RSS
 

Entre o natural e sobre-natural

09 abr

Não é assunto apenas religioso, o pensador e crítico literário Terry Eagleton (Salfold, Reino Unido, 1943) uniu uma não conformidade militante a uma sólida educação católica, com raízes também na crítica literária inglesa de Raymond Wiliams.

Para sintetizar em uma frase, claro toda síntese é reducionista e Eagleton merece ser lido, pode- se citá-lo: “o cristianismo e o marxismo têm um vínculo óbvio em que os dois querem ver os pobres no poder. A diferença é que isto, para a fé cristã, é um assunto escatológico, ou seja, vai além da história, enquanto o marxismo espera vê-lo realizar dentro da história da humanidade”, sim espera porque isto ainda não foi visto, os exemplos são inúmeros, e escatologia é uma visão de inicio e fim, dentro da história.

O simples fato que a comunidade cristã teria morrido não fosse o evento de Pentecostes, aos que não conhecem após a morte (e ressurreição) de Jesus, os discípulos estavam reunidos e veio entre eles o Espírito Santo (Jo 20,19-31), através do sopro que Jesus fez sobre eles.

Sem esta terceira pessoa que une está ligada às outras duas, natural e sobre-natural ficam na dualidade, apenas o natural que é o Jesus Humano (que é Deus também) e o sobre-natural (que é Deus) que ninguém viu, porém é possível senti-lo e isto requer uma presença do Espírito Santo.

A metodologia fenomenológica existe a Noesis (intuição no sentido de ligação ao objeto) porém nela se de fato for bem interpretada ocorre uma meta-nóia pois é oposta a dianóia, o pensar discursivo aquilo que a literatura atual transformou em narrativa, embora nem sempre a seja.

Assim a meta-nóia exige uma transformação interna espiritual, e isto significa mudar o modo de pensar, por isto algumas correntes da filosofia da mente adotam a noesis, porém o sentido correto é hipóstase que significa um pensar parecido ao ver, aquilo que pensamos “vendo” o objeto.

Pode-se dizer então que a filosofia é algo “de dentro para fora”, não é apenas contextual no sentido que o meio limita e forma o pensamento, ainda que exista a noema: o aspecto objetivo da experiência vivida, que dá consistência ao que é elaborado a partir dos sentidos.

O que une ambos é o pensar, o elaborar na mente a meta-nóia que exige mudar alguma coisa no pensamento e isto só é possível do epoché, recuperado do grego, o sentido husserliano do abrir- se ao novo, sem este novo não há metanóia, há apenas dianóia, discurso e narrativa.

 

Tags: , ,

Comentários estão fechados.