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Heidegger e o Poder

18 out

Embora possa se fazer uma especulação sobre a questão do poder no conceito de pre-sença que é uma resposta de Heidegger ao racionalismo, o ser-para-o-fim “não se origina primeiro de uma postura que, às vezes, acontece, mas pertence, de modo essencial, ao estar-lançado da presença, que na disposição (do humor) se desvela dessa ou daquela maneira.” (Heidegger, 2015, p. 327).

É a ideia que este ser-lançado, a presença “existe para seu fim” (idem), o para está destacado por que está na relação com o conceito para-si de Hegel, e através disto seria possível fazer a especulação do que é de fato a relação que Heidegger vê com o poder, a partir da presença.

O caminho que faremos é mais direto, porque Heidegger analisou diretamente esta questão, estudando a vontade de Poder em Nietzsche, e o eterno retorno que de modo indireto, já fizemos (post) a análise no eterno do estado e queremos aprofundar o conceito.

A afirmação que em nossos instintos estão sempre presentes as ideias de vontade de poder, eterno retorno (em alemão Ewige Wiederkehr) e super-homem (em alemão übermensch), e os dois últimos são conduzido pela vontade de poder, portanto sua categoria principal.

O ente para Nietzsche não é pensado como ser, mas como querer inerente à vontade, assim o ente que quer sempre a si mesmo de modo instável e insaciável é o que o torna, um ente metafísico do querer e não necessariamente do Ser.

Em Nietzsche é um “torna quem tu és” que vale e não o princípio socrático “conhece-te a ti mesmo” que é mais próximo do ser ontológico, e Heidegger vai propor o “confronto” que é a revisão da fundamentação originária do pensamento ocidental, em torno da essência e em sua necessidade, descrita assim: “se uma consideração mais originária sobre o ser deve se tornar necessária a partir de uma urgência histórica do homem ocidental, então esse pensamento s+o pode acontecer na confrontação com o primeiro começo do pensamento ocidental.

Essa confrontação se dá plenamente, “ela mesma permanece fechada em sua essência e necessidade, enquanto a grandeza, quer dizer, a simplicidade e a pureza da tonalidade afetiva fundamental do pensamento e a força do dizer adequado se recusarem para nós.” (Heidegger, 2015, p. 479).

Não por acaso, o brasileiro nietzschiano Oswaldo Giacóia Jr escreveu “Heidegger urgente: introdução a um novo pensar” (Três estrelas, 2013) que é um guia para leitura de Heidegger muito precisa, esclarece que Heidegger pretende reatar um pensamento ainda mais “radical e originário do que aquele que foi vivenciado na Grécia … “ (Giacóia Jr, 2013, p. 46), para corresponde à verdade do Ser como desvelamento (alétheia) diria ainda mais um retorno a sua essência.

Neste contexto o Ser, numa nova poiésis (a maneira criativa e infinita de pensar o Ser), deve antes de tudo a vontade de poder que está presente no messianismo e na mitologia de todo pensamento contemporâneo, fonte das bases autoritárias de fazer política e de sociedade.

O eterno retorno é o conceito mais frágil, não há a questão da consciência histórica nem do tempo, o que diferencia profundamente do circulo hermenêutico de Heidegger.

GIACÓIA JÚNIOR. Oswaldo. Heidegger urgente – Introdução a um novo pensar. S.P. Três Estrelas, 2013.

HEIDEGGER, M. Ser e tempo, 10a. edição, Trad. Revisada de Marcia Sá Cavalcante, Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2015.

 

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