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Consciência entre a epistemologia e o método

13 jan

Sabe-se no senso comum que o que chamamos de interpretação está intimamenteMetodo ligado ao método e visão de mundo que temos, mas na prática, ficamos no “é minha opinião”.
Gadamer vai mais fundo neste tema, ao colocar que “aquilo que a consciência moderna assume precisamente como ‘consciência histórica´- uma posição reflexiva com relação a tudo que é transmitido pela tradição.” (pag. 18), ou seja, “a consciência histórica já não escuta beatificamente a voz que lhe chega do passado, mas, ao refletir sobre a mesma, recoloca-a no contexto em que ela se originou, a fim de ver o significado e o valor relativos que lhe são próprios” (idem).
E sentencia: “esse comportamento reflexivo diante da tradição chama-se interpretação” (pag. 19), e explica que essa noção de interpretação“ remonta a Nietzsche, segundo o qual todos os enunciados provenientes da razão“ são suscetíveis de interpretação” (pag. 21).
Entretanto retorna a Hegel para esclarecer que “as ciências humanas possuem com as ciências da natureza, vinculo que as distingue precisamente de uma filosofia idealista: as ciências humanas possuem igualmente a pretensão de se constituir como legítimas ciências empíricas, livres de toda intrusão metafísica, e recusam toda construção filosófica da história universal (idem), e aqui entramos na questão do método.
A ideia de adotar métodos científicos das ciências da natureza, impediram que as ciências humanas tivessem procedessem a uma tomada de “consciência radical acerca de si mesmas” (idem), e pergunta ao final do parágrafo: “Porque não antes o conceito antigo, grego, de método deveria prevalecer?” (pag. 21)
Utiliza Aristóteles para explicar a questão de método: “a ideia de um método único, que se possa determinar antes mesmo de investigar a coisa, constitui uma perigosa abstração, é o próprio objeto que deve determinar o método apropriado para investiga-lo” (idem).
A tradução brasileira tem 71 páginas, é de leitura fácil e simples, e considero útil para uma introdução na obra prima de Gadamer “Verdade e Método”.
GADAMER, H.G. O problema da consciência histórica, 3ª. Edição. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

 

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