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Amar os inimigos e evitar as guerras

18 fev

Falamos na semana passada de como a fome, as pestes e as guerras tinham estreita correlação, no post de ontem demonstramos como foi a “divisão” da Europa no pós-guerra, aparecem logo abaixo os primeiros países do norte da África que estavam sob domínio a França (Líbia e Tunísia) e da Espanha (Marrocos), e discorremos sobre as guerras que ainda hoje ocorrem lá devido a mineração de fosfato.

Praticamente toda África era colonial, exceto a Libéria e a Etiópia, este último que é manchete até hoje de fomes e guerras junta-se a ele agora a Somália, que foi colônia italiana, no pós-guerra a influência russa nas lutas de libertação aumentaram a influência em diversas regiões, como Angola, Moçambique e Guiné Bissau, mas praticamente toda a África entra neste processo de ebulição, e as forças aliadas que haviam formado a Organização das Nações Unidas, o Japão vencido na guerra teve que reconhecer a independência da Coréia (até então unificadas) e a concessão das ilhas Curilhas para a União Soviética, mas que recentemente alimentaram a tensão entre a Rússia e o Japão.

Assim as Nações Unidas não foram capazes de promover a independência sem grandes e sangrentas guerras na África, algumas ainda persistem, a descolonização é apenas uma nova maneira de dependência, assim como na América a dependência das lutas ideológicas, estas culturais e internas, nunca permitiram uma real paz e fim da guerra fria.

A queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, com vários países se tornando independentes e voltando a sua cultura original, é mera ilusão achar que elas são soterradas pelas ideologias, parecia fazer surgir um mundo onde a diversidade política, cultural e religiosa seria tolerada, embora a tensão árabe nunca tenha acontecido, a primavera árabe foi um alento, mas as forças que continuam vivas dentro destas nações ainda atuam de forma vigorosa, veja-se tensões na Líbia, no Congo, no Saara e muitas outras, também a América Latina vive uma polarização ora para um lado ora para outro.

A força econômica e política que a China ganhou, as novas influencias geopolíticas da Rússia, a tensão hemisférico norte e sul pobre, as crises das democracias tudo isto parecem acelerar um processo de estabelecimento de uma Nova Ordem Mundial, algumas correntes mais fatalistas a chamam pela sigla NOM, porém de fato tudo isto é só a ebulição de questões que o pós-guerra não resolveu, as Nações Unidas ainda não são aquilo que prometeram ser um real “concerto de nações” que vivam em paz e negociem os conflitos.

Assim vivemos uma tensão bipolar em vários sentidos, norte-sul (foto), colônias e colonizadores, tensão ideológicas que atuam hoje mais internamente do que externamente, e uma pandemia que acelerou todo este processo, se o mundo poderia ser polarizado poderia ser unipolar, há uma perspectiva positiva que seria o real “concerto de nações” e outra ruim que é a polarização em um dos perversos fatores que já atuaram sobre a humanidade.

Como conviver com diferenças culturais e políticas tão grandes, não basta um princípio de amizade ou de paz sempre ameaçada, é preciso aceitar e defender a diversidade, ultrapassar o conceito de “inimigo” dentro da forma de ódio e intolerância (escrevemos vários posts para explicar isto), aquilo que em termos da cultura cristã é chamado de “amar o inimigo”, diz a leitura Lc 6,27-28: “A vós, que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam”, em outras palavras nem unipolar nem bipolar, mas um mundo multipolar.

 

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