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A tradição e a verdade do devir

14 fev

Muito do que se prega e se vive em nossos dias é a tradição, aqui não vista como o pensamento que construiu a história da humanidade, mas apenas costumes e hábitos repetitivos e aparentemente “estáveis” que o tempo se encarregou de mudar.

É assim que a religião que deveria construir uma verdadeira ascese do devir, ou do vir-a-ser constrói laços preconceituosos e tradicionalistas que impedem o progresso da humanidade.

Não por acaso combaterem Giordano Bruno e Galileu Galilei, suas obras representavam uma mudança na visão de mundo, neste caso uma visão cosmológica, mas a cosmovisão significa antes de mais nada uma visão ampla dos fenômenos e da vida.

O mundo não muda porque pensadores que deveriam apontar para o futuro mostram apenas seus temores, sua arrogância fixa em conceitos da tradição e sua falta de criatividade.

Em uma passagem que Jesus e seus discípulos comiam espigas com as mãos e os tradicionalistas exigiam o cumprimento da lei de lavar as mãos, o Mestre mostra que as palavras destes homens não coincidiam com suas atitudes.

Diz Jesus na passagem bíblica de Marcos (Mc 7:6-8): “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”.

É neste sentido que diz o parágrafo seguinte (Mc 6, 9): “Vós sabeis muito bem como mudar os mandamentos para seguir a tradição”, e também é de certa forma este o sentido que diz o evangelista Mateus (Mt 5, 20): “Se a vossa justiça não for superior a dos escribas e fariseus, não entrareis no rei dos céus”, eis a essência da moral cristã que bem observada é universal.

 

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