pensamento simplificador ainda dominante.

Mas vai ser Lévinas que estabelece um outro entendimento para a origem da ideia de infinito, diferentemente de Descartes, abre a própria relação metafísica do Mesmo com o absoluto do Outro, exterior a todo mundo do Eu, irredutível à representação e do qual só pode ter a ideia de infinito , pois este transborda os limites de toda compreensão, pois “a ideia do infinito tem de excepcional o fato de o seu ideatum ultrapassar a sua ideia” (Lévinas, 2000, p. 36) que está “infinitamente afastado da sua ideia – quer dizer, exterior – porque é infinito” (idem, p. 36).

Lévinas resolve o paradigma moderno totalizante (e por isto simplificador como afirma Morin), contrapondo-o a ideia de infinito, ”uma relação que não é uma totalização da história, mas a ideia do infinito”. (Lévinas 2000, p. 39).

Advento tempo de infinito, não de totalidade, do metafísico e não apenas do transcendente, porque posso encontrá-lo no Outro e não em alguma ideia metafísica distante.

LÉVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. Trad. José Pinto Ribeiro. Biblioteca de Filosofia Contemporânea. Lisboa: Edições 70, 2000.

MORIN, Edgar. O método, vol.1 a 6. Sintra: Publicações Europa-América, 1991-1992.

 

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