Aldeias Globais e Metrópoles Aldeias
Minha ainda curta experiência portuguesa já trás uma reflexão nova, uma grande cidade pode ser uma aldeia onde há algum anonimato apenas por conta de um ocidental individualismo, e há aldeias já globais, como queria McLuhan, com cidadãos globais.
A experiência de um grupo de educação a distância de Porto de Mós reflete um pouco isto, pensei encontrar alunos dispersos com olhares distantes como é quase sempre comum em São Paulo, mas encontrei alunos engajados, críticos e preocupados com a própria formação, tivemos que encerrar porque o prédio ia fechar, e nós que tínhamos ido de Lisboa precisávamos pegar o ônibus, quase perdemos.
Curioso também porque Portugal tem aldeias genuínas, não são as cidades pequenas como Porto de Mós, mas aldeias mesmo, onde as pessoas vivem de pequenas fazendas (muitas vinícolas aqui), em torno de uma vida comum mais próxima, mas seus jovens aceitam pacificamente e se intitulam como uma das alunas de Porto de Mós: “eu sou da aldeia”.
A reflexão vai então para o que perderam as cidades grandes, se tivesse que resumir diria em uma palavra relembrando Edgar Morin: “conviviabilidade”, mas penso que há algo mais profundo: a falta de sonhos, a excessiva rotulação, a preocupação equivocada com os meios de comunicação (eles ajudam as aldeias serem globais), mais principalmente uma falta de “vida vivida”.
O fato que encontra-se em Portugal, especialmente em Lisboa, uma vida de bares e cafés onde se realiza a “conviviabilidade” e uma vida de aldeias onde se está integrada a vida do mundo pelos modernos meios de comunicação, realiza uma nova fase de sociabilidade onde os valores humanos podem ser realmente vividos, mais do que pensam os teóricos da “relacionalidade” que não “convivem”.
Ainda é possível sonhar, enamorar-se, respeitar valores de ética e solidariedade, mas principalmente de vive-los, o que é essencial.