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Uma abordagem diferente da desigualdade

05 out

Falar de pessoas simples e com sabedoria não pode excluir também as pessoas simples que são pobres.

Em setembro foi publicado no Brasil o livro de Abhijit V. Baneriee e Esther Doflo que procuram compreender os problemas específicos que surgem a partir da pobreza e encontrar soluções em torno das opções que as pessoas nestas condições fazem.

Foram a aldeias, às favelas e fizeram perguntas, recolheram dados e ouviram história, A economia dos pobres (Zahar, 2021) procura apresentar uma narrativa coerente com as histórias e opções de pessoas que em situação de extrema pobreza fazem para sair da condição que estão, pode parecer pequeno ou sem sentido, mas isto restaura a dignidade humana e o direito de opção destas pessoas.

As políticas governamentais e ações solidárias fracassam, conforme pensam os autores, por se fundamentarem em clichês e suposições equivocadas, a pior delas é considerá-las inferiores.

Mudar as expectativas e os pré-conceitos sobre estas pessoas não é tarefa simples, os exemplos concretos e experiências de sucesso feitas com paciência e boa vontade para aprender com estas pessoas, pode-se fazer progressos mais significativos no combate à pobreza.

Em 2019 junto com Esther Duflo e Michael Kremer, Abhijit recebeu o Prêmio Nobel de Economia, e abordaram em outra obra também com Esther Duflo a “Boa economia para tempos difíceis” (Zahar, 2020) onde além de desigualdade, trata de problemas como desaceleração do crescimento, mudança climática, automação do trabalho, distribuição de renda e inteligência artificial.

Thomas Pickety, autor consagrado por atualizar a questão do Capital para nosso tempo, disse sobre estes autores: “Nem todos os economistas usam gravata e pensam como banqueiros. Banerjee e Duflo destrincham novas pesquisas, questionam as visões convencionais sobre temas que vão do comércio à tributação de altas rendas e mobilidade social e oferecem caminhos para enfrentá-los.”

Vale a pena olhar para esta nova perspectiva, ainda pouco conhecida no Brasil.

 

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