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Então o caminho é o método

13 set

Além da verdade histórica, oposta a hermenêutica (Shcleimacher) e do historicismo românticos (Dilthey), Gadamer trata a questão da verdade ligada tanto a religião quanto a arte, uma antecipação transdisciplinar, e quem sabe talvez seu “método” (veja nosso post anterior a questão de Ricoeur), dito desta forma:

“Uma sociedade culta que se afastou de suas tradições religiosas espera mais da arte da consciência estética e do ‘ponto de vista da arte’ do que podem produzir. O desejo romântico por uma nova mitologia … dá ao artista e à sua tarefa no mundo a consciência de uma nova consagração. Ele é algo como um “salvador secular”, pois espera-se que suas criações alcancem em pequena escala a propiciação do desastre para o qual um mundo não salvo espera” (Gadamer, 1997), é claro que a salvação aqui é a terrena (secular) e não a celeste. 

Na verdade, é o que compreendemos por história que nos faz patinar em patamares da tradição, diz Gadamer sobre a história: “Na verdade, a história não nos pertence, mas sim nós a ela”, e se é ontológica, haverá um Ser que a faz cumprir.

Explica Gadamer as dificuldades não só histórica, mas principalmente dos preconceitos ligados a tradição: “É a tirania dos preconceitos ocultos que nos faz surdos ao que nos fala na tradição.” (Gadamer, 1997)

E acrescenta sobre esta dificuldade dialógica: “Não podemos entender sem querer entender, isto é, sem querer deixar que algo seja dito … O entendimento não ocorre quando tentamos interceptar o que alguém quer nos dizer alegando que já o sabemos.”, em geral não fazemos um vazio conceitual para ouvir o outro.” (Gadamer, 1996)

Indica como colocar isto em planos práticos e reais: “o que o homem precisa não é apenas o posicionamento persistente de questões fundamentais, mas o sentido do que é viável, o que é possível, o que é correto, aqui e agora. O filósofo, deve ser aquele que dentre todas as pessoas, deve, penso eu, estar ciente desta tensão entre o que ele alega alcançar e a realidade em que se encontra.” (Gadamer, 1997)

É preciso antever (virtualmente) possibilidades, mas ser capaz de adaptá-las dentro das possibilidades reais, assim não há hermenêutica ou historicismo românticos, ambos devem ter presente as realidades e interpretá-las.

GADAMER, H.G. Verdade e Método, trad. Flavio Paulo Meurer. Rio de Janeiro, Petrobolis: 1997.

 

 

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