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Pedagogia do ver e negatividade

06 set

Já falamos de potência aqui, a famosa categoria de “vontade de Potência” Contemplarprimeira em Nietzsche e depois em Schopenhauer, lemos em Além do Bem e do Mal §36 assim: “O mundo visto de dentro, o mundo determinado por seu ‘caráter inteligível’ – seria justamente ‘vontade de potência’, e nada mais”, no entanto, tem mais sim, pois é também Vontade de Poder.

Se Thomas de Aquino define potência dividindo em Ato e Potência, pode-se reler em Assim falou Zaratrusta deste modo: “Potência é aquilo que quer na Vontade. E o que é a potência? É um eterno dizer-SIM, e isto tem tudo a ver como nosso modo de pensar e sentir, o filósofo germano-coreano Chyul Han, vê nisto um equívoco do pensamento ocidental, no empuxo: “daquela positivação geral do mundo, tanto o homem quanto a sociedade se transformam numa máquina desempenho autista.” (HAN, 2015, p. 56).

A potência se afirma na vontade quando diz “Sim” ao devir, pois é a afirmação pura de sua própria efetivação, a alegria provém da afirmação. E o sentido é o resultado destas forças, afirmou Nietzsche em Assim falou Zaratrusta.

Mas Han para tornar sua análise precisa divide a potência em duas formas: “A potência positiva é a potência de fazer alguma coisa. A potência negativa, ao contrário, é a potência de não fazer, para falar com Nietzsche: para dizer não … distingue-se da mera impotência, a incapacidade de fazer alguma coisa.  A impotência é simplesmente o contrário da potência positiva.” (HAN, 2015, p. 57).

O raciocínio que aproxima Han de Thomas de Aquino, e a meu ver define sua ontologia já que percebo este traço em outros trabalhos seus, é o aprender a ver, explica ele: “capacitar o olho a uma atenção profunda e contemplativa, a um olhar demorado e lento.” (HAN, 2015, p. 51).

A falta de espírito falta de cultura repousaria na “incapacidade de oferecer resistência a um estímulo” afirma o coreano HAN leitor de Nietzsche, e afirma que ele nada mais faz do que propor a “revitalização da vita contemplativa.” (HAN, 2015, p. 52)

Conclui, ou praticamente conclui porque volta neste capítulo a falar da negatividade, faz uma lógica absurda se “tivéssemos a potência apenas de pensar algo, o pensamento estaria disperso numa quantidade infinita de objetos. Seria impossível fazer a reflexão (Nachdenken),pois a potência positiva, o excesso de positividade, só admite o continuar pensando (Fortdenken). (HAN, 2015, p. 58).

Thomas de Aquino, Nietzsche, de certa forma Hegel, e vários filósofos contemporâneos discutiram isto antes do mundo virtual e maquínico, mas fica para o próximo post.

HAN, B.C. A sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes , 2015.

 

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