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A ordem, a desordem e a dialogia

17 set

Entender o processo de complexificação da natureza, significa também entender que é o homem e que significa de fato o humanismo esquecido nos esquemas tradicionais idealistas e positivistas.

Assim para Edgar Morin (2001), a questão paradigmática vai além da simples compreensão na teoria das ciências (epistemologia ou metodologia), já que envolve o questionamento dos quadros do conhecimento que temos (gnoseologia e o que pensamos ser realidade) e de modo mais profundo a ontologia (qual é a natureza da realidade), estes princípios regem o fenômeno do que conhecemos e não podem estar separados dos sistemas físicos, biológicos e antropossociológicos.

Trata-se de uma razão aberta, não um irracionalismo nem um relativismo, mas funda-se na ideia que pode se construir um saber evolutivo, complexo e dialógico, no qual a desordem é uma parte.

Os sistemas se desenvolvem em um processo de entropia, porém é a neguentropia (a negação da entropia em cada fase da evolução) que torna a auto-organização um sistema vivo e evolutivo.

Define-a como um corpo que se desenvolve e se amplia aparece a entropia, a dispersão e a crise na organização originária, porém a neguentropia significa nova auto-organização e se olharmos o homem dentro dela, dentro da natureza e em seu aspecto evolutivo retorna-se a questão de ordem sobrenatural, pois foi justamente o caminho inverso que negou esta transcendência.

Quando o repúdio ao naturalismo venceu e instalou-se, o mito humanista do homem sobrenatural constituiu-se no próprio centro da antropologia (e de todas as demais ciências) e as oposições natureza-cultura, homem-animal, cultura-natureza tomaram a forma de paradigma.

Claro que o papel do homem na natureza depende da cosmovisão, os animistas por exemplo, todas as realidades não humanas também possuem poder sobrenatural, outras sobressaem um Deus também humano como no cristianismo (criado a imagem e semelhança de Deus) e outras uma ascese que estamos numa das pontas da escala da evolução (complexidade), as religiões hindus e orientais.

No cristianismo, refletimos a semana passada a pergunta de Jesus aos discípulos, “quem dizem que eu sou?” e preparava-os para a morte, para a “desordem” de sua morte, mesmo tendo compreendido ainda os discípulos querem disputar o poder, a posição e cargos que ocupariam nas asceses, e Jesus vendo o que falavam vai dar-lhes uma sentença dura (Mc 9,35): “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”, será que hoje entenderam?.

 

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