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Ignorância em tempos de ira

09 ago

A radicalização social e política, reabrindo polêmicas raciais, ideológicas e religiosas vem levando a limites de raiva e ódio que podem abrir abismos intransponíveis, mas a raiva leva a mais ignorância e maiores abismos, prometem paraísos e entregam infernos pessoais e sociais.
Isto é científico, a revista de psicologia Intelligence acaba de publicar uma pesquisa que diz que pessoas raivosas tendem a pensar que são mais inteligentes do que de fato o são, a raiva diferente de outros sentimentos negativos, está relacionada a uma ilusão de “inteligência positiva” que faz com que estas pessoas superestimem suas capacidades mentais, pensam que “os outros são donos da verdade”, quando a verdade hermenêutica surge do diálogo.
Pesquisas anteriores já haviam mostrado que a raiva é uma emoção negativa incomum, pois é frequentemente associada a traços positivos, e embora a pesquisa não afirme isto, podemos encontrar em todos tipos de fanatismos, que fechados em “bolhas” reforçam os pensamentos de convicção em geral dogmática, e desenvolvem um tipo de neurose “afirmativa”.
Filósofos e pensadores como Heidegger, Hans-Georg Gadamer e Byung-Chul Han já haviam enfatizado a importância do negativo, do contraponto, do contraditório no caso jurídico, verdades absolutas e absolutismos do mal ou do bem, criam as “ontologias imperais”, uma categoria criada por Peter Sloterdijk para explicar o ser contemporâneo.
A neurose se desenvolve numa pseudo-criatividade na qual a mesma verdade procura ser expressa de modo “mais contemporâneo” quando na verdade não abandona dogmas, fundamentalismos e fanatismos de todo tipo.
O remédio é a escuta, a busca do bom senso, e muitas vezes a única resposta possível ao raivoso é o silêncio, claro há casos positivos de explosões de indignação e repulsa de atos injustos ou imorais, mas certamente uma pessoa justa procura ouvir o “negativo” para ter certeza que está do lado justo.

 

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