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A natureza da natureza

03 mar

Já tivemos ocasião de falar do método de Edgar Morin, em sua essência a complexidade, mas queremos penetrar no âmago daquilo que seu pensamento confronta com a modernidade: o que chamamos de natureza.
Já chamamos de natureza o domínio do homem sobre ela, o antropocentrismo julga que é o próComplexidadeximo homem a natureza, embora parte dela, a questão é o que é a natureza.
No Método I: a natureza da natureza, Morin afirma: “A inclusão do antagonismo no fulcro da unidade complexa é, sem dúvida, o mais grave atentado contra o paradigma de simplicidade, o apelo mais evidente para a elaboração dum princípio e dum método da complexidade” (Morin, 1997, pag. 140).
O problema da unidade é que o antagonismo não pode ser eliminado, por isso a simplicidade é burra, conforme desenvolve Morin: “não há organização que não determine, pelo menos a título virtual, antagonismos internos; as organizações mais complexas comportam jogos antagônicos mesmo no seu princípio e na sua atividade” (idem, pag. 140).
Começa como também o faz a fenomenologia, ao afirmar que as coisas são unicamente coisas, o que afirma entretanto é: “é doravante impossível encerrar a riqueza dos sistemas em noções simples e fechadas”, contradizendo o simplismo e o reducionismo da modernidade.
A complexidade o afirma (em itálico no original): “surge portanto no seio do uno ao mesmo tempo como: relatividade, relacionalidade, diversidade, alteridade, ambiguidade, incerteza, antagonismo, e na união destas noções que são, umas em relação as outras, complementares, concorrentes e antagônicas” (Morin, 1997, pag. 141).
E desvenda o mistério de nossa noção de natureza: “os objetos e conceitos perdem as suas virtudes aristotélicas e cartesianas: substancialidade, claridade, distinção … Mas estas virtudes eram vícios de simplificação e desnaturação “ (Morin, 1997, pag. 141).
Então o que é a natureza, é preciso ler todo o livro e sua complexidade, e não é evasiva, mas deixo uma dica da parte alta do livro: “a esfera noológica, constituída pelo conjunto de fenômenos ditos espirituais, é um universo riquíssimo que compreende ideias, teorias, filosofias, mitos, fantasmas, sonhos … as ideologias podem permanecer em latência ou desvio, num pequeno isolamento minoritário … mas, subitamente, a ruptura duma retroação negativa, ou qualquer outro acontecimento favorável, permite a sua multiplicação epidêmica” (Morin, 1997, pag. 310).
Não é conclusão, apenas uma pontuação deste post: “O imaginário está no coração ativo e organizacional da realidade social e política” (Morin, 1997, pag. 311).
Depois vai desenvolver o universo informacional, que nos interessa tematicamente.
MORIN, E. O Metodo: I-A natureza da natureza, Lisboa: Publicações Euro-américa, 1997.

 

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