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Entre a pureza e a fraternidade

31 ago

A maioria do pensamento religioso cotidiano, é que estamos imersos em uma cultura da impureza, de coisas que não são saudáveis, isto levou ao que Peter Sloterdijk chama de imunologia, a ideia que devemos nos separar de tudo que é “impuro”.
Mas este conceito pode ser ampliado para etnias, culturas xenofóbicas, endogenia, culto a determinada forma de género, entre muitas outras, também a religiosa.
Talvez a maior impureza de nosso tempo, seja justamente considerar o Outro impuro, ou indigno, ou inferior ou qualquer forma de exclusão, que nada mais é do que recusar a sair de nossa “esfera”, de nossa segurança, parte fundamental deste raciocínio é a desconfiança.
O fato que alguém pense diferente não deveria ser motivo, para considerar o pensamento e o modo de vida do Outro algo perigoso ou mesmo nocivo a nossa “cultura”, é algo novo, curioso pelo qual devemos nos interessar e tentar entender o seu modo de viver, que é sua “esfera”.
Em termos bíblicos foi isto que escreveu o evangelista Marcos, no Capitulo 7, 14-23, ao mostrar a visão do Mestre sobre o que torna de fato os homens impuros: “Escutai, todos, e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem”.
É fácil compreender quanto do raciocínio “esférico” está presente em diversas redomas de proteção, são os muros virtuais que erguemos em nossa volta e parecem dar segurança.

 

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