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Reificação, objetos e sujeitos

22 set

Se por um lado é verdadeiro que há na mentalidade idealista/iluminista dominante uma completa reificação da vida (a vida que se projeta sobre a coisa, res-coisa), por outro lado a separação sujeito e objetos, cria um dualismo no qual a natureza e os objetos que fazem parte da vida são ignorados.

O assim chamado dualismo sujeito objeto é explicitado por Edgar Morin da seguinte forma: “o conceito de sistema só pode ser construído na e pala transacção objeto/sujeito, e não na eliminação de um pelo outro.” (MORIN, 1977, p. 136).

Morin vai explicar que tanto o “realismo ingênuo” como o “nominalismo ingênuo” (correntes antagônicas desde o período medieval) eliminam o sujeito, no nominalismo o sistema ideal é aquele que não tem o sujeito, e no realismo o objeto ideal é o sistema.

Mas o objeto “quer seja ´real´ ou ideal, é também um objeto que depende dum sujeito” (Morin, idem), e pela via sistêmica “o observador, excluído da ciência clássica, o sujeito, despido e lançado para as latas do lixo da metafísica, regressam ao fulcro da physis” (MORIN, ibidem).

Morin observa que observador e a physis (a Natureza, com N) ficam confinados em termos de um sistema, e propõe uma nova totalidade sistêmica “se constitui associando o sistema-observador e i observador-sistema pode, a partir daí, tornar-se um metassistema em relação a um e outro, se for possível encontrar o metaponto de vista, que permita observar o conjunto constituído pelo observador e sua observação” (MORIN, 1977, p. 137).

Explica que pode-se numa visão simplificadora máxima, reduzir tanto a importância do observador como a da physis, “criando um suprassistema, cuja teoria revela os sistemas fenomênicos autônomos”, é bom esclarecere aqui que não se trata da fenomenologia e sim de um “suprassistema” que tem característica de um fenômeno autônomo, não é a redução eidética.

O segundo sentido do metaponto de vista, “acentua-se o caráter ideológico, cultural e social do sistema teórico (a teoria dos sistemas) onde se inscrever a concepção dum sistema físico” (idem).

Não podemos fugir nesta elaboração do problema epistemológico-chave: “a articulação sistêmica que se estabelece entre o universo antropossocial e o universo físico, via conceito de sistema, sugere-nos que um carácter organizacional é fundamentalmente comum a todos sistemas” (MORIN, 1977, p. 137).

Embora se fale da vida vinculada aos objetos, em filosofia da reificação (ou coisificação) da vida, a mentalidade dualista de separação entre sujeitos e objetos cristaliza e vivificada isto no dia-a-dia.

MORIN, E. A natureza da NATUREZA. Lisboa PUBLICAÇÕES EUROPA-AMÉRICA, LDA., 1977

 

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