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Conhecimento e compreensão

08 nov

Quando a informação está em nossa mente ela se torna conhecimento, mas nem sempre isto significa compreensão, repetir máximas (ditados, belas frases, etc.) não significa que temos conhecimento, porque a informação não passou pela etapa da compreensão.

Isto não é uma patologia moderna, ou simplesmente que a TV, a Internet ou algum vírus invadiu nossa mente e nos prejudicou a capacidade de conhecer, ainda que algumas pessoas possam ter dificuldades, alguém com Alzheimer ou uma criança dispersiva, porém tenho a impressão que o chamado “déficit de atenção” foi longe demais, e é um fator social que torna algo difícil de compreender, na Alemanha e a na França, há sempre um assistente social de plantão e não um médico ou farmacêutico para ministrar remédios às crianças.

Um dos problemas graves de nosso tempo, alerta Edgar Morin, é que estamos acostumamos a acreditar que pensamento e prática são compartimentos distintos da vida, ou de maneira mais grave ao pensamento já estruturado, o mundo da teoria e o da prática.

Assim para ideólogos significa que quem pensa o mundo não faz o mundo e vice-versa.

Porém se olharmos ao longo da história houve um tempo em que os sábios, eventualmente chamados de cientistas ou artistas, circulavam por diversos campos da cultura. Matemática, física, arquitetura, pintura, escultura eram matéria-prima do pensamento e da ação, também relembrou Morin em uma palestra em 2015 no Brasil, no Programa Milênio.  

A revolução industrial derrubou a ideia do saber renascentista e, desde o século 19, a especialização foi ganhando força e nos esquecemos de religar os saberes, um apelo de Morin para a educação.

Perguntado como ensinar e o que é conhecimento, Edgar Morin respondeu: “Eu proponho, no ensino, a introdução de temas fundamentais que ainda não existem. Quer dizer, proponho introduzir o tema do conhecimento, pois damos conhecimento sem nunca saber o que é o conhecimento. Mas, como todo conhecimento é uma tradução seguida de uma reconstrução, sempre existe o risco do erro, o risco de alucinações, sempre.”

Quantas nas áreas das ciências, das tecnologias e que é mais lamentável na área das patologias, nunca se viu tantas patologias, classificar as pessoas segundo patologias não é senão a forma patológica mais grave, vê-se só o mundo cinzento, não há luz e nem esperança.

Questionado sobre as ferramentas que surgiram nas últimas décadas, entre elas o mundo digital, Morin respondeu: “Antes de mais nada, é verdade que informação não é conhecimento. Conhecimento é a organização das informações. Então, estamos imersos em informações e como elas se sucedem dia a dia, de certa forma, não temos como ter consciência disso. De outra parte, os conhecimentos, como eu disse, estão dispersos. É preciso uni-los, mas falta esse pensamento complexo.”

O simplismo é a forma mais desorganizada de conhecimento, é o reducionismo, é ver a vida e os homens sem toda beleza que há neles … portanto, não é simples assim (expressão muito usada).

 

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