O pensamento complexo
Nada favorece mais ao obscurantismo do que a ideia que é possível tornar o que é complexo simples, ignorar a organicidade dos problemas sociais, ecológicos e culturais e como eles se compõe, eles estão ligados.
O pensamento complexo nasce da ideia da natureza e do universo como organismos que são cada vez mais misteriosos e cuja estrutura se revela aos poucos, mediante um trabalho árduo daqueles que primeiro admitem a complexidade dos fenômenos e segundo resistem a tentação de simplificá-los imaginando que bastaria soluções e ideias simples para resolvê-los.
O próprio homem não é senão uma complexificação da natureza, concordam com isto não apenas o pensamento científico mais elaborado como também teólogos como Teilhard Chardin.
A simplificação científica chama-se reducionismo, a simplificação religiosa reducionismo, a cultural e social não tem nome específico, mas pode-se dizer que se confunde com a ignorância e o dualismo.
Esclarece Morin em Introdução ao Pensamento complexo: “a antiga patologia do pensamento dava uma vida independente aos mitos e aos deuses que criava. A patologia moderna do espírito está na hipersimplificação que a torna cega perante a complexidade do real” (Morin, 2008 p. 22).
No campo científico o explica a cegueira epistemológica: “As disputadas entre Popper, Kuhn, Lakatos, Feyerabend, etc., ignoram-se. Ora esta cegueira faz parte da nossa barbárie. Faz-nos compreender que estamos sempre na era bárbara das ideias. Estamos sempre na pré-história do espírito humano.” (Morin, 2008, p. 23).
Nada mais complexo do que reduzi-lo ao simples, como afirmava Bachelard não existe o simples, só há o simplificado, o que na maioria das vezes mutila e deforma o fenômeno, induzindo o pensamento a uma liquidez obscura.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. 5ª. ed. Lisboa: Piaget, 2008.