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O futuro civilizatório

31 mar

Para muitos, já a Primeira Guerra Mundial constituiu o fim de uma civilização, embora a literatura muito popular na época era a coragem e o patriotismo, as mentes mais lúcidas viam o absurdo da guerra e entre eles estava Teilhard Chardin que perdeu dois irmãos e um amigo próximo Jean Boussac que seria um grande nome para a geologia francesa.

Porém Chardin acreditava no futuro, para ele existe uma “lei de complexidade e consciência”, a qual pode ser pensada nestes termos: “Perfeição espiritual (ou ´centralidade´ consciente) e síntese material (ou complexidade) nada mais são que os dois aspectos e as duas partes correlatas de um mesmo fenômeno”, assim não separa a nossa evolução histórica da espiritual.

Sua crença no futuro, foi claramente expressa numa entrevista inédita concedida a Marcel Brion em janeiro de 1952 e publicada na revista francesa “Les Nouvelles Littéraires”, nela esclarece a visão que transcende o mal e o sofrimento, acusação que era feita a ele como uma apostasia.

Nesta entrevista, afirmando que foi depois que trabalhou de maqueiro nas trincheiras da guerra, que cunhou definitivamente a palavra Noosfera: “Eu usei esse termo pela primeira vez em um dos meus primeiros ensaios sobre o Fenômeno Humano, mais ou menos em 1927, mas, efetivamente, a ideia de uma comunidade espiritual humana adjacente ao orgânico havia nascido em mim nas trincheiras: a ideia, quero dizer, de uma espécie de “megaunidade” biológica especial que constitui o invólucro pensante da terra. Essa é, para mim, a noosfera”.

Longe de uma crença na tecnização, diz Chardin: “Nem mecanização, portanto, nem identificação por fusão e perda de consciência, mas sim unificação por ultradeterminação laboriosa e amor” e esta sim poderá construir um futuro sustentável para a humanidade.

Indaga no final da entrevista: “o nascimento, ao nosso redor, de um tal ´neo-humanismo´ (ligado, no meu pensamento religioso, aos progressos da “caridade”) não é precisamente uma das características distintivas dos tempos que estamos atravessando?”

Brion, Marcel. Rencontre avec le Père Teilhard de Chardin, “Les Nouvelles Littéraires”, janeiro de 1951.

 
 

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