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Faleceu Alfredo Bosi

07 Apr

Nasci na mesma data de Alfredo Bosi, mas não no mesmo ano, ele nasceu em 26 de agosto de 1936, eu sou mais novo, foi um grande crítico literário e antecipou algumas questões, como a crítica ao eurocentrismo, e revisitou o modernismo, separando-o por exemplo, do Macunaíma de Mário de Andrade, Bosi faleceu de Covid hoje (7/4).

Ao rever Macunaíma, onde há uma “narrativa mitológica” e de fato, Macunaíma é “a multiplicidade do ser, é a fratura insanável do ´eu sou trezentos´, é enfim a instabilidade comum ao poeta e ao heroi que tem por efeito a renuncia aos modos-de-existir passados e recentes”. (BOSI, Céu, inferno, Ática, p. 206).

Descreve com maior fidelidade a intencionalidade de Mário de Andrade, ao ressaltar que Macunaíma perde a proteção de Ci Mãe do Mato e a de Vei do Sol, amulhera-se com uma portuguesa, mas nem por isso adquire identidade fixa, branca e ‘civilizada’. O seu destino, aliás, vem a ser precisamente este: não assumir nenhuma identidade constante” (BOSI, Céu, Inferno, 1988, p. 206).

Também é diferenciada e interessante a sua definição de cultura, que está no livro “Dialética da Colonização” (Bosi, Cia. das Letras, 1992), que é definida como “colo”, onde é “particípio passado é cultus e o participio futuro é culturus” (Bosi, 1992, p. 11), e também colo significou no latim “eu moro, eu ocupo a terra, e por exemplo, eu trabalho, eu cultivo o campo” (idem).

Segue afirmando que o contrário de colo é incola, “o habitante, outro é inquilinus, aquele que reside em terra alheia” (ibidem), por ultimo vai derivar daí a ideia de colonização, onde “colonus é o que cultiva uma propriedade rural em vez do seu dono, o seu feitor no sentido técnico e legal da palavra” (BOSI, 1992, p. 11).

Deixa um legado imenso que ajuda a diferenciar brasilidade de falso patriotismo ou de apologia simbólica ao “colo”.

 

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