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A verdade, os erros e preconceitos

05 mai

A presente época de crise da modernidade, já que pós-modernidade e outros Verdadenão são aceitos por aqueles que defendem o status quo do pensamento vigente, agora é chamada de pós-verdade ou até mesmo de pós-factual, assim fatos dependem não mais de sua “materialidade” como diz o advogado, se trataria apenas de pura interpretação.

Santo Agostinho (1997, p. 297) afirmou que  “o amor da verdade é tal, que os que amam algo diferente querem que aquilo que amam seja a verdade. Como não admitem ser enganados, detestam ser convencidos do seu erro. Assim, odeiam a verdade porque amam aquilo que supõem ser a verdade”, assim no dizer de hoje ninguém quer ser contestado, indagado ou mesmo corrigido para não permanecer no erro, eis a raiz da pós-verdade.

Nada é mais pós-verdadeiro que o preconceito e o fanatismo, e olhando para a filosofia contemporânea, é justamente pelo Outro que podemos não cair nestas supostas verdades, nada mais próprio para a conjuntura brasileira e internacional, vide França e EUA.

Platão, Aristóteles e Tomás de Aquino, embora cada um com particularidades, tinham em comum a concepção de que a verdade é a adaptação do pensamento/discurso com a realidade, ainda que de modo equivocado Platão seja visto como fora deste contexto, apresento o argumento simplista dele veio a filosofia Aristotélica, então há algo comum aí.

Tomas de Aquino afirma que há algo de imutável no intelecto divino: “A verdade do intelecto divino é imutável; ao passo que é mutável a do nosso, não porque seja sujeito a mutação, mas porque o nosso intelecto se muda da verdade para a falsidade” (AQUINO 1973, p. 175), sem o argumento teológico, podemos dizer de modo análogo: há algo de divino na verdade.

Na Bíblia, no capítulo 10 de João, ele atribuiu a Jesus a fala: “Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante”, nada mais próprio do que este argumento para dizer a verdade é ontológica, é ser, antes de ser puramente lógica, portanto deve-se discuti-la entre seres e não apenas entre argumento, deve-se estar em diálogo e não num monólogo, mesmo que grupal.

Ou seja, não basta estar em “comunidade” é preciso estar alerta ao Outro, o diferente, deste modo estamos distantes de preconceitos e fanatismos, tão comuns hoje em dia.

 

AGOSTINHO, Aurélio. Confissões. São Paulo: Paulus, 1997

AQUINO, Tomás de. Súmula contra os gentios. São Paulo: Abril cultura, 1973

 

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