O estomago, a mente e o coração
O caminho dentro do corpo humano mais longo a percorrer é o que vai da cabeça ao coração, ou do coração ao estomago, diria que é o segundo porque passa pelo bolso.
Não pode comer quem não tem dinheiro, então os pobres descobrem que devem passar pelo bolso dos ricos para ter alguma coisa, mesmo que seja de esmola, e possam satisfazer o estomago para depois poder pensar em questões de pensamento e vida.
Mas Jesus é duro quando diz aos milhares de seguidores que o procuravam: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos” (Jo 6, 26) ficam presos a dogmas materiais e humanos, e esquecem que o espiritual é parte do problema humano, é por falta de alma e humanidade que há fome.
A prisão a dogmas da mente humana, desconhecendo tanto os sentimentos, simbolizados pelo coração, como os problemas humanos, econômicos e espirituais, negligenciam parte do homem e acabam por reduzi-lo a categorias da utilidade ou da ideia.
O complexo humano deve sere pensado e respeitado como um todo, reduzi-lo a um fragmento não só tornam os problemas insolúveis, como na maioria das vezes acabam por agravá-lo.
Lê-se na carta de Arrábida sobre a transdisciplinaridade, no preâmbulo: “a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo obscurantismo” (Carta de Arrábida, Portugal, 1994).
O obscurantismo é a ausência de diálogos e “liturgias” cada vez mais restritas no âmbito universitário levando ao problema do obscurantismo ao olhar o homem num ou noutro aspecto somente, negando-o como um todo complexo.
Nem só de pão o homem viverá, ainda que a pobreza perdure no globo, e muitos povos vivem até mesmo sem um pedaço de chão que possam chamar de pátria.