Filosofia, Inteligência Artificial e Deus
Continuamos a leitura de Peter Kreeft, agora o interlocutor de Sócrates, Peter Pragma está com urgência de resolver seu problema de profissão e procura Sócrates.
Peter começou as aulas de filosofia e o professor colocou a questão: qual a diferença entre a inteligência humana e a inteligência dos computadores, isto o remeteu a ideia de entrar na computação, estamos na página 55, ao que Sócrates indagou:
SÓCRATES: Você quer se transformar num programa de computador, você quer dizer? Pois a única coisa que entra nos computadores. É a única linguagem que os computadores entendem.
O professor lançara esta pergunta que Sócrates considera-a fácil de responder, mas Peter não quer nenhuma evasiva, e Sócrates vai direto ao ponto:
SÓCRATES: A inteligência artificial não pode fazer aquilo que a sua inteligência natural acaba de fazer.
PETER: O quê ?
SÓCRATES: Ela continua fazendo.
PETER: Oh … oh. Fazendo perguntas, é isso.
SÓCRATES: Parabéns. Você encontrou o tesouro.
Peter e Sócrates vão dialogando e percebem que a origem mesmo de sofisticados programas, como de inteligência artificial, devemos falar em “pessoas” e não apenas em máquinas.
Mas qual o princípio disto tudo? Precisamos primeiro de um programador não programado, ou de um programador que possa questionar sua programação, há uma peça inicial do dominó.
PETER: isso soa como um novo argumento para a existência de Deus.
SÓCRATES: O mesmo princípio funciona tanto num caso como no outro. É o princípio da causalidade, que diz que você não pode dar aquilo que não tem, que efeitos não podem existir sem as causas adequadas, que não pode haver menos na causa total do que no efeito. …
PETER: Eu não sei quanto a Deus. Vamos falar de algo que nós conhecemos: nós mesmos.
SÓCRATES: Algo que você conhece, talvez. Quanto a mim, eu acho o eu um mistério, do mesmo modo como acho Deus um mistério.
Peter relembrará a frase de Sócrates: “conhece-te a ti mesmo”, e dirá:
PETER: Porque é tão difícil conhecer-se a si mesmo, Sócrates?
SÓCRATES: Porque o eu é o próprio cognoscente. Como pode o sujeito tornar-se seu próprio objeto? Como pode o eu tornar-se isto ? É por isso também que eu acho Deus um mistério. O eu humano é uma imagem do Eu divino.
e continua …